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Segunda temporada de Jessica Jones chega à Netflix: confira nossas impressões

Série mantém o ritmo lento, com foco nos diálogos e poucas cenas de ação

Publicado em: 08/03/2018 10:51 | Atualizado em: 08/03/2018 10:18

Personagem volta a ter problemas com a bebida nos novos episódios. Foto: Netflixo/Divulgação

O Dia Internacional da Mulher foi a simbólica data escolhida pela Netflix para a estreia da segunda temporada de Jessica Jones, com seus 13 episódios disponíveis na plataforma a partir de hoje. Única protagonista mulher entre as séries produzidas em parceria com a Marvel (Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Justiceiro), a personagem ganhou destaque pelo conteúdo denso da trama, envolvendo questões sobre relacionamentos abusivos e empoderamento feminino.

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Até agora uma das melhores coproduções entre a Marvel e Netflix, o primeiro ano da série trouxe um conteúdo maduro e mais pé no chão em relação a outros títulos adaptados dos quadrinhos. Jessica Jones (Krysten Ritter) é uma detetive particular com super poderes que quer andar longe de uma rotina heróica e tenta apenas seguir a vida sem maiores percalços. Os novos episódios dão continuidade aos acontecimentos da temporada anterior, pouco tempo após Jessica matar Kilgrave (David Tennant), um homem capaz de controlar pessoas a partir de sugestões verbais, graças à produção de feromônios produzidos pelo seu corpo.

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O grande mote do primeiro ano da série foi a metáfora sobre relacionamento abusivo, explicitada na forma como o vilão controlou a heroína e a obrigou a fazer coisas contra a vontade, além de empregar violência física e verbal. Embora Kilgrave tenha sido mostrado em materiais promocionais da segunda temporada, o personagem não apareceu nos cinco primeiros episódios liberados para a imprensa. Ainda assim, o vilão é mencionado e a morte dele é um fardo na consciência de Jessica Jones. Atormentada, ela questiona a necessidade do ato e a própria índole. A crise na consciência agrava a já problemática relação com a bebida e o comportamento agressivo da investigadora.

Em paralelo, ela também tenta descobrir os responsáveis pelos experimentos a que foi submetida, contra a vontade, na adolescência, e que resultaram nos seus poderes. À vontade no papel, Krysten Ritter segue personificando bem a personagem dos quadrinhos, criada pelo roteirista Brian Michael Bendis. Ainda mais turrona e desbocada, Jessica Jones se sai ainda pior campo do traquejo social, sendo, na maior parte do tempo, desagradável com todos ao redor, inclusive as poucas pessoas realmente próximas, como o assistente Malcolm (Eka Darville) e a irmã adotiva Trish Walker (Rachael Taylor). O programa continua sem seguir a narrativa básica de tramas envolvendo super-heróis.

De comportamento às vezes questionável, Jessica Jones é inspiradora de maneira não convencional. Ao contrário de uma personagem como Mulher-Maravilha, cujo senso de justiça e convicção heróica costumam ser inabaláveis, a detetive cria empatia justamente pelo comportamento imperfeito (e crível) e pelos dramas essencialmente humanos.

Como em outras séries da parceria Marvel/Netflix, o desenvolvimento de uma grande história ao longo de 13 partes parece não ser sempre o melhor caminho. Na primeira temporada, por vezes a trama parece artificialmente alongada, caminho que parece ser repetido no segundo ano. Pela própria natureza da personagem, cairia bem o modelo de episódios fechados ou pequenos arcos acompanhando investigações conduzidas por Jessica Jones. Falta explorar melhor o lado detetive da heroína. Ainda que questões relacionadas a abusos físicos e psicológicos contra a mulher continuem na pauta, eles deixaram de tema central.

A ausência de um grande tema não é problema, até porque a personagem tem carisma e atitude suficientes para segurar o programa. Por outro lado, ao direcionar a trama para uma investigação sobre a origem dos poderes de Jessica Jones e uma conspiração envolvendo outras cobaias super poderosas, a série acaba se aproximando mais de uma história genérica de heróis, ao menos nos primeiros capítulos da primeira temporada. O ritmo lento, não necessariamente arrastado, é mantido. Não é uma série com grandes momentos de ação e, sim, de diálogos.

Ainda assim, por mais que trilhe caminhos mais convencionais em termos narrativos, a atração se sobressai pelo aprofundamento psicológico e melhor desenvolvimento dramático, não só da protagonista como dos coadjuvantes.

Nas HQs

Quem quiser conhecer a versão em quadrinhos da personagem pode acompanhar, ainda, a republicação do primeiro volume de Alias (Panini, 244 páginas, R$ 50), série que serviu de estreia para Jessica Jones. Lançada originalmente em 2011, a revista da detetive fazia parte da linha Max, selo da Marvel Comics para publicações de temática adulta. Ao contrário do programa televisivo, nas HQs a investigadora está mais inserida no universo dos demais heróis da editora, contracenando regularmente com figuras como Demolidor, Homem-Formiga e Capitã Marvel. Embora tenha origem relativamente recente, a personagem foi criada como integrante de longa data da Marvel.

Nos quadrinhos, ela teria sido colega de Peter Parker (o Homem-Aranha) e o pai dela foi empregado de Tony Stark (o Homem de Ferro). Ao contrário da versão televisiva, na HQs ela teve uma carreira pregressa como super-heroína, adotando a identidade de Safira antes de abrir uma agência de investigação. 

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