Luto

Aplausos, fogos e samba no adeus ao eterno Jesus Cristo de Pernambuco, José Pimentel

O caixão do artista foi conduzido por integrantes do elenco que interpretam os apóstolos na Paixão de Cristo do Recife

Publicado em: 15/08/2018 12:22 | Atualizado em: 15/08/2018 16:25

O padre João Carlos Santana da Costa, da comunidade Arcanjos, no Arruda conduziu a cerimônia religiosa. Foto: Nando Chiappetta/DP
Uma despedida digna de um homem de teatro que dedicou sua vida aos palcos. O corpo do ator e diretor José Pimentel foi sepultado, nesta quarta-feira (15), ao som de aplausos, fogos de artifício e batuque da escola de samba Gigantes do Samba, no Cemitério de Santo Amaro, bairro central do Recife. Os atores que interpretam os apóstolos de Cristo na encenação do Recife conduziram o caixão até a sepultura. 

No primeiro momento, uma cerimônia foi realizada na Capela do cemitério. Tia Zeza de Oiá, a última sacerdotisa de Oiá em Pernambuco, homenageou o artista e entoou cânticos da religião. Em seguida, o padre João Carlos Santana da Costa, da comunidade Arcanjos, no Arruda, prosseguiu com a despedida, e intercalou o discurso com canções religiosas, como Jesus Cristo, de Roberto Carlos.

Os amigos, colegas de profissão, pessoas da cena cultural pernambucana e muitos admiradores deram o último adeus ao diretor que teve seu trabalho e dedicação reconhecidos para o teatro pernambucano. "Pernambuco te ama. Você é sinônimo de resistência. Viva Pimentel! Viva o teatro pernambucano! Por você tenho muita gratidão, amizade e respeito! Segue na luz", disse a atriz e produtora Edvânia Batista ao microfone. 

Antes de ser internado, Pimentel passou dez dias em Serra Talhada, no Sertão pernambucano, dirigindo a peça O Massacre de Angico – A Morte de Lampião, na programação do Tributo a Virgolino - A Celebração do Cangaço. Esta é considerada a última atuação profissional dele. "Nessa temporada ele apenas dirigiu. O médico proibiu ele de participar  porque as condições de saúde dele não permitiam. Mas ele esteve até a última encenação dirigindo a peça", contou um dos atores do elenco, Feliciano Félix. "Ele é um espelho para nós. Um homem com 84 anos e com a saúde debilitada, não se entrega. Ele dizia queria morrer em cena, e metaforicamente, foi do jeito que ele quis", finalizou.

O ator pernambucano Walmir Chagas, conhecido pelo personagem Véio Mangaba, elogiou o legado de Pimentel. "Ele me chamava de Furinho, um personagem que criei ainda no início da carreira. Nos encontramos em vários momentos, ajudei ele em trilhas sonoras, no teatro, e também como ator", relembra. "Ele revolucionou o teatro ao ar livre e foi ele quem implementou a dublagem na Paixão. As pessoas foram contra e criticaram, mas hoje tanto em Fazenda Nova, como em outros teatros de rua são dublados. Ele foi inovador e revolucionário". 

Atores que interpretam os apóstolos de Jesus na Paixão levaram o caixão até a sepultura. Foto: Nando Chiappetta/DP


Escola Gigantes do Samba homenageou o artista no samba-enredo de 2004. Foto: Nando Chiappetta/DP
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