Diario de Pernambuco
Busca

Literatura

A vida sem mãe de Eça de Queiroz é relatada em livro

Obra escrita pelo acadêmico Sílvio Neves Baptista ganha segunda edição

Publicado em: 25/04/2018 15:32

Lançamento será nesta quinta-feira, na Academia Pernambucana de Letras. Foto: Nando Chiappetta/DP

Foi durante uma viagem a Portugal que o advogado e professor de direito de família Sílvio Neves Baptista decidiu escrever sobre o romancista português, Eça de Queiroz. A pesquisa, que inicialmente seria algumas linhas a respeito da ausência do nome da mãe no registro de nascimento do escritor, resultou no livro Eça de Queiroz: um caso de abandono materno e de filiação socioafetiva. Lançado em 2012, o volume esgotou nas prateleiras, rendendo uma segunda edição com lançamento nesta quinta-feira (26), às 19h, na Academia Pernambucana de Letras.

O fato curioso do abandono materno sofrido pelo escritor fez com que Sílvio se sentisse provocado pelo caso. “A certidão de nascimento dele constava 'mãe incógnita' e isso me espantou por ser um fato raro até hoje. Descobri que a mãe dele teve uma gestação completa e o abandonou depois do nascimento sem nem amamentar”, conta Sílvio sobre os primeiros momentos de vida de Eça de Queiroz, que foi criado até os 5 anos por uma costureira pernambucana, com grande influência em sua trajetória.

Na publicação, Sílvio fala sobre a pesquisa que fez sobre incestos involuntários abordados em Os maias e em A tragédia da rua das flores. “Nas duas histórias, os irmãos, a mãe e o filho desconhecem o parentesco e Eça responsabiliza o abandono materno por esse incesto que ele poderia ter sido vítima”, explica. De acordo com o acadêmico, nos dias atuais, o abandono dos pais pode gerar para o filho abandonado o direito de exigir uma indenização contra os que o rejeitaram, e estes respondem civilmente. “No caso de Eça, isso não se aplicou, porque, naquela época, ninguém falava desse direito”, diz.

O professor aponta que a sua obra não é somente destinada aos especialistas em direito de família, mas também, para os que estão fora desse âmbito e que se interessam por Eça de Queiroz. A segunda edição foi ampliada de acordo com as biografias do português escritas por Campos Matos e Marques da Cruz, que não estavam no primeiro exemplar.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL