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Espetáculo encenado por um ator em nove papéis aborda preconceito, intolerância e feminicídio

A peça O Açougueiro volta a ficar em cartaz no Recife, com apresentações no Teatro Hermilo Borba Filho

Publicado em: 29/08/2018 11:00

O ator Alexandre Guimarães interpreta nove personagens na trama. Foto: Lucas Emanuel/Curinga Comunique/

Amor, preconceito, intolerância, feminicídio. Esses são alguns dos temas presentes na peça O açougueiro, premiado espetáculo solo do ator recifense Alexandre Guimarães. A montagem volta ao Recife nesta sexta-feira (31) e neste sábado (1° de setembro), a partir das 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife), em comemoração aos três anos de existência do monólogo. 

Com textos de Samuel Santos e atuação de Alexandre Guimarães, que interpreta nove personagens na trama, o espetáculo conta a história de Antônio, um homem de infância pobre que, em meio às dificuldades, realizou o sonho de abrir seu próprio açougue. Aborda a paixão dele por Nicinha, a ex-prostituta do vilarejo situado no coração do Sertão nordestino. Tendo como base o Teatro Físico e Ritualístico, a encenação do artista pernambucano se apropria de toadas, aboios de vaqueiro e outras manifestações culturais sertanejas. 

Em entrevista ao Viver, o ator afirmou que o processo de construção dos personagens foi baseado em visitas feitas por ele ao interior do estado, onde vivenciou e conheceu um pouco das atividades num matadouro. “Embora eu tenha nascido no Recife, minha família é toda do interior e, com muito esforço, consegui ver como funcionava um matadouro público. Foi fundamental sentir cheiros, ouvir sons. A partir daí, comecei a colocar coisas típicas de Pernambuco como o aboio, a toada, o reisado, a velação do corpo antes dos enterros, e hoje a peça é estruturada quase como musical, porque ela é costurada por cânticos”, disse Alexandre.

Ainda segundo o artista, a montagem surgiu do desejo de apresentar uma produção própria para o público local. “Eu queria mostrar, para o meu município, minha posição enquanto ator e que ele não pode esperar ser chamado para trabalhar. Meu desejo era apresentar algo especial para a minha cidade e eu estava cada vez mais encantado por esse teatro próximo do ritualístico e suas possibilidades de interpretação fincadas no ofício do ator. E foi assim que nasceu O açougueiro”, afirmou. 

Em três anos, a peça já recebeu diversos prêmios, entre eles os de melhor ator, melhor monólogo e melhor maquiagem na 16ª edição do Prêmio Cenym de Teatro Nacional, e o de melhor ator no Festival Internacional Janeiro de Grandes Espetáculos 2016. O monólogo já foi assistido por mais de cinco mil espectadores, sendo apresentado em 15 cidades de nove estados brasileiros e tendo participado de cerca de 20 festivais nacionais. Já realizou também sete temporadas entre as regiões Nordeste e Sudeste. 

Os ingressos para a exibição custam R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 + 2kg de alimentos não perecíveis (social), à venda na bilheteria do teatro. Os donativos arrecadados no evento serão doados à Casa de Apoio Sempre Viva, que abriga portadores de HIV/AIDS. 

SERVIÇO
O açougueiro
Quando: Sexta-feira (31) e Sábado (1º de setembro), às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife)
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (social)
Informações: (81) 3355-3320 

Confira outras peças em cartaz:
O 16º Festival Estudantil de Teatro e Dança segue até domingo, no Teatro Apolo, no Bairro do Recife. Os ingressos custam R$ 15.

Em um Sol Amarelo 
Do SESC Piedade. O que um terremoto na Bolívia tem a ver com as enchentes e desabamentos causados pela chuva no Brasil? Nesta tragicomédia, dividida em dois momentos distintos, verdades serão expostas. A obra, do escritor argentino César Brié, é inédita no Brasil. Hoje, às 19h.

O Sol de Assis
Do Grupo de Teatro Anália Franco e Fraternidade Espírita Peixotinho, de Olinda. A montagem transita entre o drama, embates e ações reflexivas de São Francisco de Assis. Amanhã, às 19h.

A Volta ao Mundo em 80 Dias
Da Academia Santa Gertrudes, de Olinda. Conta a jornada do excêntrico Josué, cavalheiro que levava uma vida rotineira e pontual, mas que um dia foi desafiado a dar uma volta por todo o mundo em 80 dias. Sexta-feira, às 19h.

Hiato
Da UFPE. O ator Danilo Ribeiro se divide em três personagens. Na trama, um autor é perseguido por sua consciência e, enquanto escreve, vai dando vida a uma personagem misteriosa de cabelos azuis. Sábado, às 16h.

Holograma da Saudade 
Da Fafire. Com o auxílio da poesia, da música e da dramaticidade, a pequena récita pretende ligar os espaços e preencher os vazios dos seres humanos. Sábado, às 20h. 

Era uma vez na Terra Encantada
Da Individual Model. Comédia infantojuvenil que retrata a vida de princesas encantadas que estão perdidas na floresta enquanto crianças e querem ser escritoras no futuro. Domingo, às 16h. 

Epifanias do Corpo
Da Escola Municipal de Arte João Pernambuco. O corpo ganha a liberdade da criação e se torna o guia que expressa uma mensagem simbólica e conversa com o inconsciente. Domingo, às 20h.
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