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Projeto de música e poesia reflete a resistência de artistas goianenses
As 16 canções e sete poesias que compõem Tertúlia refletem as relações afetivas dos artistas com o município de Goiana
Por: Emília Prado
Publicado em: 10/05/2018 10:20
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Valfrido Santiago, Lucas Torres, Sam Silva e Phillipe Wollney são artistas de gerações e estilos diferentes, mas os quatro são naturais da cidade de Goiana, Zona da Mata Norte do estado. Os conterrâneos já eram conhecidos de parcerias musicais e, com o tempo, se tornaram amigos. O projeto Tertúlia surgiu de um dos encontros corriqueiros entre eles. A apresentação, que ocorre nesta quinta-feira (10) no Poço das Artes, mistura a sonoridade de Valfrido, Lucas e Sam com a poesia de Phillipe. Todos são compositores que vieram e permanecem na cena independente e têm como referência a arte da terra de origem.
“Quem pensa em Goiana, pensa em caboclinho, não lembra que existe algo além. O que trazemos é, principalmente, a cultura contemporânea, a poesia de manifesto, questionamentos políticos e sociais, o retrato da Goiana de agora”, revela o cantor e compositor Lucas Torres, que enxerga os antigos integrantes do caboclinho como “parte da engrenagem do que a cidade está se tornando”, referindo-se às grandes indústrias que se instalaram na cidade nos últimos anos e, segundo ele, provocaram um desestímulo aos artistas locais que, sem apoio, tornaram-se parte da mão de obra das empresas.
As 16 canções e sete poesias que compõem a apresentação refletem as relações afetivas dos artistas com o território. “Buscamos atualizar a estética da cidade, renovar o imaginário de Goiana, tanto da área urbana como da mais rural”, explica Phillipe. “Outro diferencial é que todos nós pensamos a música dando muita importância à palavra, ao texto, já que são todos compositores”, conta o poeta, que já teve seus versos musicados por Valfrido e Lucas.
Tertúlia estreou em Goiana no início de maio e circulará por outras cidades do interior e da Região Metropolitana, além de outros estados. “É essencial que outras cidades entendam a importância de descentralizar o pensamento de que a arte só acontece na capital. Temos que olhar para dentro, é quando nos descobrimos muito mais”, reflete Lucas. O projeto – ou manifesto – é sobre respeitar as raízes e investir em si mesmo. “Muitos artistas deixam Goiana, na maioria das vezes por um fator imposto a elas, aqui (Goiana) você não consegue investir em si mesmo, por isso permanecer é uma resistência.”
Serviço
Projeto Tertúlia - Sam Silva + Lucas Torres, Phillipe Wollney e Valfrido Santiago
Quando: Quinta-feira, 10 de maio, às 20h30
Onde: Poço das Artes (Rua Álvaro Macedo, 54, Poço da Panela)
Quanto: R$ 15
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