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'O brega-funk tem aberto espaço para o Nordeste no mundo do funk', diz Jerry Smith

Baiano radicado em São Paulo acumula sucessos no universo do funk, incluindo uma parceria com a pernambucana MC Loma

Publicado em: 03/08/2018 08:12 | Atualizado em: 24/05/2020 18:52

Ele ainda pretende expandir ainda mais seu público e já tem uma parceria em andamento com Wesley Safadão. (Foto: Jerry Smith/Divulgação)
Ele ainda pretende expandir ainda mais seu público e já tem uma parceria em andamento com Wesley Safadão. (Foto: Jerry Smith/Divulgação)

O funk brasileiro teve sua gênese nos morros cariocas durante os anos 1970, mas foi na cidade de São Paulo, a "locomotiva econômica" do país, que o ritmo ganhou ares de indústria. Produtoras paulistas como KondZilla Records, Start Music e GR6 movimentam negócios lucrativos e conseguiram fazer com que o ritmo ganhasse a alcunha de "música pop" do Brasil contemporâneo.

Jerry Smith, de 24 anos, é um bom exemplo desse cenário em expansão. Ele se apresenta pela primeira vez no Recife nesta sexta-feira (3), na festa É O Pique, realizada no Rose Beltrão, na Zona Norte. O evento é um exemplo de como nicho artístico tem tentado firmar novos mercados em capitais brasileiras fora do Sudeste.



Rodrigo Silva dos Santos, nome de batismo do artista, nasceu na Bahia, mas vive em São Paulo desde os 8 anos. Teve sua ascensão no mundo do funk formando uma dupla com o MC Zaac. Juntos, foram responsáveis pelo hit Bumbum granada, um fenômeno que acumulou impressionantes 369 milhões de visualizações no YouTube. A dupla se dissolveu, mas o baiano segue protagonizando hits que seguem o sucesso da estreia. Troféu do ano (208 milhões) e Pode Se Soltar (185 milhões) são alguns exemplos.

Jerry encontrou seu diferencial com um timbre vocal grave e inconfundível, também se destacando por mesclar o gênero carioca com sonoridades mais regionais - ele faz parte da Start Music, a mesma produtora de MC Loma e as Gêmeas Lacração. Os DJs paulistas da empresa, como Kelvinho, GG e Will O Cria, estão reproduzindo a estética do brega-funk recifense em músicas de nomes como MC WM, Os Cretinos e no próprio Jerry, que recentemente lançou uma parceria com o trio de pernambucanas.

Ambicioso, ele pretende seguir os passos de Anitta, diversificar seu repertório e expandir ainda mais seu público. Para isso, já tem uma parceria em andamento com Wesley Safadão.

Entrevista - Jerry Smith, cantor

Uma das suas grandes marcas é a voz grave. Ela sempre foi assim, ou precisou de um treinamento?
A minha voz já tinha esse potencial, mas só fui aprendendo a usá-la dessa forma com o tempo. Esse timbre grave só apareceu em Bumbum Granada. Veio mais de uma interpretação da música. Antes, eu nunca tinha visto ninguém cantar assim. Virou minha identidade. Mas na verdade, eu não acho que seja uma voz grave, mas sim um timbre diferente. Isso que diferencia.

Suas músicas, embora ainda sejam sensuais, não contam com um apelo tão sexual forte em comparação com o histórico do funk. Por quê?
Eu trouxe minha música uma bagagem mais geral. Eu tento fazer funk para toda a galera curtir, tipo no churrasco com a família. Sem limitações. Tem uma criança ali, e ela vai poder curtir. Eu já cheguei a fazer músicas mais pesadas no começo, mas eu mudei meu pensamento porque mostraram para os meus pais e eu tive vergonha. Aí pensei: “vou fazer um parada para agradar todo mundo".

Se em São Paulo existe o funk, em Pernambuco temos o brega-funk. Com o sucesso da Loma, artistas como você estão se embarcando nesse estilo, ajudando-o a ter mais repercussão fora do estado. Como enxerga esse movimento?
Eu sou baiano, tenho uma bagagem do pagode, essa coisa do swing. Tenho feito arrocha-funk há um tempo. Eu acho que tudo que mistura, soma. Isso vem somando bastante e faz bem para a música. O Nordeste está conquistado seu espaço em São Paulo, e consequentemente, no Brasil inteiro. Antes, muitos nordestinos pegavam os funks do Sudeste e adaptavam para o estilo de vocês. Como o Aldair Playboy, por exemplo.

Mas o Aldair Playboy atualmente está em destaque com um sucesso autoral. Também temos outros expoentes da cena pernambucana, como o MC Bruninho.
Sim, o arrocha-funk/brega-funk tem dado mais espaço para o Nordeste. Isso tem criado uma sensação de proximidade maior entre as capitais. As coisas estão bem misturadas e aceitas.

E como tem sido trabalhar ao lado da Loma?
A Loma virou minha ‘irmãzona’. Essa música, Não Se Apaixona, veio para somar para os dois.

O funk tem ganhado muito espaço no exterior. O número de ouvintes nas plataformas de streaming cresceu mais de 3000%. Por que acha que isso está acontecendo?
Pelas batidas. É uma coisa nossa, que não tem no resto do mundo e ninguém faz igual. É  a mesma coisa de você ouvir um hip hop ou trap norte-americano. Aquilo é deles. A galera gosta da batida, mesmo que não entendam a língua.

Como artista do funk, como se sente com toda essa repercussão do ritmo?
Eu fico muito feliz, principalmente de estar participando desse movimento que está fazendo história. Não precisa ter preconceito. É um tipo de música como qualquer outra, é cultura. Os caras lá do começo deixaram uma semente que veio evoluindo. Teve a geração que fez aquela 'parada' no passado, e nós estamos apresentando linguagens mais modernas e pop. Não deixa de ser funk, mas com uma roupagem nova.

SERVIÇO 
Festa É Pique - Jerry Smith, Ramon Schnayder, MC Elvis, Joy Corporativo e Baile do Ed
Onde: Rose Beltrão (Rua Dois Irmãos, 523 - Apipucos)
Quando: nesta sexta-feira (3), a partir das 22h
Quanto: R$ 70, à venda nas lojas Vitabrasilnet, Chilli Beans e online no site Bilheteria Digital 
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