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Amiga de vereadora assassinada reclama da falta de espaço para negros no Encontro

A escritora Ana Paula Lisboa revelou que foi convidada pela única negra da produção do programa

Publicado em: 15/03/2018 20:01 | Atualizado em: 15/03/2018 20:10

Edição teve 20 minutos dedicados ao assassinato de Marielle Franco. Foto: Globo/Reprodução

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) na noite desta quarta-feira (14) pautou as discussões do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, na manhã desta quinta-feira (15). Uma das convidadas foi a escritora Ana Paula Lisboa, que acompanhou a política de 38 anos em um evento realizado momentos antes de sua morte. "É muito difícil para mim estar aqui", desabafou a jovem. A amiga da vítima iniciou o programa agradecendo pelo convite, mas não deixou de alfinetar a emissora: "Eu estava pronta para dizer um 'não', mas eu só vim porque a produtora que me ligou hoje cedo falou para mim: 'Ana, eu sou a única mulher negra na produção. E a gente precisa falar sobre isso'", revelou.

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"Já há um tempo que eu falo que não queria falar mais sobre dor. É péssimo estar aqui no seu programa falando sobre isso porque eu poderia falar sobre muitas outras coisas", continuou. Fátima, por sua vez, ressaltou a importância do tema e lamentou que o convite tenha sido devido ao assassinato: "Para nós, também é muito melhor quando a gente não fala sobre dor e fala sobre lutas e sobre conquistas. Mas tem hora que não tem como". Esta foi a primeira vez que Lisboa participou do Encontro, enquanto Franco nunca chegou a ir ao programa.


"Eu tive que vir porque o trabalho da Marielle era exatamente este: trazer as pautas das mulheres, das mulheres negras, das mulheres faveladas. Trazer os corpos, na verdade, destas mulheres para ocupar outros espaços e para falar sobre outras coisas", disse Ana Paula. Ela também contou um pouco sobre como havia sido o evento realizado horas antes da brutalidade. "Foi muito bonito porque a gente falou sobre ancestralidade, força, sobre poder se reunir para falar sobre a dor. [...] O tema da conversa era 'jovens negras movendo as estruturas'. E a gente falou sobre como a gente estava conseguindo vitórias importantes".

Ela também ressaltou que o crime não foi apenas pelo fato de ela ser vereadora. "Foi um crime de ódio, racista, de feminicídio. Esperamos que haja justiça", disparou. "Enquanto não tivermos justiça, vamos ver acontecimentos como esse se sucedendo", acrescentou Bernardes. A edição desta quinta-feira ainda teve participações do rapper Rael, do ator Tony Ramos e do psicólogo Rossandro Klinjey, entre outros.

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