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Clube de Leitura no Recife promove empoderamento feminino

Publicado em: 24/04/2019 15:13 | Atualizado em: 24/04/2019 15:40

Foto: Bruna Costa/Esp.DP FOTO

Amigas há 20 anos, Anita Presbitero e Luciana Seabra sempre compartilharam da paixão pela literatura. A troca de experiências sobre as obras fortaleceu a relação e motivou a ideia da criação do Floriterárias, um clube de leitura exclusivamente voltado ao público feminino. O grupo promove às 14h deste sábado, em Olinda, no Ateliê Arte Machê Café (Rua São Bento, 90, Varadouro), o 34º encontro, uma edição comemorat iva de três anos de fundação.

“Quando estamos entre nós, mulheres, as ideias f luem mais facilmente, nos sentimos mais seguras e fortalecidas para falar e debater sobre qualquer assunto”, ressalta Anita. O clube realiza leituras mensais de livros de diferentes gêneros literários, de autoras e autores locais, nacionais e estrangeiros. No início, a socialização do conteúdo era via WhatsApp, rede pela qual o grupo cresceu e se difundiu entre amigas e conhecidas do Recife, além de residentes de outras cidades do país e até do exterior. Com o sucesso do projeto, os encontros passaram a ser presenciais, em um rodízio nas casas das integrantes, com as mais distantes participando por videochamada.

Depois disso, as mediadoras começaram a divulgar o projeto através de redes sociais e imprensa, atraindo mulheres com uma pluralidade de pensamentos. “Começamos a contar com pessoas de diferentes religiões, posicionamento político, idade, profissão e sexualidade, e nos tornamos o primeiro clube de leitura formado inteiramente por mulheres”, comemora Anita.

Hoje, o clube se reúne em locais públicos e itinerantes, como cafés, livrarias, sebos, bibliotecas e espaços culturais, atraindo uma média de 20 mulheres por encontro. Ao todo, mais de 130 já participaram. “A beleza desse grupo é a diversidade, a empatia e o respeito. Através de um único livro, podemos trocar inúmeras experiências, conhecer umas às outras e nos conhecer”, explica Luciana. “Independente do tema, sempre puxamos para as nossas questões enquanto mulher.”

Foto: Bruna Costa/Esp.DP FOTO


Para elas, o mais importante é criar um ambiente seguro e saudável, garantindo um lugar de fala, troca e escuta. “É muito bom poder falar o que se pensa e ser escutada sem sua voz ser calada ou interrompida. Há um aprendizado muito grande entre nós, de construção e desconstrução de pensamentos. E a leitura acaba sendo base para se fortalecer. Isso faz com que a gente possa ter uma nova perspectiva da literatura”, explica Luciana.

Em tempos de crise no mercado editorial, o grupo busca resgatar o hábito da leitura e incentivar a criação de espaços literários. “É gratificante ver mulheres que não conseguiam ler um livro inteiro se tornando leitoras vorazes, com cantinho da leitura em casa e sendo consumidoras frequentes de livrarias e sebos”, diz Luciana. Os livros discutidos nos encontros são escolhidos pelas mediadoras com a preocupação de ser acessível financeiramente para todas, com cuidado também de alternar sempre o gênero literário e dos autores. Além dos debates realizados no círculo feminino, também são promovidos encontros com autores das obras estudadas. Luzilá Gonçalves Ferreira, Raimundo Carrero, Samarone Lima, Cícero Belmar, Patrícia Vasconcelos e Odailta Alves foram alguns dos convidados.

A obra selecionada para celebrar o aniversário de três anos do clube foi Maria Bonita - Sexo, violência e mulheres no cangaço (Editora Objetiva), biografia escrita pela paulistana Adriana Negreiros. A narrativa apresenta uma nova perspectiva das mulheres que viviam no cangaço, sem romantismo e sem o protagonismo de Lampião. A obra está à venda na Livraria Vozes (Rua do Príncipe, 482, Boa Vista), com 20% desconto para as mulheres interessadas em integrar o Floriterárias. Em maio, o grupo se prepara para conhecer a obra do poeta recifense Miró da Muribeca.

SERVIÇO
34º Encontro do Clube de Leitura Floriterárias
Quando: sábado, às 14hs
Onde: Ateliê Arte Machê Café (Rua São Bento, n° 90, Varadouro, Olinda)
Quanto: gratuito

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