Música

Francisco, el hombre faz crítica social e política em músicas com clima festivo

Banda que mescla sonoridades latinas se apresenta neste sábado (16) ao lado de Los Sebosos Postizos no Bud Basement

Publicado em: 16/06/2018 18:15 | Atualizado em: 16/06/2018 18:36

Banda foi indicada ao Grammy Latino na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa. Foto: Jeff/Divulgação

Francisco, el hombre é uma banda de rua, define Mateo Piracés-Ugarte, que formou o grupo em 2013 ao lado do irmão, Sebastián. Mexicanos naturalizados brasileiros, se reuniram com amigos do Brasil, Andrei Martinez Kozyreff, Juliana Strassacapa e Rafael Gomes, também em busca de novas maneiras de se expressarem musicalmente. Sem planejamento, naquele mesmo ano colocaram os instrumentos na mala e saíram de carro de Campinas (SP) até o Chile, para tocar onde fosse possível, de praças a teatros. Maturado pela estrada, o quinteto desembarca mais uma vez no Recife, para show neste sábado, às 21h, no Budweiser Basement (Av. Sul Gov. Cid Sampaio, 121, Imbiribeira). A noite terá também show de Los Sebosos Postizos, que celebram 20 anos de atividade. Os ingressos custam R$ 50.

A definição dada por Mateo não tem a ver somente com o histórico da banda e o caráter quase nômade de quem circulou bastante pela América Latina. É algo mais subjetivo, relacionado com a maneira como a Francisco, el hombre faz música. "É justamente essa coisa de se conectar com público estabelecer conexão", diz, explicando que o esforço dos músicos em fisgar a atenção de transeuntes ou conquistar plateias nos palcos mais variados acabou se refletindo na maneira como as performances ao vivo se desenrolam. "É entrar seco e sair molhado", acrescenta o músico a respeito da energia despendida ao vivo.

"Cada show é único, cada vez a gente mete um som novo, recriando o som na hora", explica Mateo, adiantando que, para além do frescor que a banda tenta sempre trazer ao executar as músicas, serão reveladas algumas faixas novas do próximo disco, sucessor de Soltasbruxas (2016). As novas composições surgem sobretudo de um processo coletivo, da interação com as plateias e locais visitados. "A gente vai criando com o público", comenta, a respeito dos improvisos e inspirações que surgem no palco e acabam virando matéria-prima para canções.

A mistura de latinidades, presente na gênese do grupo, que transita da pachanga ao folk, ganha periodicamente novos ingredientes e, no momento, uma das principais adições é o eletrônico latino-americano, como o reggaeton. "Já está rolando, nem a gente está entendendo", brinca Mateo sobre a inclusão quase intuitiva de alguns elementos ao longo do tempo. Já tendo se apresentado no Rec-Beat, em 2016, e, mais recentemente, no Guaiamum Treloso Rural, o grupo irá, pela primeira vez no Recife, executar o repertório completo, em um show de maior duração. O Nordeste, aliás, é um destino querido da banda, que no início da carreira chegou a percorrer a região pegando caronas na BR-101.

Indicada no ano passado ao Grammy Latino na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa, a banda tem letras marcadas por temas de cunho político e social. De recado desaforado a um presidenciável, como a faixa Bolso nada, a críticas ao matriarcado, a exemplo de Triste, louca ou má, o grupo aborda tópicos sérios em letras enérgicas e sonoridade vibrante. "A gente está vivendo uma espécie de guerra civil, pessoas jogando pedras uma nas outras, dois lados, vermelho e azul, coxinha e petralha", diz, acrescentando que, a despeito do clima de cisão que tem predominado, “tocar temas políticos é um fator de união”. E, mesmo com o cenário nebuloso, o músico se diz otimista. "É inevitável que a gente ande pra frente. Depois da tempestade, clareia. Algo novo está por vir, eu sou otimista, sim. E isso não significa ficar sem fazer nada. Pelo contrário, é fazer mais ainda. E música cumpre o papel de conectar", afirma Mateo, que promete uma apresentação "com sangue nos olhos".

Comemoração
Durante mais de dois terços da carreira da Nação Zumbi, a banda vem levando em paralelo o projeto da Los Sebosos Postizos, quando Jorge du Peixe, Lúcio Maia, Dengue e Pupillo deixam de lado o manguebeat para celebrar a música de Jorge Ben Jor. Surgido inicialmente em 1998, na forma de um show intitulado Noite do Ben, dedicado às canções do carioca, o tributo foi além da proposta original e chegou a render um CD em 2012, além de turnês periódicas.
Nação Zumbi celebra 20 anos de projeto paralelo. Foto: Divulgação

Celebrando os 20 anos de atividades do projeto paralelo, o Los Sebosos promete uma apresentação pautada em clássicos como O homem da gravata florida, Descalço no parque, O telefone tocou novamente, Zumbi e Brother, entre outras. Além das duas bandas, a noite ainda terá discotecagem do DJ 440 (Terça do Vinil). O Budweiser Basement funcionará durante toda a Copa do Mundo, com exibição de jogos e atrações musicais. O espaço conta com arquibancada, telões, bares, lounges, barbearia e estúdio de tatuagem.
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