Cinema

Clássico do cinema, '2001: Uma odisseia no espaço' completa 50 anos

A obra influenciou grande parte do cinema do gênero e tornou-se referência

Publicado em: 01/04/2018 16:45 | Atualizado em: 01/04/2018 16:48

Foto: Reprodução/Internet

Há 50 anos, o homem ainda não tinha ido à Lua, mas já poderia imaginar como seria se fosse. Isso porque, visionários, o cineasta Stanley Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke tiveram a audácia de criar uma narrativa em que, com tons realísticos, o ser humano, entre outros feitos, chegava ao satélite. De fato, a visão de Kubrick não difere tanto da real. Não por acaso, teóricos da conspiração juram que imagens da chegada da Apolo 11 e de Neil Armstrong à lua, em 1969, foram uma produção feita em estúdio pelo diretor.

Polêmicas conspiratórias à parte, 2001: Uma odisseia no espaço revolucionou o cinema não só pelos efeitos visuais deslumbrantes, mas também pelo tom filosófico e desafiador da narrativa e pela riqueza da produção assinada por Kubrick, diretor de outros clássicos, como O iluminado e Laranja mecânica.

Amanhã, 2001 completa 50 anos. Depois de cinco décadas, o clássico de Kubrick permanece instigante, aberto a várias interpretações e influenciando novas produções de ficção científica.

Barreiras

No início, porém, a aceitação não foi imediata. Talvez pela complexidade, talvez pela inovação, alguns críticos, como Renata Adler, do The New York Times, e Judith Crist, da New Yorker, chamaram o longa de monótono, sem imaginação e pretensioso.
Na premiere de 2001, metade do público deixou o cinema no meio da sessão sem entender do que se tratava o filme e perdida com as referências visuais e filosóficas da obra de Kubrick. Conta-se que, entre os que deixaram o cinema estava o ator Rock Hudson, que teria dito: “De que diabos trata esse filme?”.

Mas não demorou muito para a visão sobre o longa mudar. A exuberância e a profundidade influenciou praticamente todas as obras de ficção científica espaciais que vieram depois. George Lucas, pouco antes do lançamento de Star Wars, falou sobre a grandeza de 2001 em uma entrevista.

“Stanley Kubrick fez o filme de ficção científica final, e vai ser muito difícil para alguém vir e fazer algo melhor, tanto que estou preocupado. Em um nível técnico, Star Wars pode ser comparado, mas, pessoalmente, eu acho que 2001 é muito superior.”

O início

O roteiro de 2001 foi inspirado em um conto de Arthur C. Clarke chamado O sentinela. O escritor contou como ele e Kubrick chegaram à escolha do texto que deu base ao filme. “Stanley disse: ‘Eu quero fazer um bom filme de ficção científica’. Então, passamos por todos os meus contos para ver o que daria um bom filme. Nós paramos em cerca de seis”, disse em entrevista ao The New York Times.

“Uma por uma, nós jogamos fora as histórias. Eventualmente, ficamos em apenas duas delas. Uma era O sentinela e o outro era Encontro no amanhecer, na qual uma nave espacial aterrissa antes que o homem existisse e os viajantes encontrassem os macacos humanos. Nós iríamos originalmente chamar o filme de How the solar system was won (Como o sistema solar foi ganho, em tradução literal)”, completou.

Os significados

Difícil e incompreensível são alguns dos adjetivos que parte do público costuma dedicar a 2001 ao vê-lo pela primeira vez. Arthur C. Clarke chegou a afirmar que: “Se alguém entender isso na primeira visualização, falhamos em nossa intenção”.

Kubrick não concordava com a frase do escritor. “A própria natureza da experiência visual em 2001 é dar ao espectador uma reação instantânea e visceral que não exige — e não deve exigir — amplificação adicional”, disse em entrevista à revista Playboy americana sobre o longa.

O diretor se recusava a tentar explicar qual o sentido do filme justamente por acreditar que 2001 se trata de uma experiência não verbal. “De duas horas e 19 minutos de filme, há apenas um pouco menos de 40 minutos de diálogo. Eu tentei criar uma experiência visual, que ultrapassa a classificação verbalizada e penetra diretamente no subconsciente com um conteúdo emocional e filosófico.”

2001 deveria ser, para o diretor, entendido como música, sem precisar de maiores detalhes além da própria obra. “Porque explicar uma sinfonia de Beethoven seria enfraquecê-la”, justificou Kubrick.
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