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Documentário traz o panorama da trajetória do ator Paulo José através dos recortes de inúmeros trabalhos

Filme chega aos cinemas da Fundação e São Luiz, no Recife

Publicado em: 08/05/2018 11:41 | Atualizado em: 08/05/2018 10:56

Dirigido por Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, o longa-metragem faz o panorama da trajetória de Paulo José. Foto: Vitrine Filmes/Divulgação

Multifacetada e extensa, a carreira de Paulo José, 81, está intrinsecamente associada ao cinema nacional, ao menos nas últimas cinco décadas. De clássicos como Macunaíma (1969) a produções mais recentes, como O palhaço (2011), o ator participou de pelo menos 50 filmes e virou tema central do documentário Todos os Paulos do mundo, que chega nesta quinta-feira aos cinemas da Fundação e São Luiz, no Recife.

Dirigido por Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, o longa-metragem faz o panorama da trajetória de Paulo José, sobretudo no cinema, a partir de trechos de inúmeros filmes, além de registros televisivos e do teatro. Em paralelo às imagens de arquivo, pensamentos e reflexões do ator a respeito do trabalho e da vida são lidos por amigos e profissionais que atuaram ao lado dele, como Fernanda Montenegro, Selton Mello, Flávio Migliaccio e Joana Fomm.

A decisão de evitar os tradicionais depoimentos, habituais em documentários do gênero, tem a ver o prestígio conquistado pelo ator. "Paulo é meio que unanimidade, nunca encontrei alguém que não goste, inclusive entre pessoas que não são do meio da cultura. Ele é um cara muito admirado por todos", diz Gustavo Ribeiro. "Ia ser bajulação", brinca o codiretor, acrescentando que o desejo era “falar de Paulo através dos personagens dele, entender o ser humano".

"O filme nasce única e exclusivamente da admiração pelo Paulo", reforça Ribeiro, citando, além do outro diretor, a importância da produtora Vania Catani para a viabilização do projeto. Amiga do ator há cerca de 20 anos, ela já planejava um documentário sobre a carreira dele e encontrou na dupla de realizadores um meio de colocar a ideia em prática. “Nós três gostamos muito de cinema brasileiro e, dos filmes que a gente mais gosta, ou, pelo menos, muitos deles, o Paulo está presente. Então, não é só uma homenagem ao Paulo, mas ao cinema brasileiro dos últimos 50 anos”, explica.

Para compor a colagem vista no documentário, os realizadores passaram um mês assistindo aos filmes e separando trechos que poderiam ser aproveitados, enquanto a montagem demorou seis meses. No processo, foram vistos 49 filmes. Um dos títulos da filmografia de Paulo José, Gaudêncio! O centauro dos pampas (1971), de Fernando Amaral, não chegou a ter qualquer cópia localizada pela produção e não pôde ser consultado para a obra.

"Tem uma coisa que ele (Paulo) fala no filme, que ele sempre faz o papel dele mesmo. A convergência desses papéis é o próprio Paulo", comenta Ribeiro, reforçando que, apesar dessa convergência, é um ator muito versátil. O biografado abriu o acervo pessoal para os realizadores e também chegou a conferir o processo de amadurecimento do filme, desde o primeiro corte.

"Ele tem uma espécie de sala de ensaios, fez uma sessão ali, para algumas pessoas da equipe e funcionários da casa. No dia seguinte fez uma lista com anotações pertinentes sobre as partes que ele achava que o filme estava embarrigado”, recorda o diretor, ressaltando que o ator não fez qualquer exigência. "Esse filme também é dele, mas sempre respeitou muito as nossas decisões. Apenas, muito generosamente propunha coisas”".

Macunaíma (1969)
Joaquim Pedro de Andrade
O clássico de Mário de Andrade tem, na versão cinematográfica, um protagonista interpretado por dois atores. O índio Macunaíma, que nasceu negro (Grande Otelo), após se banhar em uma fonte mágica fica branco (Paulo José). Em entrevistas, Paulo José conta que foi escolhido para o papel por eliminação, após atores como Agildo Ribeiro recusarem.

A vida provisória (1968)
Maurício Gomes Leite
O longa tem como personagem central Estevão (Paulo José), repórter de um jornal conservador que vai a Brasília cobrir um pronunciamento e acaba envolvido em uma trama política. “É um filme que ficou esquecido, não sei por que. Se não me engano, é o único feito durante a ditadura que fala sobre totura”, diz Gustavo Ribeiro .

A culpa (1971)
Domingos de Oliveira
“Outro que ficou meio esquecido sob o peso da ditadura militar”, diz Ribeiro, que destaca a beleza da fotografia colorida da produção. Na trama, os irmãos Heitor (Paulo José) e Matilde (Dina Sfat) assassinam o pai com a intenção de antecipar o recebimento da herança. Após o crime, passam a receber ameaças de uma suposta testemunha.
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