Copa

Crianças nigerianas gravam clipe em homenagem à seleção do país

O grupo Dream Catchers é formado por seis meninos e seis meninas entre 6 e 16 anos que viviam nas ruas

Por: AFP

Publicado em: 25/06/2018 15:01 | Atualizado em: 25/06/2018 15:36

Grupo é admirado por Rihanna e Naomi Campbell e ganha projeção além da Nigéria. Foto: Instagram/Reprodução

Como pequenas marionetes, contorcem-se na carcaça de um ônibus entre o lixo a um ritmo contagiante. São os Dream Catchers (Caçadores de Sonhos), crianças de rua nigerianas cuja dança foi registrada em um vídeo que viralizou, admiradas pelas estrelas Rihanna e Naomi Campbell. Até pouco tempo atrás, os Dream Catchers, seis meninos e seis meninas entre 6 e 16 anos, não sabiam o que era uma coreografia. Nesta segunda-feira (25), dançam em um clipe do cantor nigeriano Amada em homenagem à Seleção da Nigéria, que disputa a Copa do Mundo da Rússia 2018, e foram vistos por milhões de pessoas nas redes sociais.

"O que fizemos este ano é enorme, fomos longe, muito longe%u201D, diz Seyi Oluyole, professora de dança e tutora de 26 anos, que ainda não consegue acreditar na façanha alcançada por estas crianças de rua dos subúrbios de Lagos, a capital nigeriana.

No início de março, esta jovem professora divulgou na página do Instagram do Dream Catchers (atualmente com quase 80 mil seguidores) o último vídeo de suas crianças prodígio, que se contorcem com seus sorrisos de orelha a orelha ao ritmo de uma canção afrobeat da estrela pop Wizkid.

Logo Rihanna e o influente produtor americano P. Diddy compartilharam o clipe em suas próprias contas, disparando o número de visualizações a mais de 2,8 milhões. Semanas depois, a modelo Naomi Campbell, convidada para a Fashion Week de Lagos, em abril, os visitou em Ikorodu, um subúrbio pobre da megalópole nigeriana, e a imprensa registrou as crianças saltando em seus braços.

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Uma publicação compartilhada por Ikorodu Talented kids %uD83C%uDDF3%uD83C%uDDEC (@dreamcatchersda) em




Desde então, os Dream Catchers são muito solicitados. São dias frenéticos entre prêmios e colaborações com artistas. Seyi Oluyole fundou este grupo há quatro anos para ajudar as crianças de rua de Lagos a %u201Csonhar%u201D e reencontrar o caminho da escola. Naquele momento, a professora dirigia o grupo de dançarinos de sua igreja e, aos domingos, via como vinham as crianças pobres do bairro, ávidos por esquecer a fome. %u201CCada vez vinham mais crianças, e sempre queriam dançar. Depois de um tempo, percebi que a maioria deles não ia à escola, nem sequer falavam inglês%u201D, explicou, referindo-se a uma das línguas oficiais do país.

Seyi tinha 12 anos quando seu pai, banqueiro, perdeu seu trabalho e toda a família ficou na rua durante dois anos. %u201CTive a oportunidade de continuar indo à escola porque era muito importante para meus pais, mas vi de perto a miséria dos outros%u201D, disse. Hoje, Seyi recebe uma dezena de crianças em sua casa de três ambientes transformada em um espaço de alegria. Nas paredes há retratos de ícones como Nelson Mandela, Oprah Winfrey e Serena Williams, com a frase: %u201CTodo dia é uma segunda chance%u201D.

Na Nigéria, quase 10,5 milhões de crianças não vão à escola, segundo o Unicef, que aponta que esta é a cifra %u201Cmais alta no mundo%u201D. Seyi convenceu os pais a confiar as crianças a ela, e ofereceu pagar sua educação com o que ganha escrevendo roteiros para uma rede de televisão. O grupo ensaia todas as tardes, mas os que não têm boas notas não podem dançar por alguns dias. %u201CÉ o pior dos castigos%u201D, diz.

Busola, de olhos grandes e cabelo curto, é chamada de T-boy. Tem 13 anos e passou grande parte de sua vida pedindo esmola nos engarrafamentos de Lagos, com seu irmãozinho nos braços. Agora, sonha ter um futuro como %u201Cdançarina, atriz ou cabeleireira%u201D, disse. %u201CAntes, eu só falava iorubá, as outras crianças zombavam de mim%u201D, contou Dami, de 10 anos. %u201CDesde que vou à escola, sei ler e escrever. Minha vida mudou.%u201D 

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