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Dupla Anavitória estrela filme sobre amores fluidos e beija meninas em cena: ´É como enxergamos'

Longa retrata os dois primeiros anos de carreira das artistas responsáveis por sucessos como Agora eu quero ir, Dengo e Trevo

Publicado em: 02/08/2018 12:00 | Atualizado em: 02/08/2018 15:37

Produção mostra como tudo começou e retrata a rápida ascensão de Ana Caetano e Vitória Falcão, ambas de 23 anos. Foto: Divulgação


Duas garotas de 20 e poucos anos que se juntaram para gravar vídeos para o YouTube, começaram a cantar e se tornaram estrelas respeitadas por artistas consagrados, pelo público e pela crítica, em menos de dois anos. O pano de fundo para o filme Ana e Vitória, que estreia hoje nos cinemas, é mostrar como tudo começou e retratar a rápida ascensão de Ana Caetano e Vitória Falcão, ambas de 23 anos. As cantoras, nascidas em Araguaína, interior do Tocantins, chegaram ao Rio de Janeiro e se encaixaram na música, atraindo uma legião de admiradores. Na sessão de estreia desta quinta-feira (2), haverá transmissão de um pocket show da dupla. Já na sexta-feira (3), Ana e Vitória estarão no Shopping RioMar, no Pina, Zona Sul do Recife, para uma exibição especial, onde vão tirar fotos com os espectadores.

O longa dirigido por Matheus Souza, o mesmo de Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo da minha vida (2011) e Tamo junto (2014), não tem pretensão de ser meramente biográfico, mas revela a simplicidade e humor com que as artistas encaram o trabalho e lidam com questões como a fama e o sucesso. A trilha sonora da produção é composta por músicas inéditas, que costuram as cenas de forma singela e mostram como elas acreditam no amor. "As canções deixaram a história bem amarradinha. Se tivesse uma a menos ou a mais, ficaria desfalcada. Acho que foi o suficiente”, explica Ana Caetano, compositora das letras. De estreita relação com a dupla, o cantor Tiago Iorc participou da direção musical do filme, mas não aparece no enredo. 



Na trama, as cantoras responsáveis por sucessos como Dengo, Agora eu quero ir, Trevo, Singular e Chamego meu, do disco de estreia, Anavitória (2016), vivem relações amorosas fluidas, sem barreiras, e utilizam recursos tecnológicos como mensagens instantâneas, aplicativos de paquera e de vídeos no dia a dia. A história é construída a partir de fatos reais, mas ganha toques criativos do diretor, que aborda temas como bissexualidade, amor livre e relacionamento aberto. As personagens Ana e Vitória encaram novas descobertas, passam por crises de identidade, encontros e desencontros e conseguem fortalecer uma amizade. Mais do que a busca pelo amor arrebatador, elas mostram como encontrar, no outro, o companheirismo, a parceria e a fidelidade. 

"Não queremos apontar se é ficção ou realidade. Matheus foi destrinchando as situações que já vivemos e adaptou para o filme. Tem um pouco de verdade e de mentira em tudo. Não importa muito o que é real", acredita Ana. "São histórias minhas e da Ana que se mesclaram. Muitos podem tomar como verdade absoluta, mas se trata de uma comédia romântica musical. Tem fala ensaiada, roteiro e tudo", explica Vitória. O elenco do filme é formado ainda por Bruce Gomlevsk, no papel do empresário Felipe Simas, Thati Lopes (Porta dos Fundos) e Erika Mader. Uma das revelações é a atuação de Clarissa Müller, influenciadora digital que interpreta e canta. 

"Tem um pouco de verdade e de mentira em tudo. Não importa muito o que é real", explica Ana Caetano. Foto: Divulgação
 
Entrevista - Ana e Vitória  // Cantoras e atrizes
 
Como foi o processo de criação do roteiro e construção dos personagens?
Vitória: Essa questão da atuação veio muito da percepção do Matheus na direção. Ficamos todos imersos no filme por várias semanas, uma de preparação e ensaios e três para as gravações. Na primeira, fomos discutindo várias coisinhas: como a gente queria falar, o que fazia sentido e não fazia mostrar. Muitos dos diálogos foram definidos individualmente, comigo, com a Ana e com os outros atores separadamente. 

Vocês se esquivam de responder a respeito da orientação sexual de cada uma. O filme levanta essa questão. Como imagina que o público vai receber isso? 
Ana: A gente quis falar sobre amor e como acreditamos que seja o amor. Que é livre e que você pode se apaixonar por um menino ou por uma menina, e tudo bem com isso. Não é preciso se colocar em caixinhas, dizer se você é isso ou aquilo. 

Estão preparadas para as eventuais críticas?
Ana: Quando a gente se propôs a fazer já sabíamos da possibilidade de as pessoas não gostarem e se chocarem. Existe essa polarização para tudo hoje em dia. O filme retrata muito do que acreditamos e não faria sentido nos basear na vontade do outro ou mudar o roteiro por uma pessoa que não iria aceitar. 

Vitória: A ideia do outro não pode se sobrepor à sua. A história que queremos contar é assim. Se uma pessoa quer ver ou não, a decisão é dela. A posição positiva ou não é opinião dela. Estamos em uma democracia, todo mundo é livre para sentir ou pensar o que quiser. De maneira alguma desrespeitamos alguém. Sinto que foi um jeito tão bonito e tão leve de contar essa história da realidade, que ela está aí. Quem não quiser ver é porque quer tapar os olhos. 

Pretendem fazer uma continuação do filme?
Ana: Várias pessoas já perguntaram isso. Dizem que a cena do final dá a entender. É engraçado, mas não houve essa ideia. A cena final já existia antes de o filme começar a tomar forma. Não descartamos a possibilidade, mas vamos ver como será a repercussão.

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