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Poster polêmico de turnê do Dead Kennedys não foi autorizado pela banda

Publicado em: 23/04/2019 09:36 | Atualizado em: 23/04/2019 09:38

Foto: Reprodução da Internet e Cristiano Suarez/Divulgação

O grupo norte-americano Dead Kennedys afirmou na noite desta segunda-feira (22) que o pôster feito pelo alagoano Cristiano Suarez, divulgado para promover os quatro shows da banda no Brasil, não foi autorizado pelos integrantes da banda. A nota oficial aponta, ainda, que a imagem não reflete o posicionamento do grupo. A produtora EV7, que está trazendo o grupo para o país, retirou a imagem do ar.

"Ficamos sabendo que um pôster foi divulgado para promover os próximos shows da banda no Brasil. O pôster foi divulgado pelo promotor dos shows sem o conhecimento do Dead Kennedys e não é autorizado. Dead Kennedys é uma banda de punk americana conhecida por suas declarações políticas e tem um posicionamento forte antifascismo e antiviolência", diz a nota, que foi apagada 50 minutos depois da publicação.

"Porém, a banda sente que não pode presumir conhecimento suficiente sobre situações de outros países para entrar em suas políticas específicas. O pôster não reflete uma posição ou declaração política do Dead Kennedys. A mensagem básica da banda tem sido - e ainda é - pedir para que as pessoas pensem por si e não dizer o que elas devem pensar", completa.

O desenho, feito por Cristiano Suarez, mostra o que parece ser uma família com camisas da seleção brasileira (com o escudo trocado por uma cruz), com maquiagem de palhaço. Um dos filhos diz: "eu amo o cheiro de pobre morto pela manhã!". A ilustração também apresenta tanques de guerra disparando bandeiras com cifrão, simbolizando o neoliberalismo selvagem. As situações foram lidas como uma sátira ao presidente do país, Jair Bolsonaro, e seus apoiadores.

Em entrevista ao Uol, concedida antes do Dead Kennedys divulgar sua respectiva nota, o desenhista Cristiano Suarez afirmou que a arte não é uma crítica explícita ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. "O 'bozo' é uma alfinetada, mas eu queria mais criticar o estereótipo da classe média brasileira, que adotou a cultura do armamentismo, que louva armas e acha que é possível resolver tudo na base da bala, que acha que o exército deve cuidar da segurança pública", afirmou ele.

O artista, que já trabalhou para nomes como L7 e Pennywise, destacou que a ideia era resumir o espírito irônico do Dead Kennedys, que já fez críticas tanto contra a cultura conservadora dos Estados Unidos quanto contra o comunismo. Ainda segundo ele, a música "Kill The Poor" foi a grande inspiração para a imagem.

Também antes da nota do Dead Kennedys, ao site G1, o produtor de eventos e dono da EV7 Live, Eliel Vieira, disse que a banda se espantou com a viralização da arte. "A banda não deu palpite em relação ao pôster. Eles até ficaram um pouco assustados com a repercussão muito forte. O pessoal ficou falando que eles estavam criticando o presidente e tal. Receberam isso até com bastante susto", disse.

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