Cinema

Tocante e sensual, Me Chame Pelo Seu Nome explora relação amorosa entre homens

Filme, com coprodução brasileira, teve boa recepção em festivais e conquistou prêmios

Publicado em: 18/01/2018 14:55 | Atualizado em: 18/01/2018 14:53

Elio (Timothée Chalamet), 17, se apaixona por Oliver (Armie Hammer), 28. Foto: RT Features/Divulgação

Encarado como aposta para o Oscar 2018, Me chame pelo seu nome coleciona críticas positivas e sessões lotadas nos festivais por onde passou, incluindo Berlim, Sundance, San Sebastián e Rio de Janeiro. Se a temática homoafetiva pode ser uma barreira para a conquista de uma estatueta da Academia, o título é uma aposta forte para Independent Spirit Awards. Premiado como Melhor Filme do ano na Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, também ganhou o prêmio principal no Gotham Independent Film Awards 2017 e chega às telas do país nesta quinta-feira. 

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O longa-metragem é uma coprodução brasileira, com participação da RT Features, do carioca Rodrigo Teixeira, que tem conquistado cada vez mais espaço no mercado internacional. A companhia foi responsável por um terço do orçamento de € 3 milhões do filme e assina também a produção de títulos internacionais, como A bruxa (2015) e Patti Cake$ (2017), e nacionais, a exemplo de O cheio do ralo (2006) e O animal cordial (2017).

Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino (Um sonho de amor), o título é baseado no romance homônimo (Intrínseca, 288 páginas, R$ 39,90) de André Aciman, recém-lançado no Brasil. Ambientado na Itália dos anos 1980, a história tem como protagonista Elio (Timothée Chalamet), jovem de 17 anos que se apaixona por Oliver (Armie Hammer), 28, ex-aluno de seu pai (Michael Stuhlbarg), um pesquisador norte-americano de história residente no interior da Itália.

Convidado a passar o verão na casa da família de seu antigo professor, Oliver tem, a princípio, uma interação quase de estranhamento com Elio. Já habituado com os hóspedes do pai, ele parece ora deslocado, ora desconfortável com a nova presença, ao mesmo tempo em que parece tomado por certo fascínio pela figura. Os sentimentos confusos surgem em um momento de particular efervescência sexual para o garoto, que se relaciona também com Marzia (Esther Garrel), amiga da vizinhança.

A aproximação entre Elio e Oliver tem uma progressão lenta e natural. E a despeito da tensão sexual e das passagens mais eróticas entre a dupla, a sexualidade não parece a questão central do longa. O filme se aproxima mais de um romance de formação, com o protagonista em processo de descobertas e exploração do desejo. Ainda que por vezes penda para o dramalhão, o desenvolvimento afetivo entre os dois é, no todo, muito equilibrado e crível.

Outro elemento que traz vigor para o filme é a competente fotografia de Sayombhu Mukdeeprom, que atualmente trabalha com Guadagnino na nova versão de Suspiria (1977), clássico de Dario Argento. Com belos momentos e um clima predominantemente leve, Me chame pelo seu nome se destaca por evitar clichês ou julgamentos sobre seus personagens, o que é um tremendo mérito. E o diálogo final entre Elio e o pai é uma das coisas mais sensíveis vistas ultimamente no cinema. Em tempo: o diretor Luca Guadagnino já afirmou que pretende, no futuro, fazer uma sequência de Me chame pelo seu nome com os personagens mais velhos.

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