Cinema

Cine PE tem programação intensa nesta sexta-feira. Confira:

Por conta do encurtamento do festival, filmes foram redestribuídos e grades aumentaram

Publicado em: 01/06/2018 14:00 | Atualizado em: 01/06/2018 14:05

Christabel, de Alex Levy-Heller, é um dos destaques na noite de sexta-feira. Foto: Cine PE/Divulgação

O segundo dia de Cine PE será o mais longo de toda a programação deste ano, com mais de quatro horas e meia de projeção. Ao todo, serão exibidos quatro curtas e dois longas-metragens. A grade, mais alongada do que em edições anteriores, deve-se encurtamento do período do festival: seis dias, em lugar dos sete anteriormente previstos, por conta do adiamento em razão da crise dos combustíveis. As sessões têm início às 19h30, no Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista). A entrada é gratuita. 

 

Além das sessões, o segundo dia da 22ª edição do Cine PE terá homenagem a Cássia Kis. A atriz receberia a Calunga de Ouro, honraria máxima do festival, no ano passado, mas acabou não podendo comparecer ao evento. 

Nesta sexta-feira, a noite tem início com a exibição do documentário pernambucano Uma balada para Rock Lane, de Djalma Galindo, que conta a história de José Leite Duarte, um morador de Arcoverde que assume a identidade do ator dos faroestes norte-americanos e passa a circular pelas ruas vestido como cowboy. Na mostra de curtas-metragens nacionais, Teodora quer dançar, Balanceia e Banco Brecht.

Já a mostra competitiva de longas começa com Christabel, de Alex Levy-Heller, releitura do poema de S. T. Coleridge (1816), marco da literatura de horror e o primeiro título inglês a mostrar a figura de um vampiro. Na sequência, Os príncipes, de Luiz Rosemberg Filho, que traz uma violenta história urbana guiada por dois homens que saem em busca de uma noite de violência e sexo.

[Abertura

Abertura teve bom público no São Luiz. Foto: Felipe Souto Maior/Divulgação

A julgar pela primeira noite da 22ª edição do Cine PE, o festival tem potencial para reconquistar a relevância perdida nos últimos anos, que sofreram com programações irregulares e público idem. Na quinta-feira, noite de abertura, o Cinema São Luiz, casa do evento ficou praticamente lotado. 

Se no ano passado a organização foi acusada de realizar uma programação com títulos alinhados à direita, o que se viu este ano foi uma maior pluralidade de visões nos filmes, algo comentado até por Graça Araújo, apresentadora do festival desde a primeira edição, que chegou a afirmar que a programação tinha de filmes "cabeças" a "coxinhas". A política também se expressou na voz do público, que por diversas vezes chegou entoar "fora Temer".   

Uma das homenageadas do festival, a cineasta pernambucana Katia Mesel recebeu a Caluga de Ouro, honraria do Cine PE, em reconhecimento aos 50 anos dedicados ao audiovisual. "Eu quero dedicar uma parcela dessa homenagem às mulheres, porque nesses 50 anos eu vi o foco mudar. Cinquenta anos atrás, as mulheres no audiovisual eram basicamente as atrizes. Hoje em dia, elas desempenham todas as funções dentro do mercado cinematográfico", afirmou. A diretora será lembrada também com sessão especial na tarde de sábado, às 14h, quando serão exibidos oito de seus curtas-metragens, como Recife de dentro pra fora (1997) e Fora do eixo(2005). 

A seleção de filmes da primeira noite se mostrou diversa em estilos e temáticas e, importante, parece ter agradado ao público. A mostra pernambuca de curtas teve duas animações, a primeira, Dia-um, da quadrinista caruaruense Natália Lima (do duo Sapo Lendário), trouxe uma narrativa enxuta, sem diálogos, mas muito eficiente. O segundo, O consertador de coisas miúdas, de Marcos Buccini, boa adaptação de HQ de João Lin, mostrou sensibilidade em uma pequena fábula sobre resistência e solidão. 

O título mais aplaudido da noite foi Marias, de Yasmin Dias, curta sobre violência contra as mulheres, com depoimento de quatro vítimas de relacionamentos abusivos. O curta traz, ainda, a história de uma quinta mulher, a mãe da realizadora, que foi morta pelo marido. Simples na realização e muito intenso no conteúdo, é um filme realmente necessário. 

Belas imagens e uma atuação visceral de Bruno Goya marcaram a exibição de Sob o delírio de agosto, de Carlos Kamara e Karla Ferreira, que acompanha o processo de degeneração mental do açougueiro Severo (Goya). Outro bom trabalho foi o Abismo, de Ivan de Angelis, uma labiríntica e algo cômica jornada de um porteiro preso entre elevadores e escadarias que parecem não ter fim. 

Fechando a noite, dois filmes da mostra hours concours: o bonito e emocionante curta-metragem Desculpe, me afoguei, coprodução entre a organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o estúdio libanês Kawakeb, que traz uma história sobre as frequentes tragédias envolvendo refugiados vítimas de afogamentos no Mediterrâneo. Encerrando a noite, a estreia nacional da comédia Mulheres Alteradas, do diretor estreante Luís Pinheiro, inspirada na HQ de Maitena. 

 
[Programação - Sexta-feira (1º)


19h30
Mostra competitiva de curtas-metragens pernambucanos
Uma Balada para Rock Lane (PE). Documentário. Direção: Djalma Galindo, 20’

Mostra competitiva de curtas-metragens nacionais
Teodora quer dançar (MT). Ficção. Direção: Samantha Col Debella, 23’
Balanceia (RO). Ficção. Direção: Juraci Júnior e Thiago Oliveira, 7′
Banco Brecht (PE). Ficção. Direção: Tiago Aguiar e Marcio Souza, 8’

Homenagem a Cássia Kis

Mostra competitiva de longas-metragens
Christabel (RJ). Ficção. Direção: Alex Levy-Heller, 113’

Os príncipes (RJ). Ficção. Direção: Luiz Rosemberg Filho, 90’ 


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