Cinema

Remake de O Grinch abre a temporada de filmes natalinos no cinema

Filme traz visível a assinatura do estúdio Illumination, seja no visual ou nos problemas que parecem se repetir em seus filmes

Publicado em: 16/11/2018 11:31 | Atualizado em: 16/11/2018 09:56

No Brasil, voz do personagem é feita por Lázaro Ramos. Foto: Illumination/Divulgação

Nem bem começou novembro e já teve início a temporada de filmes natalinos nos cinemas. Quem abriu a programação neste ano nas salas brasileiras foi a animação O Grinch, inspirado no personagem homônimo criado pelo escritor norte-americano Dr. Seuss, em 1957. Em exibição desde a última semana, o título é produzido pela Illumination, a mesma responsável pela franquia Meu malvado favorito.

Mesmo que ainda esteja longe do renome e excelência da Pixar, a Illumination tem, nos últimos anos, mostrado uma produção equilibrada, com obras de qualidade pelo menos razoável e bom retorno financeiro, a exemplo de Pets (2016) e Minions (2015). O Grinch traz visível a assinatura do estúdio, seja no visual ou nos problemas que parecem se repetir em seus filmes.

Se a obra de Dr. Seuss não era tão conhecida fora dos EUA, as suas transposições para outras mídias ajudaram a popularizar Grinch no resto do mundo, como a animação de 1966 comandada por Chuck Jones, o clássico diretor dos desenhos do Looney Tunes (1960-1975), e a versão com atores estrelada por Jim Carrey e dirigida por Ron Howard (2008). Em suma, a premissa desta nova animação é a mesma já vista anteriormente: o Grinch é uma criatura rabugenta que odeia o natal e resolve roubar dos cidadãos de Quemlândia tudo minimamente relacionado à festa, de presentes a itens de decoração. A missão fica mais complicada quando o protagonista conhece Cindy-Lou Quem, uma garotinha doce que quer a todo custo encontrar o Papai Noel.

Se o insosso filme live-action mostrou que esse universo infantil não funciona tão bem em carne e osso, este novo Grinch soa muito mais palatável dentro das possibilidades da animação, mais propícia aos exageros da criatura verde. É uma produção visualmente primorosa e com uma boa dublagem nacional, capitaneada por Lázaro Ramos, que substitui Benedict Cumberbatch, voz original do monstro verde.

O problema reside justamente no roteiro, demasiado simplório. Falta aprofundamento dos personagens ao redor do vilão e um melhor desenvolvimento da trama, que parece arrastada em alguns momentos, mesmo sendo um filme não tão longo. Na versão nacional, causa estranhamento o fato de as canções, todas em inglês, não terem sequer legendas. A despeito dessas questões, o saldo pende para o positivo, justamente pela preservação do que há de mais memorável e universal em relação ao natal e amor ao próximo. Um passatempo agradável para crianças. 

Dando voz 
Até interpretar o protagonista da animação, Lázaro Ramos só havia se arriscado na dublagem uma única vez na carreira, no curta-metragem O destino de Miguel. Uma brincadeira entre atores, o filme era uma desbocada sátira feita a partir de imagens do filme Shakespeare apaixonado (1998) e acabou vazando na internet. Distante do humor escrachado da produção caseira, e mais ameno do que outros papéis, a performance em O Grinch é, segundo Ramos, o primeiro trabalho dele que pode ser visto pelos seus dois filhos. O processo de dublagem do filme consumiu cinco dias, com cerca de oito horas de trabalho, diz Lázaro Ramos, que elogia a atuação de Cumberbatch, mas diz ter feito o possível para não se influenciar pela vocalização do ator britânico.

"Tem bastante tempero local, inflexões", conta a voz brasileira do Grinch, que percebeu na dublagem um trabalho tão complexo quanto no da atuação convencional. "O corpo tá falando junto, tem tudo isso de se reconhecer no personagem, entender os mecanismos", explica, acrescentando que buscou trazer "humor e gaiatice" para a dublagem.
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