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Há 20 anos, Britney Spears iniciava um novo capítulo na história da música pop

A norte-americana completa duas décadas de carreira tendo deixado um legado para música pop na virada do milênio

Publicado em: 30/09/2018 14:55 | Atualizado em: 02/10/2018 17:32

Clipe de ...Baby One More Time foi um marco para o pop teen dos anos 1990. Foto: YouTube/Reprodução

Em meados dos anos 1990, era comum que crianças e adolescentes pregassem posters de astros da música nas paredes de seus quartos. Britney Jean Spears era uma exceção: ela queria estar nas paredes dos outros. Foi essa aspiração incessante pelo estrelato que a levou para competições de talento e um programa televisivo da Disney, e rendeu um contrato com a Jive Records - na época responsável por comandar grupos como Backstreet Boys e ‘N Sync. Neste ano, a norte-americana completa duas décadas de carreira tendo deixado um legado para música pop na virada do milênio.

O single ...Baby one more time foi produzido por Max Martin nos moldes do pop adolescente que imperava no topo das paradas. No clipe, a cantora, então aos 16 anos, dança nos corredores de uma escola católica usando um provocante uniforme de colegial. Sucesso instantâneo: Britney evocou a figura da Lolita e mexeu com cânones do imaginário sexual ocidental. Ditou tendências em âmbitos comportamentais, de moda e na indústria musical, vendendo cerca de 100 milhões de discos - mais da metade quando tinha até 20 anos de idade.



“Naquela época, Madonna não estava no foco de atenção, principalmente entre adolescentes. Britney fez uma virada de jogo em termos mercadológicos ao trazer a sonoridade do pop teen para uma figura feminina que seria facilmente consumida por homens e mulheres”, explica Alan Mangabeira, pesquisador de cultura pop e professor de Comunicação Social na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Considerada a "princesa do pop" pela mídia, também foi vendida como “princesinha da América” ao emergir como uma representante de valores norte-americanos - loira, sensual e “virgem” - diante de uma geração um tanto "apolítica". Chegou aos televisores de todo o globo por propagandas da Pepsi e pela MTV, emissora que deu espaço para ela fazer strip-tease (VMA 2000), dançar enrolada em uma cobra (VMA 2001) e beijar Madonna (VMA 2003). Ao entrar na vida adulta, migrou de Lolita para femme fatale, lançando álbuns com forte apelo sexual. Nos palcos, adotou o playback e incorporou coreografias elaboradas, frenéticas e sensuais, como uma espécie de Janet Jackson branca.



Ao passar dos anos, as polêmicas em torno de sua imagem artística migraram para a vida pessoal. O fim de seu relacionamento com Justin Timberlake, um casamento que durou apenas 24h com um amigo de infância e sua integridade como mãe foram alguns dos aspectos subjugados pelos tablóides. Britney construiu uma imagem tão almejada pela imprensa que a própria mídia a engoliu em um cotidiano de perseguição caótico em 2007. O auge foi quando ela raspou a cabeça e atacou o carro de um paparazzi. No ano seguinte, saiu da reabilitação e retomou a carreira, mas nunca mais foi a mesma.

NOSTALGIA
Atualmente, Spears vive um tanto afastada dos holofotes e não entrega performances tão elaboradas ou hits estrondosos. Ainda assim, continua fazendo shows, com destaque para uma residência em Las Vegas que durou quatro anos. “Ela optou por um caminho mais tranquilo da carreira, em que ela consegue manter uma indústria funcionando e certo contato com os fãs, mas em processo muito cômodo”, explica Mangabeira, que pesquisa a experiência de consumo de fãs de divas pop em sua tese de doutorado na UFPE.

"Agora, ela promove uma experiência nostálgica, algo bem típico das residências de Las Vegas. Existem alguns elementos novos, mas o fascínio dos fãs gira em torno dessa coisa de querer ver ela vestida de colegial de novo. É algo que acontece com a Xuxa no Brasil", diz. "Eu tenho uma sensação de que muitos fãs ficam na expectativa de que ela tenha um retorno próximo do que já foi, mas ela já deixou claro que não tem essa intenção. É como se ela tivesse medo de se tornar tão grande quanto antes e que toda a crise volte. A nostalgia é seu porto seguro”.



Mangabeira, que nasceu em Juazeiro (BA), mas cresceu em Petrolina (PE), é fã de Britney desde os anos 1990, foi a shows em Las Vegas e conheceu parte da equipe da artista. Como fã, já conseguiu trocar cartas com a cantora e recebeu discos autografados pelo correio. “Divas pop trazem, mesmo que involuntariamente, um debate sobre gênero, sexualidade e política de corpo. Em uma época que mal existia internet, Britney conseguiu me mostrar um pouco disso tudo. Eram debates que não eram feitos na mesa da família. Ela me ajudou muito a me identificar”, conclui o professor de 30 anos, que atualmente contribui para o site britneyonline.com.br.

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