Artes plásticas

'A obra falava por ele', diz biógrafo de Corbiniano Lins sobre a discrição do artista

Pintor e escultor de 94 anos morreu na noite do sábado (10)

Publicado em: 11/03/2018 16:12 | Atualizado em: 11/03/2018 16:28

Pintor e escultor tem obras instaladas em diversos espaços públicos do Recife. Foto: Alcione Ferreira/DP

Responsável pelo livro Corbiniano Lins: Um olhar sobre sua arte (Funcultura, 135 páginas), o escritor e crítico pernambucano Weydson Barros Leal teve a oportunidade de conviver com o artista plástico durante a pesquisa para o trabalho. "Foi muito difícil, ele não falava, não queria falar. Ele dizia, 'escreva o que você quiser'", recorda o autor, que lembra do escultor como uma figura tímida, de "voz muito suave, doce". 

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"Era um gigante, como homem, como ser humano. Um gigante muito silencioso, recluso. Acho que até por isso viveu tanto, por se guardar muito bem. A obra falava por ele. Quem vê essas esculturas lindas pode identificar que era um homem dedicado à beleza, à contemplação", define Barros Leal. O crítico coloca a produção do artista plástico no mesmo patamar de outros contemporâneos, como Francisco Brennand, Gilvan Samico (1928-2013), Abelardo da Hora (1924-2014) e Reynaldo Fonseca.

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Sobre talvez ser menos conhecido em relação a esses outros nomes, o crítico destaca que o problema não tem a ver especificamente com a produção de Corbiniano. "Isso não é um pecado do Recife, de Pernambuco ou da arte. É uma questão humana. Nós nem sempre nos preocupamos em saber de onde vem a beleza", reflete. Ele também credita o desconhecimento ao fato de as obras estarem predominantemente em espaços públicos.

"As pessoas estão sempre passando com pressa", diz, acrescentando que, "independentemente do público, a obra existe, está lá, existe, vai sempre embelezar o lugar". "O reconhecimento na arte é algo extremamente complexo, é muito difícil. O grande valor independe do reconhecimento. Isso vale nada. Depois que o tempo passa, é a obra que fica, a obra vai permanecer”, defende.

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