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Artista brasileira Daniela Medeiros brilha nos sets de Hollywood

Com apenas 30 anos, a curitibana já trabalhou em produções como Homem-Formiga e a Vespa, Godzilla, Thor: Ragnarok entre outros

Publicado em: 21/08/2018 14:45 | Atualizado em: 21/08/2018 16:18

A brasileira começou os trabalhos fora do país quando se mudou para os Estados Unidos para fazer um mestrado na American Film Institute. Foto: Arquivo Pessoal

Ser uma mulher brasileira dentro de uma área técnica do cenário cinematográfico hollywoodiano é um grande desafio. Mas nunca foi um impedimento para a curitibana Daniela Medeiros, 30 anos,  formada em arquitetura, tem no currículo trabalhos em filmes blockbusters, como Homem-Formiga e a Vespa, Thor: Ragnarok e Godzilla: King of monsters, na função de set designer.

"A voz da mulher ainda não é ouvida de forma igualitária, nosso espaço não foi totalmente conquistado e nem sempre recebemos os créditos merecidos pelo nosso trabalho. Eu ainda sou, geralmente, uma das mais novas dos departamentos, o que também é um complicador e uma barreira a ser transposta", analisa Daniela.

A brasileira começou os trabalhos fora do país quando se mudou para os Estados Unidos para fazer um mestrado na American Film Institute (AFI), em Los Angeles, em production design. "Conheci muitas pessoas que trabalhavam na indústria e tive a oportunidade de mostrar meu portfólio e potencial para elas. Em cada projeto, trabalho pesado para impressionar novos profissionais e assim continuar sendo recomendada", conta.

Antes de se aventurar na profissão nos Estados Unidos, ela atuou no Brasil como production designer em dois curta-metragens de Curitiba. Hoje, tem no currículo trabalhos em longas-metragens da Marvel, os quais ela não pode revelar quase nada por conta do contrato com o estúdio; os filmes All these voices & Icebox, que foram selecionados para festivais; e as produções que estreiam em breve, o novo Godzilla e Gemini man, de Ang Lee e com protagonismo de Will Smith.

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, Daniela Medeiros explicou sobre a profissão, compara os mercados do Brasil e o dos Estados Unidos e revela um pouco de sua trajetória até Hollywood. Confira!

Qual é diferença entre trabalhar com cinema no Brasil e fora dele?
A indústria cinematográfica americana é uma das maiores do mundo, é bastante organizada e tem muito investimento, então é difícil comparar com outras. O Brasil ainda investe muito pouco no nosso cinema nacional, o que é uma pena, pois temos um cinema de muita qualidade e profissionais extremamente talentosos.

Sobre a sua função especificamente de set designer, como ela funciona?
Sou responsável pelo design dos sets de filmagem, desde a conceituação, criação, modelagem em 3D (quando necessário) e detalhamento construtivo. Trabalho como parte do departamento de arte, sob a supervisão do production designer e diretores de arte. Além disso, trabalho como production designer em filmes de menor orçamento.

Como é a ser uma brasileira dentro desse universo cinematográfico internacional?
É interessante. Atraio curiosidade das pessoas que sempre me perguntam sobre o Brasil e sobre o nosso cinema. Além disso, ter um ponto de vista artístico diferente por ser de outro lugar é muito bom para trabalhos que envolvem criatividade, e a brasileira é definitivamente valiosa.

E como é ser mulher, especificamente, nesse espaço?
Infelizmente, assim como em várias outras indústrias, a cinematográfica é bastante machista. A voz da mulher ainda não é ouvida de forma igualitária, nosso espaço não foi totalmente conquistado e nem sempre recebemos os créditos merecidos pelo nosso trabalho. Eu ainda sou, geralmente, uma das mais novas dos departamentos, o que também é um complicador e uma barreira a ser transposta. Além disso, sabemos por meio da mídia que existe o problema de salários desiguais e infelizmente mulheres ainda sofrem com assédio no ambiente profissional. Os chamados manterrupting e mansplaining são bem comuns.

Em seu currículo no IMDB, há créditos de production designer e art director também. Como foram essas suas outras experiências?
Foram maravilhosas também. Fui production designer dos filmes All these voices e Icebox. Ambos foram muito bem-sucedidos nos festivais, sendo que Icebox foi selecionado para o famoso festival Telluride e venceu o Grand-prize no AFI Fest; e All These voices venceu na categoria Alternative o Student Academy Awards, o Oscar estudantil.

Quando você fez a faculdade de arquitetura e design,  já tinha uma vontade de seguir por esse caminho do cinema?
Não, eu passei por várias outras ideias até me encontrar no cinema. Quando fiz intercâmbio estudantil em Madrid, fiz uma disciplina de arquitetura no cinema que me inspirou muito. Foi depois disso que comecei a estudar cinema e fui atrás de um mestrado na minha área de production design. Arquitetura é muito ampla e uso tanto ela quanto design diariamente.

Filmografia
  
All these voices 
De 2015, o filme tem direção de David Henry Gerson e gira em torno da história de um jovem soldado que encontra uma trupe de sobreviventes do teatro de vanguarda celebrando o fim da Segunda Guerra Mundial e precisa aceitar a sua dor.

Foto: Divulgação


Thor: Ragnarok
O terceiro filme da saga do herói, que nas telonas é vivido por Chris Hemsworth, foi lançado no ano passado. A produção ficou marcada por adotar uma atmosfera engraçada na história do herói, mais próxima de outros filmes da Marvel. Também é o longa-metragem que mostra o retorno de Hulk, papel de Mark Ruffalo.

Foto: Divulgação

Homem-Formiga e a Vespa
Lançado em julho, a produção é o segundo filme do super-herói, interpretado por Raul Rudd. O longa-metragem introduz a heroína Vespa, vivida pela atriz Evangeline Lilly, além de ser o primeiro filme da Marvel após os acontecimentos de Os Vingadores: Guerra infinita, também de 2018.

Godzilla: King of monsters
Previsto para ser lançado em maio de 2019, a ficção científica de Michael Dougherty é a sequência do filme de 2014. No longa, a agência Monarch terá que lidar com o retorno das superespécies. No elenco, nomes como Millie Bobby Brown, estrela de Stranger things.

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