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Pernambucano está no primeiro reality show de pessoas com deficiência intelectual da América Latina

O turismólogo Bruno Ribeiro participará de Expedição 21, programa que reunirá 18 jovens com Síndrome de Down

Publicado em: 05/11/2018 09:25 | Atualizado em: 08/06/2020 00:18

Ribeiro, de 26 anos, que ficou conhecido por ser o primeiro turismólogo com Síndrome de Down do Brasil.  (Foto: Empetur/Divulgação)
Ribeiro, de 26 anos, que ficou conhecido por ser o primeiro turismólogo com Síndrome de Down do Brasil. (Foto: Empetur/Divulgação)

O Cromossomo 21, projeto social que promove discussões sobre direitos fundamentais de pessoas com síndrome de Down, vai realizar uma iniciativa inovadora que une pesquisa, empoderamento e entretenimento. Da próxima segunda-feira até a quinta, 18 jovens portadores da disfunção genética irão conviver em uma casa equipada com diversas câmeras, resultando no primeiro reality show para pessoas com deficiência intelectual da América Latina: o Expedição 21.

O programa será filmado em Jurerê Internacional, na cidade de Florianópolis (SC), em uma casa adaptada para receber os jovens, selecionados entre cem inscritos de diversos estados do país. Entre eles está o pernambucano Bruno Ribeiro, de 26 anos, que ficou conhecido por ser o primeiro turismólogo com Síndrome de Down do Brasil e que atualmente trabalha na Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Durante a imersão, os participantes ainda terão conversas com mentores da neurociência, comportamento humano e saúde mental.

Além de promover protagonismo, o objetivo é que os jovens possam aprender na prática como é morar sozinho, mostrando que pessoas com down podem ser independentes. As filmagens estão sendo financiadas por diversas empresas e posteriormente serão transformadas em um documentário - a produção ainda está em negociação para saber qual emissora de televisão exibirá o produto final. O relatório da experiência ainda resultará em um livro de cunho científico.

"A ideia é que os jovens possam exercer autonomia na prática. Eles farão coisas típicas de quem toma conta de uma casa: desde preparar comidas até pagar boletos”, explica o educador social Alex Duarte, criador do movimento Cromossomo 21. “Além disso, teremos oficinas de empoderamento para trabalhar a autoestima deles. Grande parte dos selecionados não estudaram em escolas especiais e sofreram bullying, então essa é uma questão importante”, diz.

O Cromossomo 21 passou a existir com a pretensão de produzir um filme - dirigido por Duarte - que acabou ganhando Menção Honrosa no Festival de Gramado de 2016. Lançado nos cinemas apenas em novembro de 2017, o longa-metragem homônimo aborda a história de amor entre uma jovem que tem a síndrome e um que não tem, lançando luzes sobre preconceitos, anseios e dificuldades desses cidadãos, mas principalmente abrindo reflexões sobre independência. Após o filme, o projeto sem fins lucrativos seguiu realizando palestras e oficinas em todo o país e até mesmo em Nova York, sendo reconhecido pela ONU.

"Nas atividades, chamamos os pais das pessoas com down para que eles estimulem a independência dos filhos e os preparem para o mercado de trabalho. Isso muita vezes não ocorre, pois esses pais acabam protegendo muito. Conseguimos comprovar que eles podem viver sozinhos com diversos casos no Brasil, fazendo compreender que pessoas com deficiência podem chegar onde quiserem”, diz. “Também trabalhamos para mostrar a sociedade para dar oportunidades e promover inclusão. Isso transforma, quebra paradigmas e até melhora a relação das pessoas na empresa, de acordo com uma pesquisa da Faculdade Mackenzie. É fundamental para o desenvolvimento humano", continua Alex.

Os participantes do Expedição 21 são alguns exemplos de downs independentes: a carioca Fernanda Honorato é repórter, a goianense Isabela Correia é modelo e miss, o gaúcho João Vicente Fiorentino é fotógrafo. São alguns dos integrantes do reality, além do já citado pernambucano Bruno Ribeiro, funcionário da Empetur desde 2015.

"Nesse ano, fui para São Paulo com minha mãe para participar de uma reunião da Federação Brasileira de Síndrome de Down, da qual faço parte. Na saída, encontramos o Alex Duarte, que nos contou sobre o Expedição 21. Decidi que queria participar”, explica Bruno. “Eu me senti muito feliz quando soube desse novo projeto e mais ainda quando fui selecionado. Estou bem animado para ouvir os aprendizados dos professores e praticá-los no dia a dia. Vamos aprender a ter mais autonomia, nos empoderando e preparando para morar só", finaliza. 

A etapa em Jurerê Internacional é uma “primeira temporada” da Expedição 21. Mais edições deverão ser promovidas em diferentes estados. As inscrições da próxima turma estão abertas no site www.cromossomo21.com.br.
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