Música

Elza Soares e Letrux foram os destaques do Guaiamum Treloso Rural 2018

Realizada em Aldeia, em Camaragibe, a edição do festival contou com apresentações de 32 artistas

Publicado em: 21/01/2018 14:31 | Atualizado em: 22/01/2018 11:10

Elza Soares apresentou o icônico show A Mulher do Fim do Mundo, enquanto Letrux performou Noite de Climão, seu disco de estreia. Foto: Tom Cabral/Divulgação e Emanuel Viana/Reprodução

Botas de couro, camisetas de bandas e saias longas se misturavam entre as estampas coloridas e glitters corporais. Os trajes do público no Guaiamum Treloso Rural denunciavam a atmosfera do evento, um híbrido entre prévia carnavalesca e festival de música alternativa - no estilo de eventos como Lollapalooza (SP), Coachella (EUA), Primavera Sound (ES) e No Ar Coquetel Molotov (PE). Realizado na Granja Bem-Te-Vi, situada no quilômetro 13 da Estrada de Aldeia, em Camaragibe, a edição de 2018 do evento contou com apresentações de 32 artistas, divididos em quatro palcos.

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No palco Bem-Te-Vi subiram nomes como Lucas & A Orquestra dos Prazeres, Marsa, Cidadão Instigado, Elza Soares, Baco Exú do Blues e Francisco, El Hombre. Outro palco com atrações de destaque foi o Skol Caipora, com Pupila Nervosa, Jorge Cabeleira, Metá Metá, Di Melo, Nação Zumbi e Letrux. O Selvagem, com estrutura menor e dedicado a músicos alternativos, trouxe 12 artistas, entre eles Kaya na Real, Igor de Carvalho e Juvenil Silva. Apesar do line up satisfatório, houve atraso entre as atrações, principalmente no palco Bem-Te-Vi.

O evento também foi marcado pela Silent Disco, uma pista de dança com música disponível em fones de ouvido - foram disponibilizados 150 fones. Renato L, Pós e Camarones foram alguns dos DJs que se apresentam no local. Além da programação musical, o festival contou com a Tenda Encanteria, comandada pela terapeuta holística Dayse Leitão, feira de artesanato indígena e pinturas corporais realizadas pelos índios Xukuru, praças de alimentação e feirinha colaborativa - esta última contou com a presença de um astrólogo que analisava mapas astrais.

A mulher do fim do mundo
Elza Soares em A Mulher do Fim do Mundo. Foto: Tom Cabral/Divulgação

Sucedendo a banda cearense de rock psicodélico Cidadão Instigado, Elza Soares foi a grande atração do palco Bem-Te-Vi. Como nos outros shows da turnê A mulher do fim do mundo, a carioca se apresentou sentada em uma espécie de trono metálico, fazendo jus ao seu status de majestade da música brasileira. As canções, no entanto, se pareciam menos com os tradicionais sambas de sua longínqua carreira. A apresentação dirigida por Guilherme Kastrup contou com instrumentos metálicos e mesa de DJ, dando uma roupagem eletrônica ao show da intérprete de 80 anos.

Nos intervalos entre as canções, frases de impacto da artista arrancaram aplausos do público. Elza também chegou a fazer covers de Cazuza e Nara Leão. As músicas do álbum mais recente - Maria da vila Matilde, Pra fuder e Coração do mar - e as versões "modernas" de clássicos como Carne negra, Malandro e Dança entraram em uma ótima conformidade com o clima jovem e psicodélico do festival, provando que o disco A mulher do fim do mundo reinventou o estilo da sambista. Para comprovar que estava antenada no gosto do público, o DJ da cantora encerrou o espetáculo com Naughty girl, de Beyoncé, arrancando risos de surpresa das pessoas.

Não decolou
Roda punk durante show de Baco Exu do Blues. Foto: Tom Cabral/Divulgação

Após Soares, foi a vez de Baco Exú do Blues, intérprete de Esú, um dos álbuns de rap mais comentados de 2017. Um público considerável aguardava o rapper, que estava pela primeira vez com o show do disco em Pernambuco. Sua apresentação, no entanto, acabou saindo bem diferente do esperado.

No início, parecia que o microfone do cantor não funcionava. Após uma pausa repentina, o artista voltou acompanhado de um amigo - também rapper - que explicou toda a situação; Baco estava sem voz, com algum problema na garganta (não especificado). Aos prantos, ele permaneceu no palco enquanto dois parceiros versaram músicas como Te amo disgraça e Abre caminho. Em um ato para compensar a falha, ele desceu do palco e comandou uma espécie de "roda punk" entre o público. No final do show, ele tentou (sem sucesso) apresentar a faixa Esú.

Noite de climão
Letrux em Noite de Climão. Foto: Emanuel Viana/Reprodução

Encerrando a programação do palco Skol Caipora - logo após os pernambucanos da Nação Zumbi - a cantora Letícia Novaes, cujo nome artístico é Letrux, apresentou o repertório de seu primeiro disco em carreira solo, o Letrux em noite de climão (2017). Antes desse projeto ela formava o duo de MPB Letuce com o multi-instrumentista e compositor Lucas Vasconcellos.

Pela primeira vez na região Nordeste, ela encantou o público com seu carisma e um humor “blasé”, proporcionado por um sotaque carioca aguçado. Sua presença de palco e comportamento espontâneo simulavam uma espécie de Karina Buhr fluminense. A composição cênica do palco - incluindo iluminação, figurinos e detalhes decorativos - ganhou a mesma cor predominante na arte gráfica do álbum: vermelho.

Letrux apresentou todas as 11 canções do projeto, como Ninguém perguntou por você, Coisa banho de mar e Puro disfarce. Ainda houve espaço para um cover para homenagear Dolores O'Riordan, vocalista do The Cranberries que faleceu aos 46 anos no dia 15 de janeiro. "Foi com as músicas dessa banda que aprendi a cantar e a tocar instrumentos", revelou Letícia, após cantar um dos sucessos do grupo irlandês.

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