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Festival Aldeia Velho Chico: onze dias de imersão num caldeirão cultural

Assim tem sido a experiência no festival Aldeia do Velho Chico, que segue até sábado em Petrolina

Publicado em: 07/08/2018 09:26 | Atualizado em: 07/08/2018 09:47

Cordel do Fogo Encantado - 14a. edicao do Festival Aldeia do Velho Chico, em Petrolina. Foto: Chico Egidio/Divulgação
Esqueça se você esteve em Petrolina fora do mês de agosto. Separe tempo e dinheiro e vá conhecer a cidade do Sertão pernambucano sob outro ponto de vista. A dica é fazer uma imersão de 11 dias em um caldeirão cultural chamado Aldeia do Velho Chico - Festival de Artes do Vale do São Francisco. A programação já começou desde o último dia 1, mas segue até o próximo sábado. E ainda sobra tempo para fazer turismo. Também estão no roteiro do festival os municípios de Lagoa Grande, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia.

O evento é promovido pelo Sesc Petrolina há 14 anos, sempre em agosto. Neste ano, começou com Cordel do Fogo Encantado e o show Viagem ao coração do Sol como atração principal da noite. Parte do público que encheu a orla cortada pelo Rio São Francisco para assistir ao festival no Palco Porta do Rio parecia saído de um livro. Eram integrantes de bois, quadrilhas, reisados, grupos de capoeira e afoxés que participaram do Cortejo abre alas para o Velho Chico, que partiu da rua do Sesc, no centro, até o local das apresentações, arrastando a população pelas ruas em plena quarta-feira.

Na mesma noite, antes do Cordel, o Samba de Véio da Ilha de Massangano, uma localidade na zona rural de Petrolina, entorpeceu as pessoas com o ritmo frenético da sambada. O grupo era querido de Ariano Suassuna, que incentivou a produção de mais de um CD dos artistas.

Outra boa surpresa foi o show Eu te avisei, de Alice Caymmi, no Teatro Dona Amélia, no Sesc, na quinta-feira. Neta de Dorival e filha de Danilo, compõe desde os 10 anos e tem uma voz exuberante. Mas, como a artista disse no palco, não esperem dela uma flor no cabelo, uma saia comprida e MPB. Ela aposta no pop com arranjos modernos e em roupas e maquiagem chamativas. Também é chegada a um brega. Quando interpretou Louca, composta pela banda Kitara, foi ovacionada pela comunidade LGBTI. A impressão é que nem ela esperava uma recepção tão calorosa.

Na sexta, quem arrebatou o público no mesmo teatro foram os integrantes do Coletivo Negro, de São Paulo, com a peça-show Farinha com açúcar - ou sobre a sustança de meninos e homens. O espetáculo faz refletir sobre a experiência de ser homem negro em favela e suas nuances, como ação policial violenta. Ao mesmo tempo, é um tributo à banda Racionais MCs. No mesmo dia, no final da tarde, em uma edição de Poesia no Jardim de Ana - uma referência a Ana das Carrancas, o músico pankararu Gean Ramos e Eliane Potiguara, também indígena e hoje escritora morando no Rio de Janeiro, emocionaram as pessoas com canções e memórias do extermínio do povo indígena no Brasil.

Nos próximos dias, a grade continua caprichada. Hoje tem exibição, às 20h, de Amores de chumbo, de Tuca Siqueira e Augusta Ferraz. Outra grande expectativa é o Virarte, evento que marca o último dia do festival. A programação é intensa no sábado. Começa as 16h e segue até as 4h. Nesse dia, estão programados shows da cantora Márcia Castro, Andrezza Santos e do Coco das Irmãs Lopes, além do evento Você é o que lê, com Gregório Duvivier, Maria Ribeiro e Xico Sá, e apresentações teatrais e de dança. A programação completa está no endereço www.sescpe.org.br.

Jailson Lima, que divide a supervisão de Cultura do Sesc Petrolina com André Brandão, aposta cada vez mais na descentralização do evento. “Muitas pessoas olham o prédio do Sesc, no centro, e logo identificam como elitista. Por isso levamos espetáculos para outros lugares, como a Ilha do Massangano ou para a comunidade Lambedor. Ao mesmo tempo, fazemos oficinas na periferia no mês anterior e trazemos o resultado para o festival no teatro do Sesc para mostrar que o lugar deles também é aqui”, explica Lima. “Petrolina é um polo de desenvolvimento cultural”, pontua.

TURISMO
Nos tempos livres, a proposta é fazer turismo. Se você estiver no centro, uma sugestão é visitar o Museu do Sertão, ir ao Parque Municipal Josefa Coelho, caminhar pela orla ou visitar a Catedral do Sagrado Coração de Jesus. Para comer, a dica é o acarajé vendido perto da matriz à noite ou o Café de bule, que preparou um cardápio especial e personalizado inspirado na programação do festival. À noite, a dica é ir ao Cubículo, um espaço para festinhas alternativas da cidade.

Outra opção é conhecer as vinícolas da Rio Sol, em Lagoa Grande, ou da Miolo, em Casa Nova, na Bahia. Cada passeio custa R$ 160 e ocupa a manhã e a tarde. Ambas têm provas de espumante e vinho, almoço, passeio de barco e banho no Rio São Francisco (Rio Sol) e no Lago de Sobradinho (Miolo).
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