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Humberto Gessinger une passado e futuro na turnê acústica Ao Vivo Pra Caramba

Ex-Engenheiros do Hawaii revisita o disco A revolta dos Dândis, lançado em 1987, e oxigena o repertório com inéditas em show no Recife

Publicado em: 14/09/2018 12:49

"São canções muito pessoais e ver que elas fazem sentido para muitas pessoas às vezes me parece um milagre", diz o artista. Foto: Daryan Dornelles


Humberto Gessinger traz nesta sexta-feira (14), ao palco do Teatro Guararapes (Centro de Convenções) a turnê Ao vivo pra caramba. No show, o ex-líder dos Engenheiros do Hawaii revisita o disco da banda A revolta dos Dândis, lançado em 1987, e oxigena o repertório com inéditas. “Passado e futuro podem ser muito bons, amigos”, afirma o artista, de 54 anos, em entrevista ao Viver. “Para mim, mais que uma homenagem, foi um resgate. São canções muito pessoais e ver que elas fazem sentido para muitas pessoas de outras gerações às vezes me parece um milagre."

Ele apresenta as canções do DVD lançado em março, que reúne faixas com mais de 30 anos, como Infinita highway, Terra de gigantes e Refrão de bolero. E ainda as inéditas Pra caramba, cadê?, Das tripas coração e Saudade zero, em formato acústico. O roqueiro, que busca se reinventar ao longo dos anos, quer romper barreiras de tempo e espaço com as letras do passado em novos arranjos. “Faço as coisas por instinto. Mas, quando componho e faço meus shows, sinto uma conexão forte com toda história da música popular. Do Rio Grande do Sul, do Brasil, do mundo”, diz.

Gessinger toca baixo, harmônicas, sintetizador, guitarra, viola caipira e piano, acompanhado pelos músicos Rafa Bisogno (bateria, percussão, bateria eletrônica e voz) e Felipe Rotta (guitarra, violão, bandolim e voz). "Aprendi a tocá-los sozinho e quem me ensinou foram minhas canções."

Entrevista // Humberto Gessinger

Como surgiu a ideia de homenagear o álbum do Engenheiros e revisitar músicas com 30 anos de história, que são cantadas em coro pelo público?
Para mim, mais que uma homenagem, foi um resgate, já que eu nunca havia tocado o álbum na íntegra, nem no seu lançamento em 87. Acho que o tempo fez bem ao disco. São canções muito pessoais e ver que elas fazem sentido para muitas pessoas de outras gerações em várias regiões de um país tão heterogêneo, às vezes me parece um milagre. Mas arte é pra isso, né? Romper barreiras de tempo e espaço e fazer o que parecia impossível acontecer.

Foram quatro inéditas inseridas na turnê, como foi a escolha das faixas para o projeto?
Este é meu oitavo registro ao vivo. Em todos eles fiz questão de gravar um grupo de canções inéditas ao lado dos clássicos. Com o tempo entendi que estas músicas formavam um "disco dentro do disco". Escolhi as inéditas para o Ao Vivo Pra Caramba e fiz os arranjos pensando nisso. São um contraponto acústico para o outro momento do DVD, mais pesado. Não é muito simples para um artista longevo equilibrar as novidades com os clássicos, mas acho que tenho conseguido isso nestes projetos.

Você é cantor, compositor, instrumentista, produtor, arranjador. Com qual dessas habilidades se identifica mais?
O que eu mais gosto de fazer é tocar os instrumentos. O que eu sinto que chama mais a atenção são minhas letras. E onde sou mais "particular" é na maneira como misturo todas estas facetas: compor, tocar, produzir, cantar, montar trios, desmontar conceitos...

A forma de produzir e consumir música mudou nos últimos anos. Como avalia as vantagens e desvantagens? O que precisou fazer para se adaptar ao novo modelo?
As mudanças foram tantas que "adaptação" me parece uma palavra fraca. Se trata de um  renascimento mesmo. Quase diário. E como não se perder nessa confusão toda? Não sei explicar. Faço as coisas por instinto. Mas quanto componho e faço meus shows, sinto uma conexão forte com toda história da música popular. Do Rio Grande do Sul, do Brasil, do mundo. É um rio que vem de longe e vai seguir para muito longe. Muita água passa sob a ponte, mas é o mesmo rio, a mesma ponte. Minhas músicas já estiveram em LP, K7, CD, VHS, DVD, streaming... Os fãs já fizeram pastas de recortes e fanzines, hoje estão na www. Vale o mesmo que eu falei sobre repertório: passado e futuro podem ser muito bons amigos.

A música e o rock cumpriram papel de denúncia e protesto em vários momentos da história do país. Em ano de eleições, de que forma acredita que a classe artística pode contribuir neste cenário?
Não adianta pisar do acelerador da consciência política só no ano da eleição. Nem adianta colocar todas as fichas na política tradicional. Um país melhor se constrói no dia-a-dia, na nossa arte/ofício. Às vezes até ficar quieto pode ajudar. Minhas desesperanças tenho guardado para mim.

SERVIÇO
Humberto Gessinger apresenta turnê Ao Vivo Pra Caramba
Quando: Sexta-feira, às 21h30
Onde: Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco
Ingressos: Plateia Especial: R$ 164 (inteira) e R$ 82 (meia), Plateia: R$ 144 (inteira) e R$ 72 (meia) ,  Balcão: R$ 104 (inteira) e R$ 52 (meia), à venda na bilheteria, lojas Ticketfolia e site Eventim
Informações: 3182-8020
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