Cinema

Crítica: Divertido e bem executado, Bumblebee traz frescor para a franquia Transformers

Primeiro spin-off da série cinematográfica iniciada em 2007 entrega uma aventura leve e bem-humorada

Publicado em: 25/12/2018 19:30 | Atualizado em: 25/12/2018 17:21

Hailee Steinfeld, primeira protagonista mulher da franquia, é um dos pontos altos do longa. Foto: Paramount Pictures/Divulgação

A franquia Transformers tem, provavelmente, uma das premissas mais bobas da cultura pop: robôs gigantes vindo do espaço capazes de adquirir a forma de veículos e que defendem da Terra de ameaças siderais. Dito isso, é possível ignorar o mais novo título da série, Bumblebee, ou relevar o ridículo inerente aos filmes inspirados na criação oitentista e embarcar em uma aventura despretensiosa e divertida.

Adaptados para um filme live ation pela primeira vez em 2007, por Michael Bay, os Transformers surgiram como uma linha de brinquedo em 1984, sendo transpostos para diversas outras mídias desde então, incluindo séries animadas, quadrinhos e videogames. Sucesso estrondoso, a franquia cinematográfica teve cinco longas-metragens, sendo o primeiro um bom entretenimento e as sequências, no geral, progressivamente menos interessantes e mais megalomaníacas.

Bumblebee
é o primeiro spin-off de Transformers e é centrado no personagem que dá nome à produção. É também o primeiro live action da marca sem Michael Bay na direção, posto agora ocupado por Travis Knight, da ótima animação Kubo e as cordas mágicas (2016). O protagonista Bumblebee, justamente o menor e menos sisudo dos robôs da raça Autobot. parece servir como metáfora para este novo filme, que reduz a pirotecnia e exageros e se esforça para entregar uma história mais contida e leve. O longa começa uma guerra no planeta de Cybertron, entre os Autobots e os malignos Decepticons. Prestes a perder a batalha, o líder dos Autobots, Optimus Prime, manda Bumblebee para Terra, local escolhido como esconderijo para os mocinhos. A missão de Bumblebee é proteger o planeta caso os Cyberton descubram o plano de fuga. No processo, o robô amarelo acaba ficando mudo e perdendo a memória e, ao avistar um Fusca em uma estrada, acaba por assimilar o formato do famoso carro.

Um tanto deslocado no novo planeta, o robô é encontrado na forma de um fusquinha amarelo por Charlie (Hailee Steinfeld), uma garota que herdou do falecido pai o interesse por carros. Solitária, ainda triste pela morte do pai, a melancólica protagonista cria uma insólita amizade com o robô, quase tão disfuncional quanto ela. Steinfeld, que despontou em 2010 pela participação em Bravura indômita, entrega uma atuação carismática e sincera, além de representar uma interessante mudança para a franquia com, finalmente, uma personagem feminina que não é coadjuvante. 

Ambientado em 1986, o filme aproveita bem referências pops da época para criar situações cômicas, como uma divertida cena em que Charlie apresenta hits oitentistas para Bumblebee. Aliás, a música é muito bem incorporada ao roteiro, sendo utilizada inclusive como um recurso de comunicação entre a garota e o robô. Mas como se trata de um filme de Transformers, a trama não se detém à parceria entre os dois protagonistas, mas tem sua dose de ação com a chegada dos Decepticon à Terra. Ao contrário das cada vez mais confusas (e enfadonhas) lutas de robôs dirigidas por Bay, Travis Knight comanda cenas empolgantes e muito bem resolvidas: entende-se bem o que há na tela, diferentemente da maçaroca de barulho e explosões que caracterizou a franquia nos últimos anos.

Servindo como prelúdio para a série, Bumblebee tem potencial para ser também um recomeço para a já desgastada franquia. É um filme inesperadamente enérgico e cativante.
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