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FIG 2018: Vanessa da Mata canta o amor em noite dominada por artistas mulheres

Além dela, se apresentaram Amanda Back, Aninha Martins, Laila Garin e Rita Benneditto

Publicado em: 23/07/2018 09:00

Artista relembrou grandes sucessos da carreira como Ainda bem, Amado, Ai ai ai, Vermelho e Não me deixe só. Foto: Felipe Souto Maior/ Fundarpe/Divulgação


Em noite marcada por chuva intensa, a cantora e compositora Vanessa da Mata subiu ao palco do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), neste domingo (22), e foi recebida pelo público que lotou o Palco Mestre Dominguinhos, na Praça Guadalajara, para ouvi-la cantar o amor. Vanessa estreou no FIG em 2014 e voltou este ano para apresentar a turnê Caixinha de música.

Durante entrevista nos bastidores, a artista destacou as canções que mais se encaixam na temática do festival: Um viva à liberdade. "Gente feliz fala de diversidade, do respeito, fala de se cuidar e não implicar com a vida do outro. Já Boa sorte tem um diálogo de libertação, de uma situação de escravidão de amor. Se coloca, hoje em dia, que todo mundo tem que estar apaixonado, tem que estar no marketing do amor. Mas às vezes é bem melhor estar sozinho, do que com alguém que não te faz bem", pontuou Vanessa. O repertório do show contou com os grandes sucessos da carreira como Ainda bem, Amado, Ai ai ai, Vermelho e Não me deixe só

"Vejo muita gente desesperada para ter um relacionamento, para colocar no Facebook e no Instagram. De alguma forma, é uma geração complicada, traumatizada e machucada por causa dos relacionamentos. O egocêntrico está muito forte também. A psicopatia mudou para um lado onde você precisa ter várias pessoas e machucá-las para se sentir melhor. Quanto mais o outro fica arrasado com um fora seu ou traição, mais esse inseguro ou insegura se sente melhor. É preciso falar mais sobre isso", refletiu a cantora.

A programação da noite do domingo foi dominada por artistas mulheres. Além de Vanessa, também se apresentaram Amanda Back, Aninha Martins, Laila Garin e Rita Benneditto. Sobre feminismo e empoderamento, Vanessa da Mata reforçou o discurso pós-feminista. "Entendo a palavra empoderada, mas prefiro dizer que somos poderosas. O empoderamento demora muito para chegar. Sempre me considerei pós-feminista. Porque eu já tinha o diálogo e já conquistava meu espaço muito cedo. Sou filha de um homem extremamente machista, fazendeiro, que andava armado. E eu era a menina que ele queria casar com 13 anos. A conquista teve que vir muito cedo. Tive que ser muito forte. A próxima geração precisa entender que a gente já é poderosa, não pode ser menos que isso".

Outro show de destaque foi o da cantora maranhense Rita Benneditto, que celebrou os 15 anos do projeto Tecnomacumba, com músicas que representam o candomblé e a umbanda"O preconceito tem piorado, infelizmente. A gente vive um retrocesso, um momento delicado. Sou do axé, da espiritualidade e acredito na mudança. Estamos na Era de Aquário e a evolução está acontecendo, por mais que surjam pessoas querendo bloquear o que de mais rico nós temos, que é a cultura brasileira. Nós vamos resistir. Estar no palco de um festival de 28 anos é resistência. Tenho a responsabilidade de mostrar ao público o universo da cultura afro brasileira, que sempre foi muito rechaçada. O artista tem o dom de transformação. A resistência é dolorosa, mas é inevitável e necessária", comentou. 

Rita se mostrou solidária ao espetáculo O evangelho segundo Jesus, rainha do céu, protagonizado pela atriz e mulher trans Renata Carvalho, que foi cortado da programação do festival"Confesso que no primeiro momento eu ri. Já fui impedida de fazer um show no Rio de Janeiro por um traficante evangélico. Eles ameaçaram metralhar o show, por isso não fiz", relata. Sobre o projeto, que comemora 15 anos, ela afirma que o mais importante é resistir a qualquer manifestação de preconceito. "As pessoas têm ideia pejorativa da palavra macumba. A macumba é um ritual, palavra de origem iorubá, mas as pessoas não sabem disso. Várias gravadoras fecharam as portas para mim. Se esse tal político soubesse que eu viria, talvez quisesse também bloquear o meu espetáculo. Esse show é a maneira de dizer: temos que estar aqui. Temos que assumir nossa história".

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