Garanhuns

FIG 2018: Festival começa nesta quinta-feira celebrando a diversidade e a liberdade criativa

Considerado um dos maiores eventos de arte e cultura do país, o Festival de Inverno de Garanhuns terá 10 dias de festa

Publicado em: 19/07/2018 14:45 | Atualizado em: 19/07/2018 14:54

Depois de sua última apresentação, em 2014, Vanessa da Mata retorna ao Palco Dominguinhos, principal polo de shows do evento. Foto: Fundarpe/Divulgação

Música, teatro, artes visuais, fotografia, literatura, artesanato e circo são apenas algumas das modalidades artísticas da 28ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que começa nesta quinta-feira (19) e vai até o dia 29 de julho. Considerado um dos maiores eventos de arte e cultura do país, o FIG é organizado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), e vai reunir mais de 500 atrações em 21 polos espalhados pela cidade do Agreste. Sob o tema Um viva à liberdade, a edição deste ano tem como o objetivo dar mais visibilidade à liberdade de criação artística e de pensamento dos artistas e de suas obras.

A abertura será hoje, a partir das 19h, no Teatro Luiz Souto Dourado (Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti), com o espetáculo Auê, da companhia teatral carioca Barca dos Corações Partidos. A montagem, que foi vencedora do Prêmio Shell 2016, apresenta 21 canções autorais e inéditas, mesclando as músicas com dança e performance. Divididos em seis palcos, os shows do festival começam a partir da sexta-feira (20). Entre os principais nomes que vão subir ao polo Dominguinhos, montado na Praça Guadalajara, durante todo o festival, estão: Daniela Mercury (dia 21), Vanessa da Mata (dia 22), Diogo Nogueira (dia 25), ÀTTØØXXÁ (dia 26), Emicida (dia 26), Gaby Amarantos (dia 27), Titãs (dia 28) e Cordel do Fogo Encantado, amanhã, encerrando a primeira noite de shows.

Cordel do Fogo Encantado encerra a primeira noite de apresentações musicais. Foto: Tiago Calazans/Divulgação

A banda já se apresentou no festival em 2000 e, após um hiato na carreira, volta para esta edição do FIG com as músicas do mais recente disco Viagem ao coração do sol, lançado em abril deste ano. “Esse festival é uma grande vitrine para que os artistas do interior possam se expressar e estar entre os grandes nomes nacionais que vão participar da grade”, conta o percussionista Emerson Calado, sobre a importância de tocar no evento. “O novo show dialoga com essa geração mais nova, como uma troca de informações. A gente vem com uma mensagem de esperança, de crença no futuro e de que a arte é uma grande ferramenta de evolução e integração entre as pessoas. Passar por várias regiões do país está sendo um processo de muito amadurecimento”, continua. Durante o show da banda, a cantora pernambucana Isadora Melo vai fazer uma participação em algumas músicas do novo álbum. “Já conhecíamos o trabalho dela e esse nome foi soprado aos nossos ouvidos. A presença de Isadora traz para o nosso show um discurso político e um reforço muito forte. O elemento da força feminina na arte sempre foi muito representado em nossas letras e a gente entrega essas partes para que ela cante no show. Então, não é apenas uma participação especial, Isadora já faz parte do nosso grupo”, conclui Emerson.

O show de Pedro Luís vai homenagear Luiz Melodia. Foto: Nana Moraes/Divulgação

No primeiro sábado, a principal atração do palco Dominguinhos é o músico Pedro Luís, com um show em homenagem a Luiz Melodia. Ele vai apresentar canções do disco Pérola negra (1973), como Vale quanto pesa, Estácio e Magrelinha. “A partir de conversas com meu time de criação e produção, me desafiei a escolher que artista e álbum gostaria de homenagear. A opção por Luiz Melodia e seu Pérola negra foi quase instantânea. Ele é um príncipe da poesia, da música e norteou meus caminhos estéticos por sua diversidade musical, sem preconceitos, deixando que a música flua pelo melhor caminho para a poesia escorrer”, explica Pedro. O artista já esteve duas vezes no FIG. A primeira, com sua banda Pedro Luís e a Parede, no palco alternativo, e a segunda, no palco principal, ao lado de Ney Matogrosso, com o projeto Vagabundo. “A expectativa é sempre grande. Levar, pela primeira vez, um projeto solo ao FIG e em um palco que leva o nome de Dominguinhos, é muita responsabilidade”, afirma.

