Dramaturgia
Dramaturgia de Joaquim Cardozo ganha edição completa em livro
Obra para teatro do engenheiro e poeta é lançada em evento às 18h desta quarta no Teatro Arraial Ariano Suassuna
Por: Isabelle Barros
Publicado em: 24/01/2018 12:48 | Atualizado em: 24/01/2018 12:22
O engenheiro pernambucano Joaquim Cardozo (1897-1978) tem lugar de honra em sua profissão: foi designado por Oscar Niemeyer como responsável pelos cálculos de vários monumentos de Brasília e do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. Só essa contribução para o patrimônio histórico brasileiro já o credenciaria a ser reverenciado, mas ele foi bem mais. Poeta, contista, desenhista e editor, sua obra desperta emoções fortes até hoje em quem a conhece com propriedade. Outra de suas facetas era a de dramaturgo, e suas obras completas são reunidas em livro pela primeira vez em Teatro de Joaquim Cardozo - obra completa, cujo lançamento acontece a partir das 18h no Teatro Arraial Ariano Suassuna, como parte do Janeiro de Grandes Espetáculos.
Quer receber notícias sobre cultura via WhatsApp? Mande uma mensagem com seu nome para (81) 99113-8273 e se cadastre
A publicação, editada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), apresenta seis peças: O coronel de macambira (1963), De uma noite de festa (1971), Os anjos e os demônios de Deus (1973), O capataz de Salema, Antônio Conselheiro e Marechal, boi de carro, todos de 1975. A obra tem dois textos que analisam o legado de Cardozo no teatro, escritos pelo escritor e professor de Literatura Brasileira da Unirio, Manoel Ricardo de Lima e pelo professor do departamento de Teatro da UFPE, João Denys. Este último, por sinal, escreveu sua dissertação de mestrado a partir desse material deixado pelo engenheiro-escritor, considerado por Niemeyer “o brasileiro mais culto que existira”.
João Denys afirma, emocionado, que o fato de ele ter morrido solteiro e sem filhos dificultou a difusão de sua obra, admirada por nomes como Carlos Drummond de Andrade. “Ele não tinha ego, só queria produzir onde fosse. Sua obra teatral é uma continuação de sua poesia. A poética dele transcende porque é ligada à matemática mais moderna e coloca o regional em uma dimensão universal. Joaquim escrevia em poesia, em versos livres, e a expressão folclórica é, em sua produção, uma partícula cósmica, não o universo. Os anjos e os demônios de Deus, por exemplo, é uma peça muito ousada porque coloca os dois em pé de igualdade, sem ser maniqueísta. As pessoas que estudaram seu legado ficam apaixonadas, até fanáticas. Recife foi muito cruel com ele. Se não fossem por alguns poetas e amigos, ele teria sido totalmente esquecido”.
Acompanhe o Viver no Facebook:
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS