Cinema

Bilheteria de filmes nacionais caiu mais de 40% em 2017

Por outro lado, filmes internacionais tiveram incremento de 6,4% nas vendas de ingressos

Publicado em: 22/04/2018 11:15 | Atualizado em: 22/04/2018 11:20

Exceção, o filme Minha Mãe é Uma Peça 2 foi  único longa nacional entre as dez maiores bilheterias do ano Foto: Downtown Filmes/Divulgação
O ano de 2017 foi dos mais produtivos para o cinema brasileiro. Foram 158 lançamentos, maior número desde 1995, quando a Agência Nacional do Cinema (Ancine) passou a contabilizar o índice. Por outro lado, a produção teve grande queda de público em relação ao ano anterior: 42,8%. Ao mesmo tempo, os títulos estrangeiros registraram incremento de 6,4% na venda de ingressos, o que não impediu a retração de 1,7% na bilheteria total, em comparação a 2016.

Segundo o superintendente de desenvolvimento econômico da Ancine, Vinícius Clay, existe um movimento de queda de público nas salas de exibição de todo o mundo, mas não seria o caso do Brasil. "Esse mercado, em nosso país, ainda possui espaço para crescer e, de fato, vinha crescendo de forma constante até o ano passado", diz. "Acreditamos que essa pequena queda no público total guarde alguma relação com a crise econômica que o país vem atravessando, mas a principal razão, sem dúvida, foi a queda do filme brasileiro".

Os longas-metragens estrangeiros foram responsáveis por 90,4% do público total nos cinemas em 2017. "Pela primeira vez, ficamos abaixo de 10%, mesmo tendo batido recorde no número de filmes lançados", lamenta Clay sobre o desempenho dos títulos nacionais. Uma das razões para esse fraco desempenho teria sido o menor número de produções brasileiras com forte apelo comercial.

Minha mãe é uma peça 2, por exemplo, configura como exceção, sendo o único longa-metragem do país entre as dez maiores bilheterias do ano passado. Com 5.213.465 ingressos vendidos, a comédia ficou em nono lugar do ranking. No topo da lista, a animação norte-americana Meu malvado favorito 3, com 8.989.024 entradas vendidas.

Dominada por comédias e filmes voltados para o público infantojuvenil, a lista das 20 maiores bilheterias nacionais tem apenas quatro produções que não se enquadram nessas categorias. São elas Polícia Federal: a lei é para todos (2º lugar), O filme da minha vida (14º), Bingo: o rei das manhãs (16º) e Como nossos pais (18º).

"Isso não significa dizer que devemos reduzir a quantidade de filmes brasileiros produzidos, na verdade é o contrário, nós consideramos fundamental manter o ritmo de crescimento da produção", avalia Clay, ressaltando que o bom desempenho de títulos nacionais costuma alavancar o setor. "O mercado como todo cresce quando o cinema brasileiro vai bem", pontua.

Apostas para 2018

Nada a perder

A cinebiografia do bispo Edir Macedo é dirigida por Alexandre Avancini e tem orçamento de R$ 16 milhões. A produção já vendeu perto de cinco milhões de ingressos, embora tenham sido frequentes os relatos de sessões com vendas esgotadas mas com salas praticamente vazias. Fenômeno similar foi visto no filme Os dez mandamentos, de 2016.

Turma da Mônica: Laços
Já com dezenas de animações lançadas, a criação de Mauricio de Sousa terá, pela primeira vez, um filme com atores. A direção é de Daniel Rezende (Bingo: O rei das manhãs) e a estreia está prevista para o segundo semestre. A produção adapta uma história dos quadrinistas Vitor e Lu Cafaggi, publicada em 2015 pelo selo Graphic MSP.

Os farofeiros
A comédia já acumulou perto de dois milhões de espectadores desde a estreia, dia 8 de março. O filme é dirigido por Roberto Santucci, um dos grandes nomes do gênero na atualidade e responsável também por franquias de sucesso como De pernas pro ar e O candidato honesto, que em 2018 também terão, respectivamente, a terceira e segunda parte lançadas.

Tudo por um pop star
Adaptação do livro de Thalita Rebouças, que, em 2017, teve o romance Fala sério, mãe! transposto para as telas com sucesso, ocupando o quinto lugar no ranking geral dos títulos nacionais do ano passado. Outros romances da escritora estão atualmente em produção, ainda sem data de lançamento: Ela disse, ele disse, Tudo por um namorado, e Era uma vez minha primeira vez.

Números

3,2 mil
É o total de salas de cinemas distribuídas pelo país

1/65 mil
É a relação de salas de cinemas/habitantes no Brasil

1/20 mil 
É a relação de sala de cinema/habitantes no México

89,6 salas
É a média de ocupação de um filme brasileiro no seu lançamento

213,3
É a média de salas nacionais ocupadas por um filme internacional no lançamento
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