° / °

Viver
Cinema

Documentário rememora história da banda Joelho de Porco

Filme foca na trajetória do líder do grupo, Tico Terpins, que ficou mais popular entre os anos 1970 e 1980

Publicado: 30/09/2018 às 14:02

Banda influenciou gerações de músicos, como Ultraje a Rigor e Mamonas Assassinas. Foto: Elo Company/Divulgação/

Banda influenciou gerações de músicos, como Ultraje a Rigor e Mamonas Assassinas. Foto: Elo Company/Divulgação/

Banda influenciou gerações de músicos, como Ultraje a Rigor e Mamonas Assassinas. Foto: Elo Company/Divulgação
Um quase sucesso. Assim pode ser definida a banda Joelho de Porco, uma das mais importantes do rock brasileiro, mas não necessariamente entre as mais lembradas na atualidade. Popular entre os anos 1970 e 1980, o grupo tem a história recontada a partir da trajetória do baixista e líder, Tico Terpins, biografado no documentário Meu tio e o Joelho de Porco, dirigido pelo sobrinho do músico, Rafael Terpins. O longa entra em cartaz nesta quinta-feira, no Cinemark do RioMar, dentro do Projeta às 7, dedicado a títulos nacionais, com sessões diárias às 19h, exceto aos sábados e domingos. Os ingressos custam R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia).

Por vezes classificada como punk, alcunha mais apropriada à atitude da banda do que ao som produzido, o Joelho de Porco se aventurou pelo rock e hard rock, geralmente misturados com outros estilos, com pitadas de tropicalismo e outras expressões brasileiras, como a música caipira. A sonoridade inusitada vinha acompanhada de sátira social e política nas músicas, além do figurino composto por ternos e, posteriormente, maquiagens fortes.

Pioneiros no discurso e postura irreverentes, influenciaram artistas que surgiram depois, como Língua de Trapo (1979), Ultraje a Rigor (1980) e Mamonas Assassinas (1995). Mas também chegaram a conquistar a simpatia de contemporâneos. No início da década de 1970, o Joelho de Porco chegou a dividir os palcos com os Mutantes em um show no Paraná e, por conta desse encontro, Arnaldo Baptista decidiu produzir o primeiro compacto da trupe liderada por Tico Terpins.

Embora não tenha sido um dos fundadores da banda, Terpins acabou por tornar-se o principal rosto do Joelho de Porco, muito em razão da postura excêntrica adotada pelo músico dentro e fora dos palcos. Brigas com plateias, fugas de programa de auditório, consumo excessivo de drogas e outros acontecimentos da vida do baixista, morto em 1998 em decorrência de um enfarte.

A personalidade controversa de Terpins também gerou desafetos, como Billy Bond, ex-vocalista da banda, que ingressou em uma das diversas formações do conjunto, em 1976. Bond, que integrou a Joelho de Porco por dois anos e saiu, por motivos até hoje não esclarecidos, se recusou a participar do filme e não autorizou o uso da sua imagem: nas fotos e vídeos da banda exibidos no documentário, o seu rosto é desfocado.

Além de assumir a função de diretor e roteirista, Rafael Terpins é personagem dentro do filme e contracena, em algumas passagens, com o tio, revivido na forma de boneco animado em stop-motion. Apesar do parentesco e do visível apreço pelo biografado, o documentário não cai no tom de homenagem e evita, com relativo sucesso, idealizações. Tico Terpins não é evocado, necessariamente, como gênio incompreendido ou coisa do tipo. Suas fraquezas e contradições também estão presentes, na voz de familiares, amigos e integrantes da banda, como o vocalista e baterista Próspero Albanese, Netinho e o produtor Julio Calasso.

Se para os fãs da banda o filme é um grande presente, sobretudo pelas imagens raras e inéditas reveladas pelo minucioso garimpo de Rafael Terpins, é um documentário atraente também para quem desconhece o Joelho de Porco. Divertida e bem realizada, a produção faz uma agradável incursão pelo passado do rock nacional e reacende a lembrança sobre uma importante peça dessa história.
Mais de Viver