O Ginásio de Esportes do Santa Cruz Futebol Clube, no bairro do Arruda, na Zona Norte do Recife, recebeu na noite do último sábado (26), a primeira edição da Mostra de Quadrilhas Juninas de Pernambuco. O evento contou com a participação de grupos da Região Metropolitana do Recife e uma convidada da Paraíba, a Quadrilhando sobre Rodas, composta por integrantes cadeirantes. Além de fortalecer o movimento cultural, o objetivo da festividade esteve em oferecer mais uma prévia no calendário junino do estado e promover a solidariedade.
Todas as pessoas que foram prestigiar a festividade, doaram um quilo de alimento não perecível para ajudar as instituições Hospital do Câncer, Abrigo Cristo Redentor e Grupo de apoio a portadores de DST/AIDS. Segundo o presidente da Federação das Quadrilhas Juninas (FEQUAJUPE), Antônio Amorim, o grupo conseguiu arrecadar 1,5 tonelada de alimento. “Em um único espaço, conseguimos unir cultura, companheirismo e inclusão social. O sucesso foi tão grande que já estamos planejando o segundo projeto da mostra, previsto para acontecer no dia 25 de maio de 2019”.
Após a apresentação da quadrilha paraibana, foi a vez da Origem Nordestina, do Morro da Conceição. O grupo mostrou um pouco do espetáculo
Rainha, o casamento de Oxum, que abordou a religiosidade de matriz africana, contando a história dos orixás Oxum (deusa da beleza, do amor e da fertilidade) e Xangô (divindade da justiça e do fogo).
O quadrilheiro Heber Tavares, explicou que o trabalho foi fruto de uma longa jornada de ensaios. “Iniciamos os preparos em Outubro do ano passado e divulgamos o tema em uma festividade da comunidade. Acredito que é preciso denunciar a intolerância religiosa e o racismo. O nosso povo tem sangue negro e nós devemos muito aos ancestrais pelo país que temos”.
Em seguida, se apresentou no forródromo a Junina Lumiar, que trouxe o tema
Na festa de Santo Antônio, solteira é que não fico. O grupo do Pina, na Zona Sul do Recife, retratou a garra e a homenagem ao santo católico conhecido como casamenteiro.
Comandados pela voz do marcador e presidente Fábio Andrade, os brincantes iniciaram o espetáculo cantando:
Mas é preciso ter fé e na oração confiar em nosso padroeiro acreditar que a sua causa irá alcançar, emocionando o público que assistia sem pestanejar. A Lumiar tem a fama de marcar o ciclo junino com canções autorais, escritas pelo diretor musical Léo Marques.
Logo após, foi o momento da Raio de Sol rogar por São José pedindo um plantio germinador com o tema
Ventre, chão, Sagração. A junina de Olinda evidenciou o amor pela terra e a importância da agricultura para os brasileiros, pedindo à santidade uma colheita farta e vida em abundância. O bailarino Arylson Matheus, um dos componentes da quadrilha, relatou que ela sempre busca evidenciar em seus espetáculos a tradição e o amor que os nordestinos possuem pela sua cultura e sua identidade. “Sou apaixonado pela dança popular e conto os segundos para o São João começar”.
Depois da Raio, entrou em cena a Junina Tradição. O grupo do Morro da Conceição, Na Zona Norte do Recife, trouxe a alegria do
São João em Saruê, tendo como marcador o educador físico e professor de dança Bruno Henrique.
O estudante de Administração, Daniel Soares, contou que quadrilha é sinônimo de união e confraternização. “Nós lutamos para que este ciclo seja tão importante. E a resistência não é somente no mês de junho, mas nos 365 dias do ano”.
A penúltima da noite foi a Quadrilha Zé Matuto, de São Lourenço da Mata, que denunciou a corrupção no país através do tema “Na cultura brasileira, Quadrilha só de São João”.
A festividade fez parte do primeiro projeto aprovado no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), considerado pelos quadrilheiros uma grande conquista para o movimento no estado. A proponente e anfitriã da atividade foi a Junina Zabumba, de Camaragibe, que encerrou o ciclo de apresentações da noite com a estreia do espetáculo “Triângulo Amoroso”.
Com quase duas décadas de existência, o grupo composto por 130 componentes retratou a história dos trios que envolvem o ciclo junino, passando pela religiosidade, musicalidade e relacionamentos. Após as apresentações das juninas, as bandas Marquinhos Balada, Michele Melo e os MCs Dread e Danilo Bolado comandaram a noite no
ginásio.
Mais uma conquista
Além da conquista em ter um projeto aprovado em um edital estadual, os quadrilheiros pernambucanos comemoraram no último dia 09 de maio de 2018, o anúncio da subvenção realizado pela Prefeitura do Recife, que possibilita aos grupos o recebimento de verba municipal para montagem dos espetáculos.
Confira a cobertura do DIARIO nas redes sociais:
1. Quadrilha Origem Nordestina (Rainha, O casamento de Oxum)
2. Quadrilha Junina Lumiar (Na festa de Santo Antônio, solteira é que não fico)
3. Quadrilha Raio de Sol (Ventre chão, Sagração)
4. Quadrilha Junina Tradição (Festa em Saruê)
5. Quadrilha Zé Matuto (Na cultura brasileira, Quadrilha só de São João)
6. Quadrilha Junina Zabumba (Triângulo Amoroso)