Cinema

Amores de Chumbo, da pernambucana Tuca Siqueira, tem sessão seguida de debate nesta quinta-feira

Filme que aborda amor na terceira idade mostra triângulo amoroso iniciado durante ditadura militas

Publicado em: 21/06/2018 16:30 | Atualizado em: 21/06/2018 16:24

Longa é o primeiro lançado pelo selo Elas, dedicado a mulheres cineastas. Foto: Plano 9/Divulgação

Ainda vívido na memória nacional, o período militar fez parte da trajetória da cineasta pernambucana Tuca Siqueira. Em 2013, a diretora lançou Mesa vermelha, documentário com depoimentos de 23 ex-presos políticos do Recife – entre eles seu pai, Luciano Siqueira, vice-prefeito da cidade –, encarcerados entre 1969, com a promulgação do AI 5, e 1979. Mesmo que não esteja em primeiro plano, a questão volta a aparecer no primeiro longa-metragem de ficção dela, Amores de chumbo, em cartaz no Cinema São Luiz a partir de hoje. A primeira sessão, às 19h30, será seguido de debate com a cineasta, e os atores Cláudio Ferrário e Augusta Ferraz. A mediação é do jornalista Laércio Portela. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia).  

A produção é a primeira lançada pelo recém-criado selo Elas, de Elo Company, dedicado exclusivamente a realizadoras mulheres. Outras oito produções já foram contratadas nesta primeira fase do projeto e devem chegar aos cinemas até 2020.

O drama é conduzido a partir triangulo amoroso cuja origem remonta aos tempos da ditadura no Brasil. O casal Miguel (Aderbal Freire Filho) e Lúcia (Augusta Ferraz), que tem a relação abalada após a descoberta de alguns segredos do passado, revelados com o retorno ao Recife de Maria Eugênia (Juliana Carneiro da Cunha). Amiga dos dois desde a época do regime militar, Maria é também o antigo amor de Miguel. De carreira predominantemente teatral, a trinca de atores principais se sai bem e convence como conhecidos de longa data.

Como a diretora faz questão de ressaltar, o filme não se foca no regime militar e, sim, na história de amor. Ambientada no tempo presente, a narrativa se dedica às questões afetivas e amorosas desse trio de personagens, na faixa dos 60 ou 70 anos. De todo jeito, o roteiro, assinado por Tuca e Renata Mizrahi tem no período de repressão no Brasil um importante elemento narrativo. Os traumas e as vivências da ditadura são parte indissociável da vida dos protagonistas, todos com passado de resistência e militância política.

Mesmo passando por tópicos sensíveis, o longa de Tuca Siqueira é predominantemente marcado pela leveza. Destaca-se também por abordar afeto e sexo entre pessoas na terceira idade, assunto e segmento pouco explorados no cinema, principalmente no audiovisual. Em suma, um filme cativante sobre a atemporalidade do amor. 
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