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Crítica: Pequena Grande Vida faz sátira social com trama inusitada

Filme imagina sociedade em que humanos podem ser encolhidos para evitar superpopulação do planeta

Publicado em: 20/02/2018 13:00 | Atualizado em: 20/02/2018 10:20

Casados, Paul (Matt Damon) e Audrey (Kristen Wiig) decidem passar pelo procedimento juntos. Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Filmes como Querida, encolhi as crianças (1983) e Homem Formiga (2015) já exploraram sob o viés da comédia e aventura a possibilidade fantástica de um humano ser reduzido a poucos centímetros de altura. É quase de se estranhar, então, que Pequena grande vida, em exibição nos cinemas a partir de quinta-feira, enverede também pelo drama ao contar a saga de um homem comum submetido ao processo de encolhimento.

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O longa-metragem tem início com um cientista obtendo sucesso em experimento para encolher criaturas vivas a um tamanho minúsculo. A premissa da pesquisa seria criar novas comunidades em que seres humanos diminutos pudessem viver consumindo menos recursos naturais e evitando o problema da superpopulação. Além da mudança física, o processo de transição tem implicações econômicas. Os recursos financeiros de quem se submete ao encolhimento são convertidos para novos valores, bastantes atraentes: uma pequena poupança pode se transformar em uma reserva milionária na nova vida.

O protagonista é Paul Safranek (Matt Damon), um trabalhador de classe média entusiasmado com a possibilidade de largar a profissão pouco rentável e o dia a dia monótono para ingressar em uma comunidade para os pequenos, onde poderia viver com bastante luxo ao lado da esposa, Audrey (Kristen Wiig). As coisas, no entanto, não saem como o esperado.

Mesmo trazendo humor em muitas passagens, Pequena grande vida não é predominantemente comédia. A primeira metade do filme é uma sátira social com momentos bastante divertidos e, por mais absurda que seja a premissa, a construção desse mundo é convincente. A comunidade onde os pequenos são instalados e todo o processo de encolhimento dos humanos são criativos e evolventes.

A princípio estranha e curiosa, a história imaginada pelo diretor e roteirista Alexander Payne (Nebraska) perde força no decorrer da projeção. Após estabelecer tão bem esse universo, o filme parece deixar para trás a questão do encolhimento e dar destaque a novos dramas pessoais do protagonista não diretamente relacionados à nova vida. As situações com a qual Paul Safranek precisa lidar a partir de certo ponto da trama são genéricas e poderiam ser vistas qualquer outro roteiro.

Ainda que mais convencionais, o meio e desfecho não chegam a ofuscar totalmente a originalidade de Pequena grande vida. Assim como o personagem central se mostra, em alguns momentos, inseguro sobre a decisão de passar pelo encolhimento, Alexander Payne parece em dúvida também sobre qual filme deseja mostrar.

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