Aniversário

Rádio Clube, a pioneira do Brasil, comemora 100 anos

Inaugurada em 1919, emissora pernambucana terá seu centenário contado de forma regressiva até 6 de abril de 2019

Publicado em: 06/04/2018 09:59 | Atualizado em: 06/04/2018 10:41

As Rádios Clube AM e FM e o Grupo R2 começam hoje a contagem regressiva da comemoração dos 100 anos. Foto: Paulo Paiva/DP

A primeira rádio do Brasil, a Clube de Pernambuco, a icônica PRA-8, comemora daqui a um ano seu centenário de fundação. O 6 de abril de 1919 marca a histórica reunião de um grupo de amadores da telegrafia sem fio que nesta data registrou a fundação oficial da rádio. Eles se comunicavam por diversão e estavam obstinados a aperfeiçoar as transmissões para levar o “pensamento humano” por meio de redes sem fio. Conseguiram mais: liderados por Augusto Joaquim Pereira, tornaram-se precursores do rádio como veículo de comunicação e foram protagonistas de uma revolução. Documentos oficiais e publicações em jornais da época comprovam o vanguardismo.

As Rádios Clube AM e FM e o Grupo R2 começam hoje a contagem regressiva da comemoração dos 100 anos, com o lançamento de um projeto memorialista que será veiculado na programação das emissoras e em reportagens publicadas toda semana nas páginas do Diario de Pernambuco até 6 de abril de 2019. 

Foi idealizado para documentar o legado pioneiro dos amadores da telegrafia, narrar o progresso visto década após década da sua inauguração e valorizar quem fez e faz a trajetória de sucesso da Rádio Clube.

“A gente quer aproveitar esse momento para as pessoas conhecerem a história da Rádio Clube de Pernambuco, que é pregressa à história oficial da rádio no Brasil”, afirma Pierre Lucena, vice-presidente Comercial de e de Marketing do Grupo R2 - dono da Rádio Clube, Diario de Pernambuco, portais de notícias e respectivas redes sociais. 

O projeto Rádio Clube 100 anos prevê ainda programas especiais que destacarão artistas projetados nacionalmente e o jornalismo na rádio. Programas em formatos curtos e longos, que contarão com a participação de professores, jornalistas e intelectuais. 

“Vamos mostrar como a Rádio Clube fez parte da construção da cultura de Pernambuco”, diz Leo Gangana, diretor-geral das rádios Clube AM e FM. Também serão promovidos encontros entre artistas e ouvintes, afora promoções, como a distribuição de prêmios para ouvintes da rádio e a realização de shows. 

Nesta retrospectiva desde  Augusto Joaquim Pereira em 1919 até 2019 estará, portanto, não só a história da Rádio Clube, mas das rádios no Brasil e até no mundo. 

“Cabe lembrar que não se pensa em radiodifusão propriamente dita àquela época, até porque somente a 2 de novembro de 1920 se inaugura a primeira estação de radiodifusão nos Estados Unidos, conforme afirma Oscar Dubeux Pinto, a KDKA da Westinghouse”, destacou Renato Phaelante, um estudioso respeitado da história do rádio, pesquisador e coordenador da Fonoteca da Fundação Joaquim Nabuco durante três décadas. 

Diariamente, Antônio escuta e pede músicas nas duas rádios AM e FM. Foto: Thalyta Tavares/Esp.DP

Antônio Pedro
Há 31 anos, desde que chegou ao Recife, seu Antônio Pedro acorda às 5h todos os dias e, antes mesmo de escovar os dentes, sintoniza a Rádio Clube. Toma café da manhã com a esposa Inalva embalados pelas notícias e é um dos mais assíduos ouvintes das duas rádios, AM e FM. Pede músicas (adora Ivente Sangalo, Gustavo Lima e Aviões do Forró) e participa de promoções, fazendo ligações frequentes. Já ganhou mais de 15 prêmios. Cego, seu Pedro garante: “A Rádio ajuda a me tirar da solidão”. 

Candida Monteiro
Se há uma profissional que hoje tem a cara de uma rádio em Pernambuco e da Rádio Clube é Cândida. Mais de trinta anos de batente, aposentada e apaixonada pelo que faz, entre idas e vindas é a terceira vez que trabalha na Rádio Clube. Em rádio, foi de tudo: telefonista, pesquisadora de rua daquelas que transmitem a vontade do ouvinte para ir ao ar, e hoje é programadora musical. Vez por outra recebe visita de ouvinte que quer conhecê-la e abraçá-la. Tem um filho de 21 anos, Daniel, que criou com a ajuda do seu trabalho.
Em rádio, Cândida foi de tudo: telefonista, pesquisadora de rua daquelas que transmitem a vontade do ouvinte para ir ao ar. Foto: Thalyta Tavares/Esp.DP



Cronologia
Principais marcos da Rádio Clube no primeiro ano de funcionamento

6 de abril de 1919        
Fundada a Rádio Clube de Pernambuco por um grupo de Amadores de Telegrafia Sem Fio, a TSF. Neste data foi instituída a diretoria, liderada pelo presidente Augusto Joaquim Pereira. Tida ainda como um hobby para os integrantes, a comunicação via radiotelegrafia era feita com aparelhos construídos pelos próprios usuários e foi precursora da rádio como veículo de comunicação no Brasil

7 de abril de 1919
Publicada matéria no Jornal do Recife sob o título “Rádio Club”, anunciando o fato histórico com o seguinte texto: “Consoante convocação anterior realizou-se hontem na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Club, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegraphia sem fio (...) A primeira no gênero fundada no país”

27 de abril de 1919
Aprovados os Estatutos da Rádio Clube. Neles se prevê “vulgarizar, entre os seus associados a telegraphia sem fio e outras das ondas hertzianas, taes como: - a telephonia sem fio, a radio-dynamica, etc (...)” E o mais importante: cita a montagem de uma estação experimental para “transmissão sem fios do pensamento humano”

12 de setembro de 1919
Divulgada uma nota do governador do estado na Imprensa dando concordância à cessão de um pequeno pavilhão no Jardim 13 de Maio para “o referido club”. A exigência de uma caução no valor de 200 (Duzentos mil réis) atrasaria a concretização do sonho da primeira sede

14 de novembro de 1919
Obtida a quantia para a caução, a Rádio Clube passa a ter sede oficial, situada no bairro da Boa Vista. A partir de então, somam-se novos sócios: agora são os fundadores; os efetivos, propostos por outro associados; os beneméritos, que entravam com contribuições financeiras; e os honorários, aceitos por unanimidade. O prédio da Cruz Cabugá é oficialmente inaugurado em 1923

Fonte: Renato Phaelante da Câmara, pesquisador e ex-coordenador da Fonoteca da Fundação Joaquim Nabuco
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