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Crítica: Lady Bird é filme cativante sobre passagem da adolescência para a vida adulta

Indicado em cinco categorias do Oscar, incluindo Melhor Filme, produção é escrita e dirigida por Greta Gerwig

Publicado em: 15/02/2018 20:20 | Atualizado em: 15/02/2018 19:47

Concorrendo ao Oscar de Melhor Atriz, Saoirse Ronan convence no papel de adolescente complicada. Foto: Universal Pictures/Divulgação

Não há grandes acontecimentos ao longo dos 94 minutos de projeção de Lady Bird: É hora de voar, em cartaz a partir de hoje nos cinemas. Tudo que ocorre na trama é perfeitamente comum, assim como os personagens. Ironicamente, é esse aspecto prosaico que torna o longa singular e tocante. A produção concorre em cinco categorias do Oscar: Filme, Atriz (Saoirse Ronan), Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf), Direção (Greta Gerwig) e Roteiro Original (Greta Gerwig). O título levou, ainda, o Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Atriz da categoria.

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A Lady Bird do título é alcunha que Christine McPherson (Ronan) toma para si e exige ser chamada por todos ao redor, incluindo amigos e familiares. Do nome bobo adotado ao comportamento impaciente e rebelde, a protagonista é, inevitavelmente, irritante. No último ano do ensino médio e estudando em colégio católico, a adolescente tem como meta sair da pequena cidade natal, Sacramento, na Califórnia, e cursar faculdade em Nova York, um lugar cosmopolita e distante de tudo que lhe aborrece.

No entanto, existem entraves para o ingresso no ensino superior: ela é uma aluna fraca e a família não está em condições de pagar instituição particular. É um pequeno drama, mas de grande peso para Lady Bird, como costumam ser os dissabores na adolescência. A esse tópico se somam questões típicas do período, incluindo desentendimentos na família, o primeiro namoro, decepções amorosas, a iniciação sexual, abalos nas amizades etc. São elementos de fácil identificação e, por isso mesmo, é difícil não simpatizar com a protagonista, mesmo nos momentos em que ela se mostra mais insuportável e desajustada. Porque provavelmente vivemos situações parecidas e reagimos de forma similar na adolescência.

O trunfo do filme está na maneira simples e honesta como a história é contada. Escrito e dirigido por Greta Gerwig, a estrela e roteirista do simpático Frances Ha (2012), Lady Bird tem toques autobiográficos, já que a cineasta nasceu em Sacramento e frequentou escola católica. Despretensioso e despojado, Lady Bird passa longe de ser descuidado: sua realizadora criou com esmero um microuniverso crível, com personagens coadjuvantes ricos e diálogos cheios de vida. A direção é segura, sem excessos, e a edição ágil, o que condiz com a natureza fluida dos acontecimentos da vida da protagonista.

Sem explorar temas de maior importância ou esbanjar virtuosismos técnicos, o título pode até parecer uma figura deslocada entre os indicados a Melhor Filme do Oscar. Mas, a despeito do real valor das indicações a prêmios, o reconhecimento alcançado até agora por Lady Bird só reforça o fato de que grandes histórias nem sempre precisam de superlativos. O simples basta.

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