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Desnecessária ou indispensável? Segunda temporada de 13 reasons why estreia dividindo público

A temática abuso sexual volta, no momento em que Hollywood fala mais abertamente sobre o assunto

Publicado em: 18/05/2018 09:22 | Atualizado em: 18/05/2018 09:41

A personagem Jessica (Alisha Boe) ganha destaque na temporada. Foto: Netflix/Divulgação.
A segunda temporada de 13 reasons why (2017) chega à Netfix hoje em meio a uma polêmica: o serviço de streaming deveria ou não ter dado continuidade ao drama adolescente que se passa na Liberty High School? Fãs estão divididos em relação à resposta. Entre os que apoiam a renovação da série, o principal argumento é a necessidade de dissolução de conflitos que ficaram em aberto na primeira temporada. Já os que discordam, apresentam alegações variadas. A segunda temporada foi considerada "desnecessária" e até "um exercício de mau gosto e isca descarada para as manchetes" por fãs e pela imprensa norte-americana. É mencionado ainda o fato de o livro que deu origem ao produto audiovisual (Os Treze Porquês, de Jay Asher) não ter um segundo volume.

Controvérsias à parte, é indiscutível o apelo da série entre o público mais jovem. Debates em escolas e nos jantares de muitas famílias foram possíveis graças ao gancho da história, que, na primeira temporada, girou em torno do suicídio da personagem Hannah Baker (Katherine Langford). A protagonista da trama volta a aparecer, desta vez, em flashbacks, que serão o novo fio condutor.

O tema estupro, presente nos episódios de 2017, volta a ser discutido na série. A temática abuso sexual chega, agora, num momento em que Hollywood fala mais abertamente sobre o assunto, após denúncias contra o produtor Harvey Weinstein e outros nomes do entretenimento, como o próprio autor do livro que deu origem à adaptação televisiva. Em fevereiro, Asher foi banido da Sociedade de Escritores e Ilustradores de Livros Infantis por alegações de assédio. Além dele, o ilustrador David Diaz também foi expulso da organização.

Na primeira temporada, as cenas de estupro e a sequência explícita em que a protagonista tira a própria vida causaram controvérsias e fez serviços de prevenção ao suicídio de vários países se manifestarem contra a produção. Na época, um dos roteiristas publicou uma carta aberta onde defendeu que "parecia a oportunidade perfeita para mostrar como o suicídio realmente é, para acabar com esse mito do adormecimento silencioso, para fazer os telespectadores encararem a realidade do que acontece quando você pula de um prédio em chamas para algo muito, muito pior", escreveu Nic Sheff. O escritor contou que teve problemas com vício e tentou tirar a própria vida no passado e que essa vivência contribuiu para a decisão de mostrar a morte de Hannah. "A coisa mais irresponsável que poderíamos ter feito seria não mostrar nada da morte", completou.

O foco da temporada é o julgamento iniciado pela mãe de Hannah, Olivia Baker (Kate Walsh). Foto: Netflix/Divulgação.
A crueza com que os temas bullying, estupro, suicídio e negligência escolar foram tratados volta nesta segunda temporada. Agora, o foco é o julgamento iniciado pela mãe de Hannah, Olivia Baker (Kate Walsh), contra a escola onde a adolescente estudava. O objetivo da família Baker será provar, usando as 13 fitas cassetes gravadas pela garota que sua morte aconteceu em decorrência do bullying sofrido no colégio, além de ter sido abusada sexualmente por um colega de classe, que também atacou outra estudante, Jessica (Alisha Boe), destaque da nova temporada.

A relevância dos assuntos abordados na trama, especialmente pelo fato de a série ter boa parte do público formada por adolescentes, fez a Netflix criar alertas antes dos episódios. Um vídeo com o elenco anunciando o site 13reasonswhy.info, que direciona os espectadores a centrais de apoio, roda antes da abertura. No ano passado, nos Estados Unidos, subiu 445% o número de e-mails com pedidos de ajuda recebidos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Gostem os fãs que ainda rejeitam a continuação ou não, é inevitável reconhecer que a Netflix tem, com a série, promovido discussões fundamentais. Esse debate não pode continuar sob o véu do tabu.

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