Literatura

Mercado editorial aproveita a Copa para lançar livros sobre a Rússia

Confira as obras para saber mais sobre a história passada, recente e contemporânea do país-sede da Copa do Mundo

Publicado em: 02/07/2018 13:01

Nicolau II, o último czar Románov, e a família: executados
Foto: Boitempo Editorial/Reprodução


Os Románov e a Revolução Russa são as estrelas da história da Rússia. Não há como falar no país sem pensar nesses dois fenômenos: eles marcaram a trajetória de um império que sempre esteve à frente da geopolítica europeia. E são eles também as estrelas do mercado editorial neste mês de Copa do Mundo. As editoras aproveitam o momento em que os torcedores estão de olho na Rússia para lançar biografias, relatos e literatura referentes ao país.

Oito gerações de Románov dominaram a Rússia entre os séculos 17 e 20. O fim foi dramático, com a execução da família de Nicolau II, incluindo o cachorrinho, em julho de 1918. Os bolcheviques, que lideravam a Revolução, decidiram eliminar toda a família imperial para não ter perigo de um retorno à monarquia. O mito de que a princesa Anastácia, filha de Nicolau, teria sobrevivido ao massacre rondou historiadores durante muito tempo antes de ser comprovado como falso.

A Revolução foi outro acontecimento devastador na história do país. Em outubro de 1917, a Rússia iniciava a trajetória rumo à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com um movimento que pregava o fim da aristocracia e um governo comandado pelos operários e trabalhadores. A partir dali, o mundo se dividiria em dois blocos e entraria numa nova era, marcada pela rivalidade entre os países capitalistas e socialistas e pela ameaça nuclear.

É uma história que marcou o mundo, mas nem sempre é bem conhecida. “A Rússia é tão importante no mundo dos negócios, mas sua história é muito pouco compreendida”, acredita Simon Sebag Montefiore, autor de Stálin – A corte do czar vermelho, Os Románov e Catarina, a grande & Potemkin, obras monumentais sobre personagens essenciais da história do país. “Amo a história russa, seu drama e sua escala, mas também a literatura, a arte e a cultura. E ele se tornou um país tão relevante que precisamos compreendê-lo, dado a proeminência de Putin”, explica Montefiore, um dos convidados da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano. Abaixo, uma lista de lançamentos recentes para os leitores que quiserem se aprofundar um pouco mais na história do país que recebe a Copa do Mundo.

DUAS PERGUNTAS //  Simon Sebag Montefiore

Como teve a ideia de escrever sobre Catarina e Potemkin?
Eu sempre quis escrever esse livro. Eles eram personagens extremamente talentosos e complexos, mudaram a Rússia e a história europeia, continuaram o trabalho de Pedro, o Grande, de fazer da Rússia não apenas uma grande potência, mas também um país poderoso tanto no Ocidente quanto no Oriente Médio. Eles anexaram a Crimeia, engoliram metade da Ucrânia e da Geórgia, bombardearam o Líbano e a Síria e criaram uma frota no sul e no Mediterrâneo. Catarina e Potemkin foram, durante muito tempo, desprezados por historiadores homens que a retrataram como uma ninfomaníaca e a ele, como um cafetão. 

Como se explica a obsessão mundial com a família Románov?
Os Románov são a dinastia familiar de maior sucesso em termos de território e poder desde Genghis, mas eles acabaram em um declínio e uma catástrofe. Em termos de drama, é uma história com um auge e uma grande queda. Tem todos os ingredientes de um drama, mas também nos ensina muito sobre uma nação que precisamos compreender na era de Putin e num momento de Copa do Mundo! Tem personagens maravilhosos, como Catarina e Pedro, mas também monstros, idiotas e loucos. Além disso, as mulheres são muito importantes nessa história. E isso também faz parte do nosso tempo. Catarina foi, de muitas maneiras, moderna e sexualmente livre. Isso fica claro no relacionamento dela com Potemkin.

Infância. Juventude. Adolescência 
De Liev Tolstói. Tradução: Rubens Figueiredo. Todavia, 494 páginas. R$ 69,90
Confessamente autobiográficos, os textos funcionam como um retrato da Rússia do século 19. A ideia original do autor era escrever um romance em quatro partes, mas a última nunca chegou a ser escrita. 

Viagem sentimental
De Viktor Chklóvski. Tradução: Cecília Rosas. Editora 34, 406 páginas. R$ 67
Chklóvski foi comissário de guerra do governo, logo após a Revolução de 1917. Foi perseguido, participou da conspiração antibolchevique, se exilou em Berlim. Sua Viagem sentimental narra os horrores da guerra e as contradições da Revolução. 

O último tsar – Nicolau II, a Revolução Russa e o fim da dinastia Romanov
De Robert Service. Tradução: Milton Chaves de Almeida. Difel, 462 páginas. R$ 79,90
É a dualidade de Nicolau II que Service explora na biografia que tem início na abdicação, em 1917. O autor acompanha os 16 meses entre a detenção do tsar pelos revolucionários até a execução. 

Catarina, a grande & Potemkin – Uma história de amor na corte Románov
De Simon Sebag Montefiore. Tradução: Berilo Vargas. Companhia das Letras, 840 páginas. R$ 89,90
Montefiore, um dos convidados da Flip 2018, mostra que a aliança amorosa entre Catarina e Potemkin foi, também, o maior pacto político da Rússia, fator decisivo para o império no século 18. 

A casa dos mortos – O exílio na Sibéria sob os Románov
De Daniel Beer. Tradução: Renata Guerra e Donaldson M. Garschagen. Companhia das Letras, 476 páginas. R$ 84,90
A Sibéria recebeu milhares de prisioneiros revolucionários mas, em vez de as ideias deles serem minadas, elas geraram escritos que são a base para Beer.
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