Além do palco principal, o festival terá outros polos alternativos. O palco pop vai unir música autoral e contemporânea da terça-feira (24) até o sábado (28). Lá vão se apresentar atrações como a cantora baiana Xênia França, a rapper paulista Tássia Reis e os cantores recifenses Juvenil Silva e Publius Lentulus. No palco forró, os shows também serão realizados de terça a sábado. Nádia Maia, Irah Caldeira, Azulão, Cezzinha e Gennaro são algumas das atrações. Já no polo Som na Rural, instalado no Parque Euclides Dourado, a festa começa amanhã, a partir das 18h, e segue até o sábado (28). O público vai poder assistir a shows dos mais diversos gêneros musicais, como o Mestre Luiz Paixão, os músicos olindenses Gilu Amaral e Tiné, Bande Dessinée, a mineira Ceumar e a cantora Isaar. A música instrumental também terá espaço no FIG 2018. O palco montado no Parque Ruber van der Linden recebe, a partir da terça, atrações como o Maestro Duda, a Banda Musical Curica e o Maestro Ademir Araújo.

A poetisa Luna Vitrolira vai comandar a Mesa de Glosas Mulheres de Repente. Foto: Jan Ribeiro/Divulgação

O já tradicional polo de literatura ganha, neste ano, o nome de Praça da Palavra Raimundo Carrero, marcando os 70 anos do pernambucano. O espaço vai contar com recitais, debates, lançamentos de livros e leituras dramáticas. Uma das atrações de destaque é a Mesa de Glosas Mulheres de repente, idealizada pela poetisa Luna Vitrolira. “Como o ambiente da cantoria de viola, do improviso e das glosas, sempre foi majoritariamente ocupado por homens e muito machista, as mulheres não podiam cantar e declamar poesia na mesa de glosa. Foram pouquíssimas mulheres que subverteram essa ordem da época e conseguiram exercer a atividade artística-poética pelo Sertão”, explica Luna. “A ideia é justamente trazer essa força da voz poética feminina na contemporaneidade, nesse exercício da glosa, que durante tanto tempo foi negado. Coloco esse projeto em todo o lugar que posso e essa será a primeira vez no FIG. Todo mundo está comentando e querendo somar com a gente”, comemora. Luna vai coordenar a mesa e pautar temas voltados para questões feministas. Além dela, Mulheres de repente vai contar com Dayanne Rocha, Elenilda Amaral, Erivoneide Amaral e Francisca Araújo, que foi a primeira mulher negra a integrar uma mesa de glosas. Na ocasião, Luna Vitrolira também vai lançar o seu livro Aquenda - o amor às vezes é isso.

Peça protagonizada pela atriz transexual Renata Carvalho foi retirada da programação. Foto: Divulgação

Polêmica
Desde que foi anunciada como uma das atrações do 28º Festival de Inverno de Garanhuns, a peça O evangelho segundo Jesus, rainha do céu vem sendo alvo de críticas. O espetáculo é protagonizado pela atriz transexual Renata Carvalho, que vive Jesus na história. Por este motivo, a peça acabou saindo da programação do festival e lançou um financiamento coletivo na internet com o objetivo de arrecadar fundos para que a apresentação aconteça em outro local. Os ingressos esgotaram em dois dias de vendas e o local escolhido será divulgado apenas no dia 27, para evitar retaliações.

Confira a programação completa do Festival Inverno de Garanhuns
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