Música

Psicodelia pop e viola caipira se encontram em álbum do recifense Feiticeiro Julião

Publicado em: 23/03/2019 18:20

Foto: Juvenil Silva/Divulgação

“Não tenho trato para ser um funcionário / Não tenho saco para ser um artista no armário”, canta Feiticeiro Julião em Atlântida, uma das oito faixas que compõem o álbum Feitiço de viola, o segundo de sua carreira. “É uma resposta a um grupo político que está promovendo o que chamo de ‘vagabundização do artista’, que fica nos mandando ‘ir para Cuba’ e essa coisa toda”, diz o recifense de 30 anos, em entrevista ao Viver. Ele fará show de lançamento do disco neste sábado (23), a partir das 16h, no Jambo Azul (Rua Bispo Cardoso Ayres, 481, Soledade). Os ingressos custam R$ 15.

Basta um olhar sintético para perceber que, realmente, o cantor não tem medo de abraçar o arquétipo do artista "diferentão" ou "alterna", usando do léxico da internet. Sua excentricidade está presente na barbicha avantajada, maquiagens e vestes. Foi para ter essa liberdade performática que Júlio Lima criou esse personagem ilusionista em 2011, quando decidiu que viveria de música. "Sempre fui interessado em me mexer mais no palco, como o Johnny Hooker e Otto, para citar artistas pernambucanos", admite.

Essa permissividade criativa também aparece no fator mais importante: as canções do novo disco. Feitiço de viola soa como um encontro da psicodelia pop consagrada pelo Sgt. peppers (1967), dos Beatles, com a viola caipira. “Sou meio místico mesmo, acredito em forças não-materiais, espirituais e procuro transpassar isso nas músicas”. Julião lançou seu primeiro projeto de estúdio, intitulado Mácula, em 2014. Era um álbum instrumental, para quem "entende de música", como ele mesmo define. Agora, opta por apostar em algo mais abrangente e de "fácil degustação".

"Pensei em um aspecto com letras, vozes e melodias fáceis, até resumidas e simplificadas. Menos intelectualizado e mais popular. É como uma volta às origens". A produção e os arranjos foram de Julião, com participação de Alexandre Barros (percussão), Jade Martins (violino), Pierre Leite (teclado) e Clayton Barros (vocal na música Cutuca caboclo). O álbum foi composto durante a estadia de Júlio em São Paulo, somando experiências dessa fase com episódios de viagens pela estrada, paixões e encantamentos.

Mantra térmico, por exemplo, aborda a solidão do cotidiano na capital paulista, um sentimento de “forasteiro”. Índia na fronteira é uma doce canção romântica em que a viola se confunde com a cítara, instrumento comum da música psicodélica. Essas e todas as outras músicas estarão no repertório do show de sábado, com participação de Publius, Marilia Parente e Fred Caiçara.

Ouça Atlântida:

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