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Masturbação, fantasias, sexo oral e a três são temas de série erótica sob viés feminino

Produção conta com nomes como Clarice Falcão, Laura Neiva, Claudia Ohana no elenco

Publicado em: 05/03/2018 11:10 | Atualizado em: 05/03/2018 14:24

Com dez episódios, produção retrata prazeres femininos. Foto: GNT/Divulgação

O erotismo na indústria audiovisual costuma ser retratado sob um prisma masculino, na maioria das vezes. Em filmes ou séries com cenas de sexo, prevalece um certo protagonismo do homem, no qual o foco do prazer é a satisfação dele. Desnude, nova série do GNT que estreia nesta segunda-feira, às 23h30, trilha o caminho oposto. Na plataforma digital do canal de TV por assinatura, os dois capítulos iniciais estarão disponíveis para não assinantes até o dia 12. Em dez episódios exibidos diariamente - sendo o último documental -, a produção de antologia dirigida por Carolina Jabor (Boa sorte) e Anne Pinheiro Guimarães aborda os desejos e fantasias sob a ótica feminina.

Para que a atração ficasse o mais próximo da realidade possível, a equipe foi quase 100% composta por mulheres. O ator Eduardo Moscovis é um dos únicos do sexo masculino no elenco. Da parte técnica, só um eletricista era homem. O canal de TV por assinatura realizou uma pesquisa, ao lado da produtora Conspiração, que aponta que 76% das questionadas disseram que consomem conteúdo audiovisual sensual no qual a mulher é protagonista. Por outro lado, 82% delas afirmaram que não se sentem representadas na abordagem.

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O diferencial de Desnude é apresentar um ponto de vista no qual as mulheres são colocadas como protagonistas em um gênero em que geralmente estão como coadjuvantes. A recifense Clarice Falcão protagoniza o episódio Indomável, no qual vive uma editora de livros que envia mensagens anônimas de teor erótico para um colega do trabalho. Ainda no elenco, Laura Neiva, Claudia Ohana, Pathy de Jesus, Rafaela Mandelli, Isabel Fillardis, Clarice Falcão, Paula Burlamaqui, Bella Camero e Luciana Paes.

Como foco ou não da narrativa, a liberdade sexual da mulher já transitou em outras séries. Embora não seja erótica, Orange is the new black ignora tabus ao retratar o prazer feminino com naturalidade. No dia a dia das prisioneiras, mostra cenas de masturbação, sexo oral entre mulheres e homem. Embora não seja o centro da trama, o prazer feminino preenche trechos importantes do seriado.

Com seis temporadas, Sex and the city protagonizou certo pioneirismo na televisão ao acompanhar as experiências de relacionamentos do quarteto de amigas. Exibida na HBO entre 1998 e 2004, a obra narra a história de personagens como a empoderada Samantha (Kim Cattrall), que fazia sexo sem compromisso, por puro prazer e liberdade, sem a romantização do ato. Ainda na abordagem feminina que foge do óbvio, a protagonista Carrie, incorporada por Sarah Jessica Parker, casou, mas não queria ter filhos, mais uma quebra de paradigma do retrato feminino na televisão. 

>> Entrevista Carolina Jabor // diretora

A série busca desconstruir essa ideia de educação sexual regrada que a mulher na sociedade brasileira sofre?
Quando o GNT nos procurou, a gente já estava em pesquisa sobre como as mulheres não se sentiam representadas em séries, histórias, filmes. Desconstruir essa ideia foi um dos nossos objetivos. De fato, a mulher ainda é muito condicionada ao prazer masculino. A série tem um pouco essa vontade de mostrar o protagonismo na mulher, que ela é dona do próprio desejo, ela está no controle do prazer dela. A gente resolveu fazer esse recorte para fantasias sexuais, porque sexualidade é um tema muito amplo.

Qual o principal desafio de trazer a temática do erotismo sob a ótica feminina em um produto de televisão?
Ainda é um tabu falar de sexo, principalmente quando se tem mulheres falando de sexo abertamente. Ainda é um assunto velado. A gente precisa falar cada vez mais sobre o assunto, até para uma troca maior de aprendizado, de troca de experiência. É um equilíbrio tênue, por ser exibido em canal de TV. Há limites, mas, ao mesmo tempo, quer ter uma ousadia. Foi um trabalho árduo, de equilíbrio.

Os episódios foram inspirados em relatos reais (ou experiências pessoais) de mulheres?
Sim. A série é um projeto de um coletivo de mulheres. A gente fez um trabalho com o GNT, com pessoas reais, contando fantasias, desejos. A partir daí, a gente conseguiu tirar a temperatura das mulheres, passou a entender certos tipos de mulher. Com isso, a gente partiu para criar histórias originais de ficção.

Como foi a direção das cenas de sexo?
Nunca tinha dirigido tantas cenas de sexo. Tinha dirigido poucas. Mas eu sabia que exigia muito trabalho de mesa, de decupagem. É um trabalho muito corajoso. Não tem que ter medo de fazer aquela cena. Quando a cena de sexo é a favor da história, ela é mais fácil de ser realizada.

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