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Novo álbum da carioca Anna Ratto mescla ritmos pernambucanos com música eletrônica

Disco contém um dos clássicos da banda Eddie, Pode Me Chamar Que Eu Vou, além de uma parceria com o percussionista Jam da Silva

Publicado em: 21/05/2018 09:01 | Atualizado em: 21/05/2018 10:30

uma das canções, ela se permite expandir a relação com as músicas e timbres. Foto: Nana Moraes/Divulgação

Um dos clássicos da banda Eddie, Pode me chamar que eu vou, de Fabio Trummer, ganhou versão em samba-rock, reggae e beats eletrônicos pela cantora e compositora Anna Ratto. A faixa abre o disco Tantas, o quinto da carreira da carioca, lançado pela Biscoito Fino, e resultado dos esforços do trio formado por Anna Ratto, do DJ e baterista Marcelo Vig e guitarrista e produtor JR Tostoi. Eles se debruçaram em um laboratório musical mesclando ritmos pernambucanos a outras sonoridades e descobertas da música eletrônica.

"Amo a música cultural e folclórica misturadas com elementos contemporâneos. A sonoridade do disco traz uma impressão digital muito forte e ousadia nas experimentações", explica a artista em entrevista ao Viver. Com linguagens diversas, o fio condutor do trabalho é a voz e a interpretação da artista nas dez faixas. Tantas se divide em blocos e mostra seu lado festivo, intenso e as belas canções. "Ele abre um leque e o alcance de público. Vai conversar com outra galera, mas não deixa para trás quem já ouve meu som. Ele agrega mais gente", aposta.

As faixas foram trabalhadas em um processo de pesquisa, produção e gravações que durou cerca de dois anos, incluindo a gestação do primeiro filho de Anna nesse período. Em cada uma das canções, ela se permite expandir a relação com as músicas e timbres. Pernambuco aparece em Frevolenta, composta em parceria com o percussionista recifense Jam da Silva. A temática é voltada para o frevo, mas o som virou um baião eletrônico. "Ela é uma música de festa, mas tem um lado denso e emocional. Sobre a moça que é uma pimenta, gosta da vida, do frevo e da ciranda. Fala que o frevo da vida é pra se dançar. E é isso, não tem para onde correr”, elogia. Outra canção, Desbunde, também está no bloco das alegrinhas e conta com participação do cantor Carlos Posada, 'o pernambucano'. O artista nasceu na Suécia, mas cresceu no Recife e imprime toda a efervescência cultural da cidade nos seus trabalhos. 

Outro destaque vai para a canção Pra você dar o nome, assinada por Tó Brandileone, e um dos maiores sucessos do grupo 5 a Seco, que vem com arranjo diferente da original e será lançada nas rádios na voz da carioca. O disco ainda inclui dueto com João Cavalcanti, do Casuarina, e composições de Bruna Caram, Caio Prado, Ana Clara Horta e Rodrigo Cascardo. Para finalizar, a rebuscada Ana Luisa, de Rodrigo Maranhão, foi batizada com o nome da intérprete e tocada somente pelas cordas do Quinteto da Paraíba. “Pedi uma música e ele fez uma com meu nome de batismo. Levei um susto. Ela não é biográfica, mas fala das tantas mulheres que a gente pode ser na vida. Pode ser a Rosa, Ana, Maria ou Amélia”, explica a artista de como chegou ao nome da obra.

Ouça Pode me chamar que eu vou:


Entrevista // Anna Ratto - cantora e compositora carioca

Porque a escolha de uma música da banda Eddie?
Conheço a banda há muitos anos, já gostava e ouvia em festinhas alternativas na Lapa e no Circo Voador, mas nunca tinha pensado em gravar. Fazer releituras é uma característica e já regravei ídolos como Gil, Erasmo, Novos Baianos. Os produtores (Marcelo e JR Tostoi) sugeriram e eu comprei a ideia. Ficou muito diferente com uma voz feminina, o arranjo para cima, para abrir o disco festivamente. Tem tudo a ver com as coisas que ouço, esse flerte com os ritmos pernambucanos, o frevo e maracatu.

Como surgiu a parceria com Jam da Silva?
Ela é a única que tem minha autoria nesse disco. Não queria estar nesse lugar de compositora, queria ser canal para as músicas de autores que admiro. E o Jam é um deles. Pedi a para ele, como pedi para outras pessoas. Ele me mandou um trecho e incentivou: ‘Você não se anima de continuar?’ A inspiração veio na hora e rolou. Viajamos na ideia, trocamos mensagens por WhatsApp.

Como foi o processo de produção e gravação do disco?
Esse disco para mim é quase que um reinício, um novo momento de carreira. Vinha produzindo os outros trabalhos com Rodrigo Vidal, meu parceiro e amigo querido, a banda também era a mesma desde o início. E estava com muita vontade de mexer na estrutura do meu entorno. O artista precisa se questionar e identificar o que pode modificar para não se repetir. Sair daquela zona de conforto natural. Já vinha buscando elementos mais eletrônicos, um pouco da ousadia, mantendo a diversidade dos ritmos e a presença da musica brasileira com intervenções. Gravei o disco grávida e foi mais demorado. Tive o bebê, veio a licença maternidade e depois voltei para gravar as vozes. Durou 2 anos o processo todo e foi maravilhoso. Com o tempo ele foi ganhando mais sentido. É um disco muito nosso, não é só da cantora. Fomos um trio muito forte.
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