Literatura

Livro traça perfis de 30 personalidades históricas de Pernambuco

Pernambuco Imortais e Mortais, do jornalista recifense Aluízio Falcão, usa do gênero não ficção para abordar as identidades de nomes como Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, dom Helder Câmara e Frei Caneca

Publicado em: 28/11/2018 16:31 | Atualizado em: 28/11/2018 15:49

Paulo Freire, Eduardo Campos e Ariano Suassuna em gravuras de Sebastião Corrêa de Araújo

A missão de resgatar trajetórias e legados de pernambucanos de destaque é o mote do livro Pernambucanos imortais e mortais (Cepe, 373 páginas), do jornalista recifense Aluízio Falcão. Fazendo alusão ao hino do estado no título, a obra traça o perfil de 30 pessoas públicas já falecidas usando o gênero “não ficção” e busca reconstruir o factual ao recolher pesquisas de outros escritores junto com reflexões e opiniões do próprio autor. Entre os personagens estão diversos do imaginário intelectual pernambucano, como Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, dom Helder Câmara, Frei Caneca, Miguel Arraes, Paulo Freire, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Luiz Gonzaga. O lançamento será nesta quarta-feira (28), às 19h, no Bar Real (Avenida Dezessete de Agosto, 1761, Casa Forte). 

“Proponho um panorama da história inteligente local e também da vida cívica de Pernambuco, trazendo perfis de homens que mais se destacaram publicamente. São pessoas que já deixaram a vida para entrar para a história”, define Aluízio Falcão, que foi repórter do Diario de Pernambuco entre 1956 e 1961. Os perfis são divididos por categorias: escritores, políticos, poetas e compositores. No campo da política, por exemplo, ele traça uma linha cronológica, começando pelo líder da revolução pernambucana, Frei Caneca, passando por Agamenon Magalhães, Miguel Arraes (com quem o autor teve relação próxima, ao ser o secretário particular do socialista quando ele foi prefeito do Recife) e Eduardo Campos, tido no livro como “um fenômeno político interrompido”.

Algumas outras categorias são compostas por únicos personagens: pastor (dom Helder), educador (Paulo Freire), craque (o jogador de futebol Ademir Menezes) e artista (Abelardo da Hora). Apesar de fazer uma "curadoria" satisfatória, o autor explica que a escolha dos personagens foi nitidamente pessoal. “Morei em Pernambuco durante uma boa parte da minha vida e, por conta dessa vivência, sei quais são os nomes mais presentes na memória coletiva", diz. O critério pessoal do autor se torna perceptível, por exemplo, na escolha de apenas um empresário: José Ermínio Moraes. A justificativa foi sua ligação ao campo ideológico progressista. "Nunca convivi com muitos empreendedores, mas sim com figuras ligadas a artes, literatura e ciências humanas. Mas, com ele, eu convivi pessoalmente ao fazer campanha para Miguel Arraes a prefeito do Recife."

No final do livro, existe um capítulo chamado "Quota Pessoal", para homenagear três personalidades não tão famosas, mas que, de acordo com Aluízio, mereciam maior reconhecimento: Vanildo Porto, Amaury Pedrosa e o jornal Última Hora - uma publicação jornalística que ele define como “jornal assassinado”. Cada capítulo também conta com dedicatórias para alguns dos perfis que não conseguiram entrar na publicação pela limitação do espaço. “Foi uma forma que encontrei de fazer justiça aos que morreram e não puderam ter seus perfis traçados".
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