Literatura

Cepe lança três livros dedicados ao carnaval pernambucano no Paço do Frevo

Obras abordam as seguintes temáticas: história do carnaval do Recife, biografia do compositor J. Michiles e passo a passo para aprender frevo-canção

Publicado em: 20/02/2019 13:21 | Atualizado em: 20/02/2019 15:05

As publicações analisam a folia momesca em diferentes perspectivas e enriquecem a gama de conteúdo existente na temática. Foto: Paulo Paiva/DP


A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lançará três livros dedicados ao carnaval pernambucano neste sábado (23), às 15h, no Paço do Frevo, no Bairro do Recife. Tratam-se de publicações que analisam a folia momesca em diferentes perspectivas e enriquecem a gama de conteúdo existente na temática. Os livros são: Carnaval do Recife (2ª edição), do historiador Leonardo Dantas Silva, José Michiles - Recife, manhã de sol, biografia escrita pelo jornalista Carlos Eduardo Amaral, e Arranjando frevo-canção, organizado pelo Maestro Marcos FM, com uma abordagem didática sobre o gênero.

HISTÓRIA DO CARNAVAL
Foto: Cepe/Divulgação
O primeiro livro citado é uma referência sobre a história do carnaval da capital pernambucana desde 2000, ano em que a primeira versão foi publicada como resultado de uma série de pesquisas realizadas desde 1966. Agora, chega às prateleiras em uma nova edição revisitada e ampliada (426 páginas, 200 a mais). É uma investigação baseada em pesquisas em escritos históricos e arquivos de imprensa, partindo de 1553 e chegando até 2018.

Dantas Silva detalha o surgimento da festa na cidade com o entrudo - prática de jogar água e misturas líquidas nas pessoas, também conhecida como mela-mela. Em linha cronológica, traz registros sobre os primeiros bailes de máscaras, clubes carnavalescos, cortejos de reis negros que passaram a ser reconhecidos como maracatu, blocos e tantas outras manifestações, além de fantasias populares e o Galo da Madrugada, chegando até o episódio no qual o frevo foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. “É praticamente um outro livro”, diz o historiador, em entrevista ao Viver.

Além de novos fatos históricos incorporados ao texto, a nova edição tem destaque para uma conclusão intitulada E findou-se o nosso carnaval. "Desde que surgiu o carnaval multicultural, com shows de diversos artistas do país inteiro em palcos espalhados, a força dos clubes caiu. O carnaval de salão perdeu muita força, assim como as grandes orquestras”, resume o escritor, que enxerga os blocos e os shows de palco como protagonistas do carnaval atual.

O COMPOSITOR
Foto: Cepe/Divulgação
Escrito pelo jornalista, pesquisador e crítico musical Carlos Eduardo Amaral, a biografia José Michiles - Recife, manhã de sol faz parte da coleção Frevo, memória viva, criada pela Cepe com o objetivo de registrar importantes nomes da história do carnaval, como maestros, músicos e compositores. O mesmo autor também ficou responsável pelas edições de Getúlio Cavalcanti, Maestro Duda e Maestro Formiga. Além de esmiuçar a vida de J. Michiles, o lançamento traz uma tabela de canções, discos e muitas notas de rodapé. Entre seus sucessos, estão faixas como Bom demais, Queimando a massa, Diabo louro e Me segura senão eu caio, gravados por nomes como Alceu Valença e Elba Ramalho.

"Cada biografia teve um processo de realização diferente e eu sempre faço um link entre a trajetória profissional de cada um e a própria história do frevo. No caso de Michiles, sua história se confunde com a do frevo-canção em especial, desde então com contribuições especiais no universo no frevo de bloco", conta Carlos Eduardo. "Também foi a biografia que mais rendeu depoimentos emotivos. Ele gosta muito de falar e tem uma memória muito boa, sempre me respondia com toda a franqueza e detalhismo".

"Fico muito feliz de ver minha história contada em um livro escrito por um excelente jornalista como Carlos. Ele dissertou de uma forma que resgatou até mesmo detalhes que eu não lembrava mais", conta J. Michiles, homenageado do carnaval do Recife em 2018 ao lado de Nena Queiroga. Ele vê no lançamento das obras uma oportunidade de divulgar o frevo, o ritmo “mais representativo” de Pernambuco. "Precisamos muito desse diálogo, dessa participação das instituições para ressaltar a nossa relevância cultural. Somos donos de uma cultura que nenhuma outra terra tem”, destaca o compositor.

O FREVO-CANÇÃO
Foto: Cepe/Divulgação
Arranjando frevo-canção - Dicas úteis para orquestras de diferentes formações foi elaborado pelo Maestro Marcos FM. É o segundo número da série Arranjando frevo, que tem a proposta de organizar conteúdos programáticos para quem deseja aprender a executar o ritmo. O primeiro volume (2017) tinha enfoque no frevo de rua. “Nesse novo número, mostro o passo a passo de como escrever um arranjo como orquestra de frevo acompanhado por um cantor ou uma cantora”, explica Marcos.

A ideia para a série surgiu em 2017, quando o frevo completou 110 anos. De acordo com o músico, não existiam livros como esses no mercado. “Muitas pessoas estavam tendo que estudar em livros de outras manifestações culturais, como jazz e samba. Fui para a Cepe com a proposta de lançar três volumes: um primeiro sobre frevo de rua, esse atual de frevo-canção e um último sobre frevo de bloco, ainda sem previsão de lançamento.”

Marcos também conta que o primeiro livro já está sendo usado por professores do Conservatório Pernambucano de Música e em outros estados do país, a exemplo da Escola de Música de Brasília, no Distrito Federal. O prefácio do segundo, inclusive, é assinado pelo doutor em música e professor do CPM Climério de Oliveira Santos, que destaca a importância da iniciativa. “A Cepe está conseguindo vender para o país inteiro, existe uma curiosidade em torno de como se faz o frevo, porque é um ritmo complexo. Naturalmente, também existe um anseio pelo segundo volume”, finaliza FM. 

SERVIÇO
Lançamento de três livros da Cepe sobre carnaval
Quando: sábado (23), a partir das 15h
Onde: Paço do Frevo (Rua da Guia, s/n, Bairro do Recife)
Quanto: Entrada gratuita

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