Artes cênicas

Peça sobre Dom Helder Câmara estreia no Janeiro de Grandes Espetáculos

Dom Helder Câmara é a personalidade enfocada no espetáculo 'Pro(FÉ)ta - o bispo do povo', do Coletivo Grão Comum e Gota Serena Produções

Publicado em: 17/01/2018 10:12 | Atualizado em: 17/01/2018 10:14

Júnior Aguiar (à esq.), Daniel Barros (centro) e Márcio Fecher em Pro(FÉ)ta. Crédito: Rogério Alves/Sobrado423/Divulgação

A vida de Dom Helder Câmara (1909-1999) é fonte perene de fascínio para diretores de teatro, cineastas e escritores brasileiros. Este também é o caso da peça Pro(FÉ)ta - o bispo do povo, do Coletivo Grão Comum e Gota Serena Produções, que estreia nesta quarta-feira, às 19h, na programação do Janeiro de Grandes Espetáculos. Esta também é a última peça da Trilogia Vermelha, que teve seus primeiros passos ainda em 2011. Os outros espetáculos da série foram h(EU)stória - o tempo em transe, sobre Glauber Rocha (1939-1981), e pa(IDEIA) - pedagogia da libertação, a respeito de Paulo Freire (1921-1997). Em comum, os três são nordestinos que revolucionaram seu tempo histórico e tiveram o auge de sua notoriedade durante a ditadura militar.

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A produção põe foco em um dos recortes mais dramáticos da história de vida do ex-Arcebispo de Olinda e Recife: a tortura e morte, em 1969, do Padre Henrique, auxiliar direto de Dom Helder. O início do espetáculo vai ocorrer em um local emblemático para lembrar esse martírio: o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, mesmo endereço do Teatro Arraial Ariano Suassuna, onde o resto das cenas vão se desenrolar. Os atores e o público sairão em cortejo pela via, em referência ao enterro do Padre Henrique. “Na trilogia, falamos sobre os legados de um artista, um professor e um sacerdote. Isso é o que forma o ser humano”, detalha Júnior Aguiar, dramaturgo, encenador e um dos atores da produção, dividindo o palco com Márcio Fecher e Daniel Barros. “Acima de tudo, queremos fazer um trabalho de interpretação, estudar o que é atuar e dar vida a um personagem”, completa.

Segundo Júnior, o processo de trabalho com o legado de Dom Helder passou não apenas pelos fatos da vida do religioso, mas pelas próprias bases do cristianismo. Embora, como personagem, o arcebispo não esteja tanto em cena, seus escritos aparecem na dramaturgia. “Nos anos 60 e 70, ele era conhecidíssimo no mundo inteiro, então não podia ser preso nem exilado, além de ter trânsito em todos os lugares. Para atingi-lo, a ditadura mirou as pessoas próximas a ele. Fazemos um paralelo entre o martírio do Padre Henrique e o de Jesus, pois ambos foram mortos pelo mesmo tipo de pessoa, apenas a época foi diferente. Esses acontecimentos ainda se refletem hoje. Quantos ainda são martirizados pela violência e pelo desamor? Tínhamos medo de tornar o espetáculo excessivamente religioso ou chato, mas lembramos que Dom Helder falava de Deus de uma forma atraente”.

SERVIÇO
Pro(FÉ)ta - o bispo do povo, do Coletivo Grão Comum e Gota Serena Produções
Quando: Hoje e amanhã, às 19h
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna - Rua da Aurora, 457, Boa Vista
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)
Informações: 3184-3057

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