Música

Guitarrista Paulo Rafael faz show de abertura do Circuito Aurora Instrumental

Segunda temporada ocupa Teatro Arraial como palco de resistência da tradição e principalmente da renovação musical

Publicado em: 10/10/2018 13:45

Foto:  Pércio Leandro Siqueira/Divulgação

Palco de resistência da tradição e principalmente da renovação musical, o circuito Aurora Instrumental estreia a segunda temporada desta quarta-feira (10), a partir das 19h30, com show inédito de Paulo Rafael, referência na guitarra nordestina, no Teatro Arraial Ariano Suassuna. Músico parceiro de Alceu Valença, produtor, compositor e um dos integrantes do grupo Ave Sangria, o caruaruense é reconhecido pelo trabalho autoral que transita entre o rock psicodélico e o armorial.

"Já queria voltar a investir nesse projeto solo e o convite veio a calhar. Estar em contato com a nova cena dá uma injeção de ânimo", afirma o músico, que propôs encontro com Juliano Holanda (violão e guitarra) e Lucas Prazeres (percussão) para criar improvisações. No palco, os músicos vão passear por canções dos três trabalhos solos de Paulo, os discos Orange (1992), Vagalume (1995) e Alado (2010), e executar faixas como Rua dos Oitis, Puro malte blues, Águas claras, Navegantes e Orange. "Não faz sentido repetir arranjos de discos antigos. Vamos unir as experiências com espaço para criações e soar como uma banda, com vários instrumentos e influências”, conta o artista, que em setembro participou do Malakoff Duos em performance com o flautista César Michiles e quis repetir o formato.

"Esse conceito de fusão foi a base do som do Ave Sangria. Misturar a pegada do ritmo com levada regional e acento de rock. Aquela primeira fase experimental foi evoluindo para um outro produto. Fiz muito isso nos primeiros discos. Hoje o som está mais maduro, fruto da linguagem meramente pessoal e particular, criada a partir da vivência musical de uma vida inteira. Tem rock, tem baião, tem tudo que já toquei e ouvi”, enumera. Ao lado dos parceiros da década de 1970, Marco Polo e Almir de Oliveira, Paulo Rafael prepara para lançar o segundo disco da banda Ave Sangria, batizado Vendavais, 44 anos depois do primeiro.

A programação do Aurora Instrumental tem shows até dezembro e é dedicada a várias vertentes da música. Os concertos serão sempre nas quartas-feiras, com nomes como o próprio César Michiles, a violeira Laís de Assis, a banda Wassab, formada pelos músicos Hugo Linns (baixista) Gilú Amaral (percussionista) e Juliano Holanda (guitarra) e a Som de Madeira. Também estão na programação o rabequeiro Seu Luiz Paixão e o sanfoneiro Beto Hortis.

Serviço
Aurora Instrumental – 2ª temporada
Quando: Hoje, às 19h30
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, nº 457, Boa Vista, Recife – PE)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Informações:  3184-3057

Perguntas // Paulo Rafael

Como avalia o cenário atual para a música instrumental no Recife?
Acompanho tudo o que está acontecendo no cenário e vejo que surgiram novos talentos, como Amaro  Freitas e outros nomes que vão trilhar um caminho de  muita criatividade e sucesso. Sinto que apesar da limitação de plateia, já que é difícil cativar o público para assistir a esse tipo de música, há iniciativas fortes e uma cena enriquecedora. Há muitos bares, lugares voltados para o jazz e o blues e tenho observado uma frente de resistência. Há um crescimento, no Brasil inteiro, de festivais que só vêm para fortalecer. Podemos mostrar o que está sendo feito e despertar o interesse do público.
 
O Ave Sangria está com novo disco. O que pode adiantar do projeto?
A gente está planejando o primeiro single para janeiro e depois do carnaval deve sair o disco inteiro nas plataformas digitais. Também queremos lançar em vinil e CD. O nome é Vendavais. Fala sobre essas coisas loucas que estamos vivendo. Parece que a gente estava prevendo esse momento. Traz uma conotação histórica para esses tempos. O disco foi gravado no Rio e está quase pronto. 

Como analisa o atual momento político do Brasil e a polarização do país nas Eleições 2018?
Esse é um momento muito sério onde a gente não pode deixar os preconceitos aflorarem. É assustador, independente de partido, e algo de extrema importância defender a democracia e, sobretudo, a humanidade. Sou totalmente contra essa tipo de ódio e violência que está se alastrando e a tentativa de se fazer um estado de guerra. É anti-democrático. A gente precisa se unir para impedir isso. 
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