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Rapper pernambucano Schnneider faz 'degradê musical' em EP

Primeiro projeto autoral do rapaz de 22 anos, natural de Olinda, conta com colaborações de Bex, Makalister e Wannder

Publicado em: 22/01/2019 17:03 | Atualizado em: 22/01/2019 19:05

Marco Aurélio Cordeiro participa de batalhas de rima desde 2012. Foto: Thalyta Tavares/Divulgação
O rapper pernambucano Schnneider lançou, em dezembro do ano passado, o EP Degradê, seu primeiro projeto autoral. Como propõe o título, o repertório tem a intenção de apresentar ao ouvinte uma espécie de "degradê musical". De início, as faixas são mais leves - tanto no ritmo quanto nas composições. Ao longo da audição, no entanto, as músicas vão ganhando um teor mais pesado e agressivo. O extended play foi concebido na Outra Vibe Records, gravadora localizada no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife. HTPP, Sativo e Kerda L.A assinam a produção musical. 

Marco Aurélio Cordeiro (nome de batismo), natural do bairro de Águas Compridas, em Olinda, teve a ideia para a temática do EP enquanto trabalhava como barbeiro. "Na época, o degradê era o corte masculino que estava na moda. Senti vontade de explorar mais essa prática e acabei entendendo que ela se trata de uma transição de algo sem intervalos. Quis trazer isso para a música, criando um degradê sonoro e emocional", conta Schnneider, 22, que participa de batalhas de rimas desde 2012 e vem participando de eventos musicais há quase três anos. Durante sua carreira, dividiu palco com nomes do rap como Diomedes Chinaski (PE), Vandal, (BA) e Edgar (SP).

Foto: Thalyta Tavares/Divulgação
Em linhas gerais, o novo projeto explora o lado mais introspectivo do intérprete, com temáticas e ideias que ele "não consegue expressar no dia a dia". O EP começa com a existencial Paradoxo, em parceria com Bex (RB) e Makalister (SC). O conteúdo vai ganhando mais entonação com Degradê (parceria com Wannder), uma faixa homônima que mescla mescla batidas sintéticas com um solo de guitarra do olindense Arthur Miranda, amigo de infância de Marco. De teor romântico, a composição conta um refrão bastante convidativo. "Olhe para o céu / Nem chuva caí / Vem dançar no luar", diz um dos trechos.

Em Horcrux (participação de Gustto), uma das faixas mais interessantes, o rapper exibe uma letra cheia de referências ao universo de Harry Potter - na saga, "horcruxes" são objetos em que os bruxos podem guardar partes da alma, assim alcançando a imortalidade. "Minha alma vaga enquanto sonho, reúno o mal e o bem enquanto componho", diz a letra. Em Convexo, a faixa mais sombria, Schnneider aposta em um flow diferente, mais lento e com sotaque acentuado. Cumprindo a promessa da proposta, Humano encerra o EP com batidas eletrônicas mais agitadas e uma letra mais energética.

"Acho que, no fim das contas, tenho transmitir que somos um degradê, pois estamos em constantes mudanças, sem pausas. Nosso dia pode começar bom e terminar ruim. Estamos expostos a uma degradê emocional no cotidiano", diz o artista. Sobre uma nova cena do rap que tem conquistado espaço através da cultura digital, o rapaz ressalta que é importante que sejam ouvidas as vozes provenientes da periferia. "O rap é a plataforma para muitas pessoas, sobretudo os negros. E que isso venha crescendo cada vez mais para que possamos ampliar a visão transmitida pelo ritmo".

A capa do EP foi feita por Lázaro Carpe, conhecido na cena do rap pernambucano. Foto: Lázaro Carpe/Divulgação

Degradê está disponível em plataformas digitais como Spotify, Deezer e YouTube. 

Ouça o EP:

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