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'Quartas Histórias' resgata tradição da oralidade africana no Xambá

Nesta edição é a vez da Tia Gogó do Xambá falar sobre o Tio Luiz, grande personalidade da identidade do quilombo urbano, a partir das 18h

Publicado: 05/02/2019 às 23:40

O Terreiro do Xambá, fundado em 1930, foi alvo da repressão contra a religiosidade de matriz africana. Alcione Ferreira DPD.A Press/

O Terreiro do Xambá, fundado em 1930, foi alvo da repressão contra a religiosidade de matriz africana. Alcione Ferreira DPD.A Press/

O Terreiro do Xambá, fundado em 1930, foi alvo da repressão contra a religiosidade de matriz africana. Alcione Ferreira DPD.A Press
Na noite desta quarta-feira (06), a comunidade do Xambá, em Olinda, realizará o projeto Quartas Histórias, que tem a intenção de reacender a memória quilombola e levantar as discussões acerca da ancestralidade e da cultura afro-brasileira. Nesta edição é a vez da Tia Gogó do Xambá falar sobre o Tio Luiz, grande personalidade da identidade do quilombo urbano. O percussionista Lucas dos Prazeres e a Orquestra Beberibe também irão se apresentar no evento que começa às 18h. 

Resgatar a tradição da oralidade nas praças. Este é o objetivo do projeto promovido pelo Centro Cultural Grupo Bongar Nação Xambá, que leva para as ruas a vivência didática herdada pelos povos africanos. Ele foi pensado para retomar o costume de aos locais públicos e vivenciar a educação em roda, comum na África. A ideia é que um morador mais antigo vá até a praça para contar uma história que vivenciou. Tio Luiz, falecido em 1996, era sapateiro conhecido, irmão de Mãe Biu (grande líder quilombola) e filho de Xangô. O homem gostava de contar muitas histórias interessantes. Algumas eram verdades e outras bem mentirosas. Muitas músicas do grupo Bongar foram inspiradas nos contos dele, que morava na comunidade e tinha uma sapataria onde hoje fica o Terminal Integrado do Xambá. 
 
Tia Gogó cresceu na comunidade e conheceu bem o senhor das histórias incríveis. Ela tem 60 anos, é filha de Iemanjá e criadora do Côco Miudinho da Xambá. Hoje, uma das referências na militância negra e mobilizadora das atividades no Centro Cultural da comunidade, que celebra três anos de existência no evento. 

Guitinho do Xambá é músico do grupo Bongar e filho de Tia Gogó. Foto: Carolina Braga/Esp. DP/D.A Press
"A gente busca realizar na Xambá ações para promover a aplicação dos conhecimentos afro-brasileiros”, explica Guitinho, músico do grupo Bongar. “É preciso levar os ensinamentos para a grade curricular das escolas e também para as ruas para promover a diversidade. A partir do momento que a gente constrói o discurso de que temos que tirar as crianças das ruas porque elas não oferecem nada, estamos impossibilitando os nossos jovens de aprender. Precisamos repensar e justamente uma forma de trazê-las de volta. É isso que estamos fazendo”, acrescenta. 

O evento será iniciado pelo sacerdote Pai Ivo de Xambá. Foto: Bruna Monteiro DP/D.A Press
O terreiro de Xambá é conhecido como o primeiro quilombo urbano do norte e nordeste e o primeiro também a ser reconhecido como patrimônio vivo. Na década de 1930 ele foi alvo da repressão do estado que proibiu os cultos de matriz africana. Foi reativado apenas em 1950 por Mãe Biu. O legado dela é perpetuado até os dias atuais pelos descendentes e seguidores. Encerrando as atividades, haverá um grande cortejo pelas ruas da comunidade com a Orquestra Beberibe, a partir das 20h30. 

Confira a programação 

18h - Abertura com o babalorixá  Ivo da Xambá. 

18h20 - Contação de História com a Tia Gogó 

18h40 - Contos Africanos com Lúcia dos Prazeres

19h - Apresentação do percussionista Lucas dos Prazeres.  

20h - Arrastão do frevo com a Orquestra Beberibe. 


Serviço 
Quartas Histórias na Comunidade do Xambá 
Quando: 05/02/2019
Horário: 18h 
Informações: 3499.2021

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