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Documentário exibido no Recife mostra que carreira diplomática tem baixa representação feminina

Exteriores - Mulheres na Diplomacia terá sessão no Cinema Fundação Joaquim Nabuco, unidade Derby

Publicado em: 14/01/2019 11:45 | Atualizado em: 14/01/2019 11:46

Obra foi produzid pelo Grupo de Mulheres Diplomatas em parceria com a Argonautas Filmes. Foto: Divulgação

A luta contra o preconceito diário, a difícil realidade da população feminina e a baixa representatividade. Esses são alguns dos pontos retratados no documentário Exteriores - Mulheres na diplomacia. Com roteiro de Ana Beatriz Nogueira e direção de Ivana Diniz, a produção aborda fatos marcantes da presença feminina no Ministério das Relações Exteriores, apresentados através de uma série de dados históricos, relatos biográficos, imagens, arquivos e depoimentos de mulheres como Maria José de Castro Rebello Mendes, a primeira diplomata brasileira, e de Mônica Menezes Campos, primeira negra a alcançar o posto, no ano de 1978. Produzida pelo Grupo de Mulheres Diplomatas em parceria com a Argonautas Filmes, a obra será exibida nesta segunda-feira (14), na Fundação Joaquim Nabuco, unidade Derby (Rua Henrique Dias, 609), a partir das 19h30. 

De acordo com números apresentados na produção, mesmo após completar cem anos do ingresso da primeira mulher no Ministério das Relações Exteriores, o universo diplomático no Brasil ainda é dominado por homens. Segundo dados do documentário, apesar de em 2017 o concurso de admissão à carreira diplomática ter recebido um número recorde de aprovações, a presença feminina na esfera da diplomacia no país é de apenas 23%, percentual considerado extremamente baixo. 

À frente da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB), a pernambucana Vitória Cleaver, de 74 anos, uma das 360 mulheres que atualmente compõem o corpo diplomático do Brasil, é uma das personagens do documentário. Natural do Recife, a diplomata se formou em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e ingressou nos estudos direcionados para o concurso do Instituto Rio Branco (Escola Diplomática do Brasil), onde foi aprovada em 1971. A embaixadora, que atua no Itamaraty há 50 anos, já prestou serviços em Manágua, na Nicarágua, em Hanói, no Vietnã, em Zurique, na Suíça, além de outras localidades como Londres, Tóquio, Buenos Aires, Assunção e Quito.

“Quando ingressei no Itamaraty, a esfera diplomática contava com 6,6% de mulheres. Quase 50 anos depois, elas representam 23% dos diplomatas. Trata-se de um retrato de mercado que ainda requer muitos avanços”, afirma Cleaver. Segundo a diplomata, na América Latina e no Caribe, por exemplo, 52% das mulheres participam desse mercado e, dessas, 60% estão empregadas informalmente. “Tais estatísticas nos mostram que persistem gargalos a serem superados para alcançar a igualdade de gênero em todo o mundo”, avalia. “Vale a pena lembrar que, somente após a entrada em vigor da Constituição de 1988, as mulheres diplomatas passaram a desempenhar suas funções sob a égide da igualdade jurídica entre os sexos. A desejada paridade ainda não foi alcançada e a luta deverá continuar por muitos anos”, conclui.
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