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Conheça o grupo pernambucano Flôr de Muçambê que mescla o erudito com o popular

Artistas se apresentam neste sábado no Museu do Estado de Pernambuco

Publicado em: 06/10/2018 07:25 | Atualizado em: 05/10/2018 20:05

'Sofremos preconceito na nossa própria casa', diz a líder do grupo, Gizelle Dias. Foto: Calixto Junior/Divulgação


Na estrada há 10 anos, o grupo pernambucano Flôr de Muçambê vem provando que não há barreiras para a música ao unir o erudito com o popular. Formado por Gizelle Dias (violino e voz), Roberta Vieira (viola), Valquiria Janie (violoncelo), Giovanni Raça (bateria), Miguel Mendes (baixo) e Ítalo Sales (guitarra), o conjunto abre a programação de outubro do projeto Ouvindo e Fazendo Música, que ocorre todos os sábados, às 17h, nos jardins do Museu do Estado de Pernambuco - MEPE (Av. Rui Barbosa, 960 - Graças, Recife). Os ingressos são vendidos no local e custam R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia). 

Idealizado por Gizelle Dias, neta do Maestro Duda, o Flôr de Muçambê foi inspirado em um grupo feminino britânico chamado Bond, que misturava a música eletrônica com instrumentos eruditos. "Como eu já venho de uma família que traz o frevo na veia, sempre me identifiquei com a música regional. Quando eu tocava na Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música, conheci um repertório armorial e eu vi o quanto aquilo mexia comigo", conta Gizelle, que só mostrou a sua voz quando percebeu que o público cantava junto nas apresentações que, inicialmente, eram instrumentais. 

O grupo traz no currículo passagem pela Suécia, com show no primeiro Brazilian Day de Estocolmo, e uma vitória na categoria Melhor Disco de Grupos de Cultura Popular, do Prêmio da Música de Pernambuco. Com apoio do Funcultura, o disco de estreia do Flôr de Muçambê foi lançado em 2013, com arranjos de Maestro Duda, Renato Bandeira e Luciano Magno, e participações especiais de Elba Ramalho e do Maestro Spok, que também assinou a direção musical do álbum. Além da música Menino do mar, composta por Gizelle Dias, o trabalho apresentou uma nova versão de Sinfonia nº 40, de Mozart. Ainda sem previsão de lançamento, a ideia é que o segundo disco da banda tenha uma linguagem mais moderna, sem deixar de lado os ritmos regionais. 

O show deste sábado (06) vai contar com a participação do baixista Jefferson Cupertino em um repertório que passeia por músicas autorais e releituras de clássicos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Alceu Valença. "O público pode esperar muita alegria e uma viagem cultural através do nosso repertório que mergulha no que há de melhor da nossa diversidade musical. De forma irreverente e participativa, a plateia se sente tão envolvida que ao final percebe que também fez parte do show", adianta Gizelle. 

Serviço 
Flôr de Muçambê no Projeto Ouvindo e Fazendo Música 
Quando: sábado (06), às 17h 
Onde: Museu do Estado de Pernambuco - MEPE (Av. Rui Barbosa, 960 - Graças, Recife) 
Quanto: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia) - à venda no local 
Informações: (81) 3184-3174

Calixto Junior/Divulgação
Entrevista // Gizelle Dias - idealizadora, cantora e violinista do Flôr de Muçambê 

Como foi a experiência de se apresentar no Brazilian Day de Estocolmo? 
Foi a experiência mais incrível da nossa história. Na época, o grupo só tinha dois anos, não tinha disco gravado e nunca tínhamos sequer feito shows em outras cidades. Conseguimos levar a nossa música para um público tão especial que nos recebeu de braços abertos, como celebridades. Foi incrível ver uma multidão de mãos dadas dançando ciranda com a gente e sem nem saber o significado do que estávamos cantando. 

Quais os desafios que vocês já tiveram que enfrentar por misturar o erudito com o regional? 
Nosso maior desafio, por incrível que pareça, é ter um espaço maior aqui na nossa terra. Infelizmente, por mais que o público goste e cresça cada vez mais, é muita luta para fechar um show durante a programação dos ciclos festivos da cidade. O motivo é triste, simplesmente por fazermos música regional. Mesmo com uma linguagem repaginada, um repertório alegre e contagiante que tanto agrada ao público, sofremos preconceito na nossa própria casa. Mas jamais passou por nossa cabeça abolir o instrumento erudito ou a música regional. Por mais difícil que seja, mantemos firmes com o que acreditamos. Não podemos deixar a nossa cultura morrer. 

Como você avalia a música clássica no Brasil? 
Acredito que esteja cada vez mais difícil, pois o mercado é muito restrito. As orquestras sinfônicas estão cada vez mais escassas e as vagas demoram para surgir. A concorrência é grande. Os músicos acabam migrando para outro tipo de trabalho ou tentam sair do país para tentar lá fora, onde há mais oportunidades. Mas isso não reflete diretamente no nosso trabalho, pois partimos totalmente para o popular. Mesmo fora do Flôr de Muçambê, a gente vem desempenhando paralelamente outros trabalhos sempre voltados para o popular. 

Quais as principais influências musicais do Flôr de Muçambê? 
Nossas influências vão desde artistas nordestinos, como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e Alceu Valença, até nomes da música pop e da MPB. A gente ouve Beyoncé, Rihanna, Michael Jackson, Coldplay, Marisa Monte, Marcelo Jeneci, Tom Jobim... De certa forma, tudo isso acaba contribuindo musicalmente para a gente dialogar com essa linguagem mais atual.

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