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Entrevista: Lirinha comenta detalhes sobre retorno de Cordel do Fogo Encantado

Banda anuncia em breve data de shows e deve fazer turnê por período de um a dois anos

Publicado em: 26/02/2018 13:23 | Atualizado em: 26/02/2018 13:06

Banda retorna oito anos após a separação e lança disco de inéditas. Foto: Tiago Calazans/Divulgação

Depois de rumores, negativas e informações desencontradas, o Cordel do Fogo Encantado confirmou o retorno da banda. Conforme antecipado pelo Viver, a banda de Arcoverde quebrou o hiato de oito anos desde a separação do grupo e anunciou, enfim, a volta aos palcos e lançamento de novo álbum, intitulado Viagem ao coração do Sol, com lançamento programado para o dia 6 de abril. Junto ao anúncio, veio também a disponibilização dos três discos anteriores, remasterizados, nas plataformas digitais.

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É a primeira vez que a discografia do Cordel passa a ser oferecida nos serviços de streaming de música. Esgotados também nas versões físicas, os trabalhos anteriores, Cordel do Fogo Encantado (2001), O palhaço do circo sem futuro (2002) e Transfiguração (2006), serão relançados em breve, nos formatos CD e vinil, assim como o álbum de inéditas.

O quinteto formado por Lirinha (voz e pandeiro), Clayton Barros (violão e voz), Emerson Calado (percussão e voz), Nego Henrique (percussão e voz) e Rafa Almeida (percussão e voz) já tem shows marcados em algumas cidades, com datas a serem anunciadas. Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília são alguns dos palcos já confirmados. "Por conta do sigilo, tivemos limitação na negociação (de shows)", diz Lirinha.

"O grande objetivo da gente é unir o público do passado, a geração que nos conheceu e participou das experiências do show, com a geração que não conheceu a gente", diz Lirinha. Ainda não se sabe se o retorno é definitivo. "Essa turnê durará de um a dois anos", explica o vocalista, destacando que o grupo não estabeleceu, por ora, planos em longo prazo. "Outros capítulos ainda virão”, acredita o músico.


Entrevista - Lirinha // cantor

Qual a avaliação que você faz da saída e separação da banda?
O saldo foi positivo, em termos de amadurecimento artístico? Sim. Eu considero que foi inevitável. Na época, eu assinei uma carta para comunicar a imprensa e até utilizei uma frase que falava de uma "vital necessidade de trilhar novos caminhos". Era uma verdade, eu vinha com a banda desde 1997, em formato de teatro, em Arcoverde. E a partir de 1999, em formato de banda, quando tocamos no RecBeat, até 2010. Foram anos de trabalho ininterrupto, não tivemos nem férias, a gente tocava muito, viajava muito. Hoje entendo como pausa, mas na época foi uma saída. Essa atitude me levou a um recomeço, vamos dizer assim. Eu percebo que a experiência, não só minha, mas dos outros integrantes, adquirida nesse período que passamos separados, foi muito boa e se reflete nesse disco novo que vamos apresentar daqui a pouco. É um dos mais fortes da banda. Eu estou no momento de achar que é o nosso melhor.

Qual foi o grande ganho na sua carreira solo e saída da banda?
O Cordel tem uma formação muito específica, muito original, com percussão e um instrumento harmônico, o violão. Quando anunciei a saída, eu tinha uma necessidade, uma vontade e um desejo artístico de experimentar outros elementos do universo da música, se traduziu em uma ampliação da instrumentação harmônica. Eu realizei esses desejos, essas curiosidades. Uma prova disso é que não repeti, nos meus trabalhos solo, uma formação nem próxima da do Cordel. No disco Lira (2011), que Pupillo (Nação Zumbi) produziu, não utilizamos percussão. Tenho um respeito muito grande pela estrutura e formação do Cordel. Realmente, foi uma decisão dificílima.

Em qual momento o retorno ficou mais evidente para você?
Teve uma música que fizemos para um filme, em 2016, Largou as botas e mergulhou no céu (de Bruno Graziano, Cauê Gruber, Paulo Junior e Raoni Gruber). Eles procuraram o Cordel, são muito fãs, e propuseram uma música inédita. Foi a primeira vez que a banda retomou uma gravação, com todos juntos. Eu não estava no estúdio na gravação, mas montaram os instrumentos e gravei a voz em São Paulo. Foi uma união musical que começou a atiçar um pouco, a dar uma coisa de saudade, de retorno.

A inclusão da discografia da banda nas plataformas digitais também influenciou?
Vínhamos sendo procurados pelas plataformas de streaming, Deezer e Spotify, especificamente, porque a obra da banda não estava disponível. A história da banda e a discografia estavam muito espalhadas, sem organização. Daí a gente começou a se reunir por esse motivo e, dessa reunião, surgiu a ideia de não apenas lançar o material do passado. Falei muito desse assunto, de vir, reaparecer, não só com o som que construímos do passado, a história da saudade, mas também uma mensagem de agora. Tínhamos algumas músicas que ficaram penduradas, pela metade. Reunimos, começamos a atiçar essa ideia, esse fogo.

Como você define a banda?
O Cordel do Fogo Encantado é uma banda muito diferente de tudo, tem uma música e poesia que só é possível com essa formação. Quando escolhemos o nome, trouxemos essa palavra “encantado” de um conceito místico da tribo Xucuru, a “árvore dos encantados”, a árvore mágica para onde viajam os antepassados. É algo que refletia bastante esses elementos místicos do trabalho que fazemos. Quando os cinco integrantes se juntam, acontece essa música que é o Cordel, de difícil conceituação, de uma força muito grande, que não consegue se reproduzir com outras formações. São três ou quatro percussões, um instrumento harmônico e poesia.

Os discos
Além dos lançamentos dos primeiros álbuns nas plataformas digitais, a discografia ganhará versões físicas, em CD e vinil

Cordel do Fogo Encantado (2001)
O álbum foi produzido por Naná Vasconcelos (1944-2016), que foi padrinho da banda. "Naná optou por interferir o mínimo", diz Lirinha.

O palhaço do circo sem futuro (2002)
Reflete as mudanças na carreira da banda, que deixava de ser um sucesso local. "Ele adquire características das turnês", comenta o vocalista.

Transfiguração (2006)
"Ele inicia um contato maior com a canção, tem mais elementos do cancioneiro", explica Lirinha. "É um disco que hoje faz sentido na narrativa. O encarte é feito de lagartas e borboletas", explica, sobre o involuntário simbolismo sobre a entrada no casulo e o hiato da banda.

Viagem ao coração do Sol (2018)
"Traz novas experiências dessa pausa. Cada um dos integrantes foi realizar trabalhos que ampliaram suas experiências", revela.

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