Cinema

Crítica: Minha vida em Marte é comédia morna com boas atuações

Continuação de Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou (2014) traz Mônica Martelli e Paulo Gustavo como protagonistas

Publicado em: 25/12/2018 20:00 | Atualizado em: 25/12/2018 15:09

Sequência deixa de lado questões amorosas e foca mais na amizade entre os personagens principais. Foto: Downtown Filmes/Divulgação

Em 2017 o cinema nacional amargurou uma queda de mais de 40% nas bilheterias, ao mesmo tempo em que bateu recorde em número de lançamentos. Talvez no intuito de reverter esse quadro, 2018 foi marcado pelo lançamento de sequências de alguns títulos que obtiveram êxito anteriormente nos cinemas, a exemplo de O candidato honesto 2 e Crô: Em família. Na reta final do ano, chega às salas mais uma aposta do gênero: Minha vida em Marte, continuação de Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou (2014), por sua vez uma adaptação de peça homônima escrita e estrelada por Mônica Martelli.

Embora dê continuidade aos acontecimentos do filme anterior, a comédia não exige conhecimento prévio dos personagens e da trama, que funciona de forma independente. A protagonista é Fernanda (Martelli), uma mulher com seus 40 anos, casada com Tom (Marcos Palmeira) e mãe de uma filha pequena. Vivendo uma crise conjugal em que ambos parecem ter perdido o interesse mútuo, o casal se divorcia e Fernanda encara o processo de se adaptar à vida de solteira e lidar com inseguranças provocadas pela separação. Nessa jornada, ela é acompanhada pelo amigo e parceiro de trabalho Aníbal (Paulo Gustavo), que neste filme é alçado ao posto de coprotagonista.

Mais desenvolta do que no filme anterior, Mônica convence no papel, até mesmo pelo fato de Fernanda ser um alter ego da atriz/autora, que também participa da concepção do roteiro. Paulo Gustavo, apesar de estar no papel um tanto clichê do amigo gay da mulher em crise, também vai bem e arranca boas risadas. A parceria dos dois atores tem saldo positivo, embora acabe gerando uma significativa mudança em relação ao longa antecessor: em lugar do foco em questões femininas, a história acaba sendo predominantemente sobre a amizade entre os dois.

Pesa também nesse esvaziamento na abordagem sobre as questões afetivas e superação pessoal da protagonista uma série de situações que não parecem lá grandes problemas. Fernanda parece, em dados momentos, insegura da aparência e forma física, embora esbanje jovialidade e seja facilmente enquadrada naquilo que se tem por mais padrão em termos de beleza. Em adição, a dupla passa também uma parte expressiva da projeção em baladas sofisticadas, viagens caras e afins, o que reduz a jornada de Fernanda a um passeio por cenários por cenários bonitos.

A direção de Suzana Garcia não é exatamente arrojada e, por vezes, denota pouca fluidez, dando a algumas sequências o aspecto de esquete, embora não chegue a comprometer o filme. Não há nada particularmente em destaque, mas Minha vida em Marte mostra eficiência como entretenimento descompromissado. Há umas boas piadas, entre algumas mais escrachadas e outras mais leves. Causa estranhamento, porém, uma passagem que faz chacota com anões, algo que não se espera em uma comédia em pleno 2018, ainda mais em um roteiro que, no todo, não erra a mão no humor.
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